29 dezembro 2011

Casa sem tapetes

Estive eu hoje andando pela casa que ambos construímos com tanto esforço. Paredes ainda brancas sem muito acabamento, tão frescas que imploram por decoração. Piso barato porém de bom gosto - o que deu para comprar com o nosso dinheiro. Você nessa vidinha de fotografar pessoas e eu ganhando com o que escrevo. Será que seremos um ao outro o suficiente?
Não deveria pensar sobre isso. Recém compramos uma cama de casal que, se comparada àquela velharia que você guardava no seu antigo quarto, meu bem ela é demais. Até quando eu deito depressa parece que levito alguns centímetros. E um colchão de boa qualidade como este não poderia ficar despido. Cobri o nosso leito com lençóis e almofadas que minha mãe não quis mais. Um conjunto horroroso, porém agora nosso. Vamos aprender a achá-lo o mais bonito de todos?
Na cozinha já existe um pouco de tudo, pois para ti este ambiente agrada muito. Economizei metade de um mês para que pudesse comprar tudo que você gosta, e isso é quase o supermercado inteiro. Preenchi aqueles armários de madeira pura com o que te faria feliz. No teto ainda falta luz, mas acho que você por si só iluminaria por um bom tempo esse nosso canto. Então, por favor, você pode continuar sorrindo?
Mas o que eu tenho é medo. Receio de, daqui para frente, continuar finalizando cada parágrafo com interrogações. Penso que agora que conseguimos o que tanto queríamos - um lar para dois, longe de quaisquer olhares julgadores -, nada nos seja bom o bastante. Você tem a mim e eu tenho a ti, mas agora me assusta a ideia de que era mais legal quando eu passava dias correndo atrás de você e do teu amor tão difícil de capturar. Havia graça naquilo tudo, e o difícil para mim soava como uma palavra atraente. Essa nossa casa sem tapetes me mostra que talvez ainda haja tempo para esgotarmos estes sonhos juvenis que não permanecerão agora que pretendemos tornarmo-nos adultos.
Há bastante de mim nisso tudo. Quer dizer, fui eu quem agilizou para erguer estas paredes que nos abrigariam. Pressa minha em não lhe perder. Há pouco de ti porque nunca foi de teu feitio corresponder às coisas naturais da vida. Caminhando por dentre latas de tinta e escadas que ameaçam cair sobre mim, eu consigo ver. A nossa casa tem muito e tem pouco. Tem eu, quase não tem você. Tratei de rapidamente ordenar para que instalassem a porta de entrada a fim de que logo você chegasse. Então, para não fugir da regra, aqui vai mais uma pergunta: você quer, desde já, por ela sair?
Eu não comprei os nossos tapetes ainda.
Estou evitando uma compra desnecessária.

26 dezembro 2011

Eu ainda penso ser você

Quando meu celular treme, eu ainda penso ser você. Mas que clichê desperdiçar tempo a me perguntar se sentes minha falta! Agora já é tarde, nós dois sabemos, e saudade talvez não seja uma palavra que você ligue a mim ultimamente. Durante o nosso tempo eu quis saber se havia um lugar para mim aí contigo. Nesse teu peito duro e imbecil que custou a me aceitar. Porém hoje eu sinto não ter mais direito de querer saber como vai você, pois fui eu quem lhe disse adeus. Gritei aquele 'vai embora' com toda a força que ainda havia restado, e você deve saber que era pouca, tão pouca. No fim do que vivemos, pouco de mim ainda existia. E foi justamente por isso que te quis longe. Tudo em busca de uma tentativa frustrada de livrar a dor que já visitava todos os dias a minha casa escancarada chamada coração. E hoje, com e sem você, sinto dizer que me dói mais ainda.
Eu quero saber a todo momento onde você está, o que faz a cada minuto e se aquele ser engraçado passou mais uma vez na frente da porta do seu trabalho. Queria ligar no meio da noite, perguntar que filme você está assistindo e mais uma vez tentar descobrir quando tu conseguirá realizar um pequeno esforço para vir me ver. São todos os dias em que meu primeiro pensamento é teu nome, e também quem o vem chamando agora. Sei que você não encontrou alguém para me substituir, pois meu amor jamais faria isso. Mas tenho medo de pensar que dessa vez te perdi para sempre, e que aquele nosso encontro não irá se repetir. Penso a todo tempo, cogito, minto, choro. Escrevo essas mensagens que logo em seguida apago para não enviar. Então me diz: isso é esquecer você?
Talvez se eu soubesse esperar, eu ainda teria você comigo. Nada seria tão difícil, e tantas brigas teríamos evitado. Eu deveria ter apenas ficado quieto, mas é inútil querer isso de quem tem muito a falar. E quer saber? Mesmo após o aquele adeus, eu soube que você nunca iria embora de mim. És para sempre marca em meu peito, e disso estou certo. Há tanto que eu deveria ter feito mas não fiz. É tarde para pensar, querer voltar atrás. Não dá, impossível. Mas deveria ter esperado pelo tempo em que você me amaria de volta. Na hora certa. Porém eu quis amor, e quis logo. Agora que você se foi eu apenas tento sobreviver de memórias, mas elas mais me matam do que me mantém vivo.
Passado algum tempo, sei que não quero beijar outros lábios se o teu gosto não estiver lá presente. Esse gesto já não fará sentido, e de olhos fechados não poderei fingir ser você quem estarei beijando. Aquele sabor eu quero de volta, preciso sentir novamente o misto de álcool e remédio sabor abacaxi que existia na tua boca quando ela era minha. A minha língua quer uma dança novamente, e todo o resto quer outra vez encaixar em ti. Faz tempo que tento afastar a ideia de que aquele foi o nosso último beijo, ambos escondidos no quintal de tua casa. O mundo nunca precisou saber do nosso amor. Desculpe-me então por expo-lo aqui. Faço porque preciso deixar claro que eu te quero de volta, sempre vou querer. Por favor, chegou a vez de você vir até aqui e me render como fez naquela noite. Faz-me prisioneiro de tua querência singular, de tua paixão tão efêmera quanto tua carência. Vem aqui selar meus lábios, deitar-me na cama e evitar que eu comece a fazer-te perguntas. Preenche meu ser com tudo que tu guarda aí dentro, pois assim não questionarei se lhe verei novamente quando você ainda estiver comigo. Erro meu querer-te a todo tempo, erro teu ser tão tudo que eu preciso.
E quando meu celular treme, eu ainda penso ser você...

25 dezembro 2011

Oi, eu ainda estou aqui

Meu bem não vá pensar que o privilégio é todo teu. Eu já passei por isso, já sofri com a mesma intensidade. E, quer saber? Encarei muito bem - ou, pelo menos, o suficiente para ter sobrevivido. Então dessa vez por favor não abra esse sorriso tão traiçoeiro que eu ainda sonho de vez em quando, pensando que você ganhou a nossa brincadeira de relação mal compreendida e quiçá inexistente. Estou escrevendo agora unicamente para que saibas que continuo bem, talvez um pouco melhor do que quando eu ainda lhe tinha. Porque agora pelo menos eu não preciso lidar com as erosões diárias que teu desamor causava em mim. É tempo de passar uma faixa apertada em tudo que foi destruído mesmo que não intencionalmente por ti e aguardar uma cura temporal. Está tudo bem, eu lhe prometo. Meus pais ainda perguntam de ti, querendo saber quando virás conhecê-los. Receio antes de falar, procurando uma resposta que não seja 'nunca'. Os nossos amigos ainda são os mesmos, e seguidamente eles querem saber o que aconteceu entre nós dois. Para eles, procuro responder a partir do ponto existente entre o 'nada' e o 'tudo', sendo que esta é uma tarefa difícil, pois eu jamais soube definir quando se tratava de nós dois. O pedaço materializado de ti, a única coisa que me restou, ainda está guardado em uma caixa que custo muito a abrir. Aquele pedaço de pouca coisa não tem o teu cheiro, então olhar por olhar apenas me trará de volta as lembranças de quarenta dias atrás, e sinto que não estou preparado para isso. Ainda não. Eu continuo a escutar as nossas músicas, e sabe que eu nem mesmo choro? Rio do jeito com que elas me atingiam há tempos atrás, sendo que agora são apenas letras que procuro nem traduzir. Você se tornou um pedaço de mim com tudo aquilo que passamos. Para muitos ainda seria pouco, mas sei que um terço de mim é composto por você. Estou tentando acomodar isso, estou tentando acomodar você aqui dentro. Não quero mais ouvir tua voz me chamando, o telefone tocando e as mensagens que chegam exatamente quando estou procurando um outro olhar misterioso para afundar a minha carência. Como lhe disse em nossa despedida, será melhor assim. Não para mim, não para você. Para todos. Cheguei a mentir para alguém que você foi o maior erro que aconteceu em meu ano, mas fiz isso por pura infantilidade. Você foi o combustível por muito tempo, e eu viciei-me porque era o que me movia. No fim eu precisei de uma nova substância que você somente não conseguiu oferecer, e aí então entramos em combustão. Eu e você explodimos em uma véspera de Natal, tendo sido lançados um para cada lado. E eu que sempre tentei lutar com essa ideia de distância que esteve presente desde o começo. Agora estamos mais afastados ainda, porém martelo na ideia de pensar em ti. O fato de ser o primeiro Natal com e sem você já foi o suficiente para que eu assimilasse que aquele velho gordo não traz tudo que pedimos. Neste ano, ele não me trouxe você. Não para perto, não do jeito certo, não como eu quis. Mas agora já é tarde, infelizmente. Estou gritando para mim mesmo de que não existimos mais, porém vai dizer isso para o meu coração. É difícil deixar alguém ir embora, ainda mais quando se trata de você. A melhor pessoa do mundo com apenas um defeito: não saber amar. E eu, meu bem, que sobrevivo de amor... Como faço eu, se não tenho o que preciso?
A resposta é tão simples, porém em contrapartida difícil: tenho que tentar sobreviver sem você.

III

Era uma vez três adoráveis pinos, partes de um novo jogo de tabuleiro. Em muito eles se diferenciavam, vou falar-lhes do primeiro. Dose mortal de loucura detinha, olhos grandes e boca deveras carnuda. Seguia gritando que jamais amaria, porém quando o fez acabou muda. A segunda veio um pouco depois, mas todos sabiam que ela sempre esteve ali. Baixa estatura, explodiu seu segredo de ímpeto. Cabelos negros como a noite em que a conheci. O terceiro jogador foi um pouco mais além. Avançou bastante casas, porém retrocedeu algumas. Nunca guardou as suas jogadas, espalhou-as pelo tabuleiro. Mal sabia ele que o jogo sempre muda. E o dono disso tudo, como posso eu falar? Jogador maior, tinha poder para qualquer coisa alterar. Mas ele pareceu-me confuso, nunca soube o que queria. No fundo desejava que suas amantes continuassem sendo apenas duas amigas. E o terceiro jogador... Bem, quanto a ele não soube o que fazer. Ajudá-lo a cruzar a linha de chegada não poderia, pois tinha medo de crer. Que alguém enfim havia conquistado a sua batalha sem muito pensar. Estava ele, o terceiro jogador, perto de um jogo inteiro conquistar. Então o que poderia este mestre dono de tudo decidir? Por medo acabou com tudo, fechou o tabuleiro, descartou os pinos, deixando-os partir.

23 dezembro 2011

Definindo: amor

E aí eu encontrei o amor. Não disse oi, não analisei profundamente. Procurei não olhar direto, como se fosse um assaltante sem máscara qe me ordenasse para fechar os olhos na tentativa de não ser reconhecido. Eu apenas senti aquilo. Tudo aquilo. O suficiente para eu me atrever a descrever. Então vamos lá: Amar é, primeiramente, o tudo. É preocupar-se em não encontra-lá quando chegar ao destino final; é se questionar se você deu aquele abraço com a intensidade que deveria e se o mesmo se encaixou; é rir mentalmente quando a segunda coisa que ela faz após sorrir é correr para comprar um pão de queijo; é fingir que escuta o passo a passo das explicações de como voltar para casa sozinho no dia seguinte, pois tu estás com a cabeça e todo o resto ocupados demais para absorver tudo; é sentir-se apreensivo por não saber como usar um cartão de trem e ter vergonha de dizer isso, porém não precisar pois ela esteve lá para te ajudar sem tu nem mesmo pedir; é sentir-se um idiota na maioria do tempo por querer encontrar algo para dizer para ela e aos seus amigos, porém não encontrar nada e somente continuar mudo - você, quase o rei das palavras, não conseguir encontrá-las?; é observá-la com o canto do olhar amassando uma latinha de Guaraná e lembrar-se de que foi essa a marca de refrigerante mencionada quando vocês se conheceram; é caminhar pelas ruas de uma cidade fantasma e sentir-se agradecido por tê-la por perto; é odiar todas as vezes em que ela se distancia e você não pode apenas esticar os braços para trazê-la de volta e fazê-la caminhar ao teu lado; é ouvi-la contar um pouco sobre cada flor e lembrar de quando você passava tardes imaginando ela trabalhar em uma floricultura; é encontrar a família da tua amiga e passar quinze minutos fazendo carinho nos dois cachorros iguais dela sendo que você tem medo deste tipo de animal, mas ela está ali, então medo é algo que você passou a excluir do seu dicionário; é vê-la chupar um pirulito que estoura na boca e imediatamente imaginar que tem faíscas dentro dela; é caminhar pelas ruas e ainda não prestar atenção em muitas coisas, pois ela ainda está ali e você só quer prestr atenção nela; é sentir-se um babaca por só prestar atenção nela e ela reparar; é enxergar um céu nunca antes visto e achar aquilo mais lindo do que o normal; é ouvir ela falar que mora em uma vila militar e você nem fazer ideia do que é isso; é chegar em uma vila militar e entender; é chegar na casa dela e ver os retratos de família e passar a imaginar se você combinaria com eles caso fosse o par dela e entrasse para a família; é entrar no quarto dela, o qual você já havia desenhado mentalmente antes; é se dar conta de que você desenha mentalmente muito mal; é passar a reparar em todas as coisas que ela tem para saber que presente dar um dia; é ler a palavra 'amor' estampada ao lado da cama dela e querer escrever sobre isso na mesma hora, abusando de analogias; é passar horas com ela ao seu lado mas insistir em mandar mensagens pelo celular; é assistir com ela o programa de calouros favorito pelo computador, o qual ela perdeu para te encontrar; é provar a comida cheia de pimenta que ela fez e realmente gostar; é divir com ela a comida por você não aguentar tanto; é ficar com vergonha de jogar Twister com todos os seus amigos porque você escolheu o menor shorts do seu armário para usar; é sentir-se um idiota - outra vez; é querer conversar com ela a sós mas não ter coragem; é olhar para o lado de vez em quando e reparar que ela está te olhando; é ficar tímido ainda mais por conta disso; é saber, com absoluta certeza, que ela tem o sorriso mais bobo, doce, brilhante e lindo de todos; é querer roubar esse sorriso; é virar a cabeça quando ela troca de roupa bem na tua frente; é forçá-la a tomar um remédio que ela não gostou, mas que precisava; é ela deixar a casa e tocar a campainha; é você atender e não ver ninguém; é querer sair porta afora para encontrá-la e não ter coragem; é voltar para dentro e você mesmo assustá-la; é querer puxá-la para um beijo; é sair pela rua de madrugada com muito frio e não poder pedir um abraço; é fazer uma luta de dedos na madrugada; é deitar debaixo da lua e perceber que ela está com mais frio que você; é hesitar, porém tentar; é cobrir os pés dela com a sua blusa para esquentá-los; é lentamente encostar a sua mão na perna dela e acariciá-la; é parar com medo de estar fazendo algo errado; é sentir ela te cutucar pedindo por mais; é voltar a fazer; é caminhar pela rua e ser empurrado de brincadeira; é empurrá-la de volta; é querer que todos desapareçam para que só haja vocês dois; é ver ela arrumar a sua cama; é descobrir que a cama é dura demais e que você quer dormir com ela; é finalmente ver todos irem embora; é ver as luzes se apagarem; é perceber que o rosto dela está perto do seu; é beijá-la pela primeira vez; é beijá-la pela segunda vez e todas as outras; é falar sobre a lei do país; é ser convidado para a cama dela; é quebrar a cama dela e os dois caírem no chão; é pedir explicações sobre tudo; é fazer perguntas na hora errada; é sentir-se feliz por estar ali; é pensar estar sonhando; é fechar os olhos e sentir a respiração dela em você; é sentir o coração dela bater; é ir um pouco mais além; é odiá-la por uma frase; é querer fugir por um minuto; é ser dramático como sempre mas dessa vez ter um motivo; é correr para o banheiro e não chorar porque você nem quando quer consegue; é ouvir ela batendo na porta; é abrir e ser tomado por ela; é ser prensado contra os quadros da parede e não se importar porque a boca dela está na tua; é voltar para o quarto e a sentir; é ordenar; é acatar; é permitir; é querer mais quando ainda nem acabou; é querer dormir mas saber que será uma contradição pois o sonho está bem do teu lado; é se beijar ouvindo a música de vocês; é dormir no abraço dela; é acordar e ouvir ela falar dormindo; é ir para a cama de baixo pois tudo acabou; é sentir frio pois você está longe dela, e nesse caso 'longe' quer dizer uns 114 centímetros; é querer que ela acorde; é receber um beijo de bom dia e perceber que tudo pode não ter sido apenas impulso e que ela ainda sente algo na manhã seguinte; é comer massa como primeira refeição do dia; é dividir a comida com ela outra vez; é perceber que um táxi chega mais rápido do que tu imagina; é se despedir e querer dizer 'eu te amo', porém lembrar-se de que tu prometeu que não iria ser chato querendo o 'depois', o 'futuro'; é lembrar que você mentiu pois certamente quer tudo isso; é saber que você queria sim namorá-la; é olhar para trás antes de partir; é chorar mais do que tu chorou na tua vida inteira apenas durante o caminho de volta; é chorar mais um pouco; é comer o miojo que tu não gosta somente porque ela gosta; é comprar o presente de aniversário dela; é olhar para um pedaço de pano amarelo e querer tudo de volta; é ter ela como plano de fundo do celular; é não ter dinheiro para mandar mensagem; é querer fazê-la acreditar que poderia existir vocês dois; é não saber quando a terá novamente; é falar no telefone, sendo que você nunca faz isso, mas é ela, e então não há problema em atender; e amar é, por fim, saber que tu é um péssimo jogador que mentiu dizendo que saberia tê-la por uma noite, quando a quer para a vida inteira.

20 dezembro 2011

Clone teu

Foi uma luta tirar você de mim. Tive de procurar novos rostos, amarrar meu coração com corda resistente ao fogo e até cheguei a cambalear na ideia de visitar uma senhora estranha no fim da minha rua que, além de trazer a pessoa amada, leva-a embora em uma única sessão de sessenta reais. Como se fosse simples assim.
Até a metade do dia de hoje eu não havia relembrado aquele nosso encontro mal organizado, a nossa caminhada pela cidade vazia em um fim de tarde de céu atípico, os empurrões gentis no meio da rua por volta das três e nem de longe a lembrança da tua cama quebrando com nós dois em cima havia me visitado. Porém, no sol do meio dia de hoje, tudo voltou. E isso sem que eu quisesse, afirmo sem titubear. Apenas encontrava-me sozinho na multidão quando dei de cara com você. Coração entrou em festa ao mesmo tempo que não permitiu o ar para que eu pudesse respirar. Fixei-me em ti, reparei naqueles trajes sociais. Aonde vai você deste jeito a essa hora?
Após a tentativa de morte causada pelo encontro inesperado, percebi que teus olhos não eram teus. A curva da tua boca não era a mesma, o jeito que respirava não me atingia com aquela suave exasperação de sempre. Apesar de tua figura ter-me engravatado os sentimentos em um único e rápido momento, logo percebi que não se tratava se você. Uma alma igualitária em aparência, com cabelos tão ralos quanto os teus. Rosto magro e bochechas levemente coradas de um vermelho tão rubro quanto meu coração. Teu clone, enfiado dentro daquelas roupas nada casuais, fez-me despertar aquelas memórias de um dia só - o único tempo que eu tive você de verdade. Foi como um baque, foi como se tivessem me jogado no canto das minhas próprias lembranças. Então estava tudo lá de volta. Dois idiotas em uma noite sem lua, brincando por debaixo de cobertas para que ninguém reparasse. Eu quis tudo de volta, o estrago estava feito.
Quando afastei-me um pouco daquele indivíduo visivelmente assustado pela análise completa de um desconhecido, voltei para o meu canto. Continuei a observar aqueles trejeitos que lembravam você. O prato cheio, os risos por dentre os dentes perfeitamente alinhados. E eu ali, com um prato cheio também, porém de memórias que eu já havia ordenado à mente que guardasse na última sessão de recordações amorosas do meu arquivo pessoal. Mas teu clone revirou isso, pôs na ponta da língua a vontade de voltar a declarar todos os 'eu te amo' que com muito esforço já haviam ficado para trás.
Na hora seguinte eu chorei. Só não mais do que a vez em que tive de deixar o teu abraço, o teu cheiro - pois essa vez sempre vai vencer. Acumulei duas nuvens pretas prontas para chover com todas aquelas lágrimas que não são características minhas. Relembrei tudo que não podia, mantive na memória aquela figura tão parecida que deve até agora se perguntar quem era aquele garoto estranho que gritava com os olhos que a queria abraçar. Hoje descobri que clone teu me despedaça, clone teu por mim passa e aos poucos disfarça, com a boca calada, finge que para, mas, como tu, meu querer amordaça.

19 dezembro 2011

Depois das cinco

Não faz assim, não agora. Não repousa teu olhar nos meus olhos de traição, pois eles ainda titubeiam na ideia de serem um local seguro para você. Cruza essa rua, vem me abraçar. Está dez graus para todo mundo, mas meu corpo sente como se estivesse negativado a uns menos trinta e cinco. Tremo de frio sem você por perto, então corre para mim?
Porém, ao mesmo tempo, sinto medo do que possa acontecer. Você sabe, dois graduandos nessa faculdade que nos ensina como amar, mas antes mesmo de completá-la já sabemos que seremos insuficientes. Não sabemos lidar com querência mútua e atingir o ponto certo, e talvez isso tudo por medo de errar ao tentar. É o mesmo temor que sinto ao caminhar até ti e sentar ao teu lado, agarrar teu braço no meu. Por que parece ser tão certo fazer a coisa errada? Bem, talvez apenas não seja.
Mas então lhe proponho um acordo: vamos nos gostar de um jeito só nosso. Permitirmo-nos aquilo que for necessário, esquecer dos dois postes sem luz nenhuma que nos vigiam entre risadas sem sentido algum. Já aviso que vou deitar a minha cabeça em teu ombro, então por favor não se assuste. E, também, procure não pensar a respeito, pois será isso o que farei a partir de agora. Não tome estas palavras como códigos a serem traduzidos, pois nem eu mesmo as entendo direito. Digo que apenas deixarei com que este sentimento ainda indecifrado me invada, alastrando-se por minhas veias que pulsam agora de calor, justamente por ter criado coragem para preencher este espaço vago ao seu lado. Onde você esteve esse tempo todo?
Então esperemos, meu amor. Olhe para o horizonte quando o sol tímido já nasce, pintando de verde o céu, e imagine onde estão as nossas asas, capazes de nos tirar deste fim de mundo. Sei que cara é essa, já te conheço por inteiro. Estás de mal comigo, não fui o que esperavas. Mas, entenda, não sei amar tão bem assim. Apesar de fazê-lo com frequência mais que necessária, aposto naquelas cartas sem valor algum. Não, cartas não, porque amor não é um jogo. Inútil seria voltar aos passados amorosos que comparavam apaixonados com peças de tabuleiro. Eu e você, porém, somos diferentes. Receamos o bastante para nos proibirmos de errar, sendo que certamente até um erro junto a ti seria válido.
Esperemos mais um pouco, corpo quente. Tenho a ti, tu tens a mim. Quem precisa de asas agora?

18 dezembro 2011

Perdoe-me

Voltei algumas folhas de meus cadernos satisfatoriamente preenchidos e você estava lá. Palavras de amor em demasia, uma repetição enjoativa. Tudo se tratava sobre nós dois - ou quem sabe apenas sobre mim. Reli o que deveria ter deixado para trás, pois mexer assim em algo tão recente foi quase uma tentativa mal sucedida de suicídio. Lembrei, a partir do que havia traduzido em palavras, dos dias em que ainda figurava um sorriso pueril em meu rosto, unicamente por você ter aparecido como bala de festim em minha vida. Momentos intensamente passageiros, que acabaram por dar chance à dominação involuntária de minha tristeza.
Nossos amigos estavam lá, presenciando aqueles diversos quilos de amor que carreguei comigo quando te conheci. Levei-os nas costas, sustentando-os como se fossem leves como pluma. Mas aquele sentimento era forte, pesava muito, custou-me lesões profundas que somente agora posso compreender. Porém, a decisão de perambular por aí com mais amor do que o necessário foi minha. Tu nunca, nunca mesmo, pediu por aquilo. E eu, afogando-me em meus sonhos de eterno infantilóide, estava pronto para entregar-te tudo. Os meus sentimentos, meu corpo, a mim por inteiro. É uma pena que eu não soubesse que você não me queria.
Tendo em mãos estes cadernos que confidenciaram a minha paixão eufórica de dois meses, rio agora de tanta fuga da realidade. Sessenta dias em que vivi cego, em que não fiz julgamentos sobre o certo e errado, o existente e o imaginário. Não diria que um retorno passado seria eficaz, pois eu certamente cometeria os mesmos pecados. Iria aos mesmos lugares que fui só para te conhecer, mesmo não sabendo que apenas agora eu entenderia que nunca pertenci ao lugar que eu chamaria de 'teu lado'. E, bem, não é só isso. Hoje, exatamente neste fim de dezembro, percebo com louvor que eu jamais me encaixei em tudo que quis um dia fazer parte. É apenas impossível acrescentar alguma coisa ao que já está bem estruturado. Sendo assim, teus amigos não saberiam me acolher, tua irmã continuaria a me olhar com estranheza e eu e você seríamos o mais lindo desastre existente. Por quanto tempo?
Então perdoe-me, quase amante, por amar-te em demasia. Sem notar que nunca houve reciprocidade, sem utilizar a visão privilegiada que somente estes olhos sóbrios de hoje podem enxergar que nada daria certo. Ouvi histórias de que você já olha para outros sorrisos quando cruza avenidas, e que semana passada você tirou o sono de outro alguém. Fico feliz por saber que estás em outra, que já não lembra de mim. Pois eu ainda estarei aqui durante algum tempo, rindo da minha própria cara por ter gostado de alguém que me deixou sozinho, para trás, e que nunca pensou em voltar. Somente agora que já exorcizei você de mim, que já fiz as malas contendo o nada - a principal característica nossa -, posso pedir um perdão sussurrado no breu de nossa inexistência por um dia ter pensado que tu, daqui para frente vaga lembrança, serias o meu futuro.

15 dezembro 2011

Ophidia

Perto das cinco as luzes se apagam quando já falta pouco para o sol brotar detrás das árvores. Em um quarto aquietado, espero em apreensão o momento do ataque. Há um leito nada confortável que me sustenta, e estou virado para cima como se olhasse para o céu, caso não existisse um teto me impedindo de fazê-lo. Ouço introspectivo o som de tua presença perto de mim. Aprisiono os dedos em meu punho cerrado e pela primeira vez fecho os olhos, pois o medo já é grande. E agora sim, escuridão total. Meu único sentido permite-me saber que aos poucos tu se aproxima, movendo-se em lentidão propositalmente, rastejando até mim. Abro os olhos quando já é calmaria passageira, e enfim encontro você. Serpente branca em posição de ataque, olhos tão direcionados ao seu objetivo que mal posso tomá-los como verdadeiros. Duas gotas de suor nascem de minha testa, deslizando pela curvatura do nariz. Por fim as mesmas tocam os meus lábios, e aquele torna-se o chamariz para que tu dê o bote.
Antes que eu pudesse reclamar da dor causada por ti em mim, mal percebo que já fostes embora. Na verdade, serpente, desfez-se por inteiro o teu corpo esguio e tornara-se pó. Sujou minhas mãos com poeira branca, um punhado dela. Não entendo, não entendo. O que é isto? Aproximo a minha palma albina e cheiro. Cocaína, certamente. Reprovo de imediato, balanço as mãos no ar, ponho a mim mesmo em pé e sacudo meu corpo. Corro até o banheiro mais próximo, tranco a porta. Água no rosto, preciso de água. Retiro de mim aquilo que deixastes, pois agora mesmo sinto nojo de ti. Bebo um pouco, porém quando percebo estou sorvendo chocolate líquido que sai pela torneira velha. É doce, enjoativo. Não quero mais repetição. Já não dá mais para engolir isso. Afasto-me, ouço as batidas na porta. Vá embora, deixe-me sozinho. Não quero mais você em mim, levem-me de volta para onde eu nunca deveria ter saído. Abro a porta, não tendo para onde fugir, perdido como estou. E a serpente, bem, ela voltou. Desta vez, partida ao meio. Pesadelo ou metáfora, você se foi. Pluft.

Depois de você

Então é isso, meu amor. Estou desistindo. Você conseguiu, evitou-me até agora para que eu deixasse de gostar de ti - pois isto obviamente era um fardo muito grande com o qual tu tinhas de lidar. Parabéns para você, objetivo alcançado. Não há mais amor gritando por teu nome, nem pensamentos dedicados a nós dois. Tudo foi embora, assim como eu fui da tua casa naquela manhã de domingo.
Agora já não existem mais motivos para que eu feche os olhos ao passar no corredor de chocolates do supermercado. Eu vou engordar, vou sim, não há mais preocupação em ficar bonito. Assim como não irei escrever nossos nomes no vapor da água quente molhando o vidro do box do meu banheiro, pois já não terá a mesma graça. Vou jogar qualquer jogo com meus primos mais novos e lembrar o real sentido de jogar alguma coisa - pois até então você só vinha brincando comigo, com o meu amor.
E eu dizia a mim mesmo para que esperasse por esse dia. Ele chegaria, e junto viria aquela sensação de dever cumprido, por ter mais uma vez dado amor a quem não soube conjugá-lo. Talvez seja esta uma de minhas principais funções - mostrar que o amor existe, escancará-lo, deixá-lo a mostra, distribuí-lo facilmente - e os principais aprendizes o tomarão para si. Porém, por enquanto, parece que ninguém soube fazer a lição direito. Quis, por tempos, que tu me desse uma aula a respeito do teu amor, mostrasse como tu ama, mas hoje vejo que bom mestre tu não daria.
O que posso dizer é que continuarei a sorrir, cantando baixinho enquanto caminho pelas ruas nestes dias de verão que cobrem meu corpo como você jamais cobriu. Quem cruzar comigo perceberá a diferença, aquela mesma que se resume a mim antes e depois de você. Certamente não saberão identificar o que haverá de novo, pois somente eu sei o que acontece.
E o que mudou, meu bem, é que agora não sou mais refém teu.

14 dezembro 2011

Memória líquida, amadeirada

É engraçado pensar no quanto eu te amei. E, ao mesmo tempo, é ridículo lembrar como você não pode retribuir. Era escuro naquele inverno rigoroso e você me tinha nas mãos - como criança com brinquedo pronto para quebrar. E você brincou comigo, divertiu-se por uma noite. Tudo conforme previsto, porém naquela hora não imaginado por mim. Deixou-me de lado assim que enjoastes da novidade que por volta das quatro da manhã já se tratava de passado.
Nos dias que se seguiram, eu pensei em como te ter novamente. Planejei algumas coisas que certamente não funcionariam, e idealizei em minha mente transtornada que um dia eu poderia ser teu. Na verdade, eu acreditei em você quando disse que nos veríamos em breve. E, bem, isso acabou acontecendo enfim. Não quando eu quis, não quando planejamos. É piada recordar em que situação eu voltei a te ver. Tudo tinha mudado tanto.
E, neste último encontro, não senti teu perfume. Não deu tempo, ou talvez eu apenas não quis prová-lo outra vez. Um estranho abraço rápido também não ajudou. Acho que não me importava mais, enfim, com o aroma amadeirado que teu cheiro tem. Porém, alguns meses antes, quando o amor por ti ainda era a maior coisa do mundo, eu era dono deste cheiro. Recordava-o todos os dias depois que fostes embora, passava nas boutiques sempre que podia para pegar uma pequena prova tua. Ah, sim, eu descobri o nome do teu perfume. Procurei saber onde vendiam, fui atrás do que não deveria. Corri para uma miragem tua. Passei algum tempo me proibindo de lembrar, porém me traía cada vez que borrifava um pouco de você em mim. E ai então o estrago já estava feito: por um dia inteiro eu te tinha novamente. Logo ali, no meu pulso. Era a minha vez de te ter em minhas mãos.
Mas eu não soube, nunca parei para pensar. O teu perfume nunca foi meu, sempre foi do mundo inteiro. Cem milímetros de fragrância substanciosa que podiam ser comprados por qualquer um. E eu gastei meu dinheiro sem lembrar que você já havia indo embora há muito, e não era aquele cheiro que ia te trazer de volta. 'Para presente?' - perguntou a vendedora. 'Obviamente' - respondi. Um presente de mim para mim mesmo. Havia um sorriso ajeitado em meu rosto na hora da compra, e a embalagem sofisticada fez pensar que uma passagem só de ida ao teu encontro vinha junto. Engano meu. Era só memória líquida, só passado perfumado parcelado em três vezes no cartão. Noventa dias para eu continuar lembrando de ti, mesmo que já tivesse esquecido.
Hoje, voltando a borrifar aquele cheiro enraízado que sempre irá me fazer lembrar de ti, sei que, apesar de tudo, valeu a pena ter comprado a única memória que irá restar por algum tempo aqui comigo. Saio nas ruas lhe usando, mas ninguém elogia o meu cheiro. E eu também não gosto do que uso. Mas se trata de ti, a única pessoa que até então conseguiu me vencer, a qual agora carrego em silêncio no pescoço. É o meu prêmio de consideração para com a tua jogada de mestre. E, de vez em quando, aquela mesma estação de temperaturas negativas que nos aproximou volta a me amedrontar, mas eu até que comemoro. De pescoço coberto não sinto tão intensamente você em mim, e os dias frios assim me servem para recordar-te. Pois o inverno, meu bem, ele sempre foi mais quente, presente e satisfatório que você.

13 dezembro 2011

Vagão para dois

Fecham-se as portas, ainda posso ver o teu sorriso. Há algo de novo e estranho vagando em um vagão para dois. Distraio a mim mesmo, olho para o lado de fora. É uma viagem curta, mas ainda assim leva décadas para terminar. Não que eu queira, longe disso. Diria que apenas está sendo difícil encontrar um ponto qualquer para fixar o meu olhar que não seja você. Quando ouso trair-me, espiando com rapidez a tua expressão, vejo teus olhos nos meus. Eles não falam nada, queimam em um silêncio instigante. Não convidam, até porque estou certo de que seria errado chamar-me mais para perto.
Mas eu queria. Quis. Já pensei a respeito. Admito, sim, não há porque negar. Dois dias e meio já pensei em ti como não deveria, já fugi da realidade para desenhar uma fábula colorida de teu sorriso e meu abraço, pintando a mesma com nossas cores. Por um momento ela pareceu ser um ótimo conto de ninar, mas logo depois surgiram as figuras que forçaram-me a afastar-se. Um dragão e um rei. Fogo e espadas nos separavam. No fim - isto é, antes mesmo de ele surgir -, precisei acordar. Não haveria possibilidades de algum dia alguém contar a nossa história, pois nem mesmo a iríamos escrever.
O silêncio tortura meus lábios que querem trocar duas palavras, ou talvez um pouco mais. Quero dar alguns passos para frente, ficar ao lado teu. Só nós dois estamos quietos neste vagão lotado. Olho para o chão, pois este é o caminho seguro que encontrei. Escuto tua voz, logo sorrio, porém ela não se direciona a mim. Levanto a cabeça, tendo passado alguns segundos, varro o ambiente recheado de figuras estranhas e novamente aterriso em você. Por que me olhas assim?
Rapidamente recuo, procuro outra direção. Não, você não. Não posso. Não podemos. A janela me dá a visão do mundo lá de fora, repleto de futuros juízes-de-droga-nenhuma. Eles pensarão o que estará acontecendo aqui dentro. Entre eu e você, entre nós dois. Entre nós três. Possibilidades inexatas serão criadas, e até especulações que poderiam muito bem ser realidade surgirão. Mas não, não. Meu pensamento percorre um caminho em busca de um refúgio bem longe de ti. Não é você, não pode ser. Nesta mesma vida já atribuí ódio ao teu nome, e agora não posso apenas pensar o contrário. Você se recorda da antipatia involuntária? Ela me afastou por muito de ti. E agora eu só me pergunto porque demorei tanto para gastar meu mês em apenas um dia naquele fim de outubro com você.
As portas se abrem, chegamos ao destino. Ele e ela falam comigo, não entendo pois não presto atenção. Ainda estou longe, dentro daquele vagão que já se vai. Ainda estou preso na possibilidade de aquele olhar ter implícita uma querência que um dia já foi minha também.

06 dezembro 2011

Matéria: Frispit Portal

No começo do mês de setembro eu tive uma grata surpresa. Alana Boff, minha colega de aula e jornalista da Agência Experimental de Comunicação da Universidade de Caxias do Sul me ligou e disse estar interessada em fazer uma matéria sobre os livros que eu já tinha escrito. Com um sorriso na cara, aceitei na hora, e então participei de uma entrevista muito legal. Como bônus, o pessoal da Rádio - que também faz parte da Agência Experimental - Fri Spit, chamaram-me para gravar um depoimento. A princípio, o que seria gravado em off, se transformou em um convite para entrar ao vivo e participar do Programa Sinopse, comandando por Aline Marpelli e Fernanda Aguiar - também alunas (e minhas colegas!). Mais nervoso do que nunca, no começo receei, mas não pude desperdiçar a oportunidade.
Bem, não sei porque demorei tanto para disponibilizar este material aqui, mas deixo então o link para a reportagem que saiu no Portal, e também o link para quem quiser escutar o programa de rádio. Este é o começo de muita novidade que vem por aí :)

Ah! Quem não se importar em, depois que ler a matéria, 'espalhá-la' por aí (há um link no fim da mesma para publicar no Face, Twitter, E-mail, etc...), eu agradeço.




04 dezembro 2011

Amor da minha vida

Hoje acordei com uma certeza. Abri minha janela, quase fiquei cego com o brilho do sol. Sorri pela contradição, sorri por ter sobrevivido à noite anterior. Foi uma tormenta fugaz para mim. Estive eu nadando nas especulações de minha mente sem nem mesmo deixar a minha cama, enquanto você estava sabe-se lá onde. Bem, quando ainda estava escuro, eu queria saber onde exatamente você estava. Cogitei possibilidades de tudo dar certo e ser apenas mais uma noite, porém eu sabia que algo estava próximo de acontecer. E o fim de nós dois aconteceu.
Eu não quis imaginar como seriam meus dias sem você, porém certamente eu o fiz. No princípio chorei um pouco, praguejei contra o travesseiro, reclamei do mundo. Já te disse, foi uma noite de tormenta. Porém hoje, quando aquele mesmo sol - que conseguiu ser mais brilhante que teu sorriso - apareceu, eu enxerguei vida sem ti. Não ousaria dizer que apenas quis deixar de lado essa minha ideia de te amar, ou que cansei de nós dois. Eu diria que apenas percebi que não daríamos certo - e é o que geralmente faço em todos meus relacionamentos. Quero dizer, descobrir isso tarde demais. Apenas quando o amor já atingiu o patamar de aceitar as verdades que sempre estiveram me rodeando.
E hoje tirei o dia para não pensar em ti, porém me traí mais uma vez. A verdade é que só pensei em você. Porém, pela primeira vez, foi diferente. Comecei a rir de mim quando dei-me conta de nossas diferenças. E que não venha ninguém para dizer que são nelas que dois indivíduos se completam, pois estou certo de que isso é um erro. Eu e você, meu bem, somos dois opostos imunes ao amor mútuo. Como cheguei a pensar que daríamos certo? Que você, na real, era o certo? Isso me faz rir agora. E pensar que até ontem de noite eu chorava por você, por nós dois. Até descobrir que não havia motivo. Bem, você estava longe de mim - sempre esteve. E eu ali, em minha cama segura, pensando em ti. Já é uma diferença. Eu, o garoto dos dramas amorosos, das palavras entregues sem necessidade, dos rabiscos no braço. Você, da frieza dos sentimentos, da vontade inexistente de conhecer o amor, da maturidade que eu sempre tanto almejei. Porém agora eu vejo. Sim, agora eu sei. Eu nunca quis ser maduro como você. Para mim, essa ideia de infantilidade me soa bem. Na hora certa, é claro. Eu que fico quieto quando nervoso, você que nunca se cala. Eu que choro por nada, choro por tudo, choro por ti. Você que não está nem aí. Eu que te perseguia, te queria, tentava te fazer acreditar em um sentimento que você nunca nem se permitiu provar. Para que? Responda-me tu. Mas que burrice querer provar-te que poderia haver tu e eu, quando nem mesmo tu chegastes a cogitar essa possibilidade.
E hoje... Bem, a tormenta voltou no fim do dia. Depois de saber que fui apenas uma distração, e que novamente eu me apeguei ao que não deveria, eu soube um pouco mais. Soube de ti, da noite de outro dia. Soube dele, soube dela. Soube dos dois. Enquanto eu beijava o silêncio, você beijava a paixão de outros dias - aquela mesma que nós dois havíamos chegado ao consenso de que já tinha chegado ao fim. Então tudo voltou? Vocês voltaram? Porque seria mais um drama saber que os beijos de ontem também se trataram de apenas uma distração. Quem sabe essa paixão do passado que voltou por uma noite soubesse disso - de que seria apenas por uma noite. Diferentemente de mim, que jamais me acostumei com a ideia de transitoriedade. Eu quis ser eterno para ti. E você, amor da minha vida, fechou os olhos para nós dois. Impediu - e por vezes eu acho que fez a coisa certa; mas só as vezes.
Então estou livre enfim. Livre de ti. Com a certeza de que não irei voltar para o mesmo lugar, para a mesma casa, para a mesma cama. Com a dúvida de não saber como você se posicionará diante disso tudo agora. Porque você teve a chance. Eu te dei a chance. Mas você não agarrou, não me agarrou. Deixou-me ir, permitiu-me partir. Mentiu dizendo para eu ficar, mentiu dizendo que queria me ver. Eu caí no teu jogo, caí no teu amor inexistente, caí no fim como sempre caio. Porém não é tarde, meu amor, não é tarde. Ainda há tempo para eu seguir em frente, para eu continuar sem você.
Então eu espero que tenhas aproveitado, que tenhas me aproveitado. Por uma noite, uma única noite. Aquela noite. Não terá mais de mim para tu provar, não haverá um jogador pronto para encarar as cartas despejadas sobre o tabuleiro de forma aleatória. Não existirá mais alguém para jogar com você, e no próximo ano teu aniversário será apenas mais um dia qualquer para mim. Não irei me preocupar com nada, muito menos com você. Já o fiz muito, e de nada valeu. Tua desculpa é fajuta, ela eu não aceito. Diz que não consegue sentir, que é assim e ponto final. Alega que teu jeito é esse, e apenas quem compreender tal mentira será quem conseguirá ganhar o prêmio final. Até lá, apenas premiações de uma noite.
Continuarei escrevendo, quem sabe até quando sobre ti. Não mais linhas tortas e dúvidas sobre nossas impossibilidades, pois tudo isso ficou para trás. Escreverei sobre um fim, sobre um novo começo. Este que você não fará parte. Sinto muito em dizer isso, peço desculpas por dizer adeus. Mas não foi culpa minha, pois eu sabia sim jogar. Apenas não quis, pois amar e jogar só são sinônimos para os que não entendem a palavra felicidade. Até hoje gastei tempo contigo, ditando frases nestes mesmos cadernos velhos que estão cansados de saber sobre você. Eles riram da minha cara por muito, mas agora os fecharei por fim. Escrevi pois soube que você nunca se importou. Lestes tudo, muito soube, mas nunca retribuiu a mim, às minhas palavras, ao meu querer.
Quero que sintas falta, que se dê conta um dia. Quero que voltes para a paixão de outrora só para averiguar que, quem sabe, ela nunca te amou tanto quanto eu. Não a culpo, pois eu e ela somos vítimas de uma mesma pessoa. Quero que leias isto e que ria da minha cara, ria de mim mais uma vez, ria da minha desistência e do quanto fui idiota por amar você. Não me importo com nada disso, de verdade. Sei que ficarás com raiva por eu ter exposto tudo que aconteceu, tudo que digo agora. Mas esqueceu que és tu quem não sabe expor? Chegou a minha vez, amor, minha vez de dizer para que aproveites. Contanto que estejas feliz, peço que aproveites. E o que eu quero fazer agora? Dormir? Certamente. E sem você.
Repito: Hoje acordei com uma certeza - a de que demorei muito para perceber que você nunca me fez bem. Todo mundo avisou, mas passei tempos só escutando o que tu dizia, pois era o que importava. Não mais. Obrigado pelo teu gesto, agradeço muito. Ele fez com que eu escrevesse aqui a maneira que encontrei para poder por fim te dizer tchau. Fim de jogo, fim de nós dois. Agora posso dizer até nunca mais.

02 dezembro 2011

Não mais

Gostaria de dizer que te tornastes
Nada mais do que o ontem para mim
E que hoje tu não fazes mais parte
De minha vida arrastada enfim

Acredite, eu não quis dizer adeus
Jamais ousei pensar em te perder
Mas, pensando bem, quem sabe fui eu
Quem deixaste tu agora desaparecer

Sei que nunca esteves do outro lado do muro
Nem mesmo um dia debaixo da minha cama
Mas fui eu, culpado de tudo, pelos diversos mundos
Mentira dizer que teu nome meu coração não mais chama

Creio que eu apenas compreendi
Este jogo do qual nunca imaginei fazer parte
Entendi que não há um pouco de mim em ti
Mas se um dia puderes... Peço-te: novamente não nos descarte

26 novembro 2011

Cinco dias

Não sei, não sei mais o que pensar. Tentei de tudo para reerguer este nosso amor de fim de semana, sem saber que era exatamente nestes dias que ele chegava ao fim. Acontece que sou uma escolha de segunda a sexta, uma opção para apenas cinco dias. E, por mais que sejam a maioria de uma semana toda, eu gostaria de ser teu sem ter de encarar estas pausas corriqueiras que tanto riem de mim agora. É uma pena que não haja nós, e eu digo isso nos dois sentidos. Nós de nós dois, nós que deveriam atar você a mim. Não existe cola, amarrações, ligamentos ou sabe-se lá como você queira chamar esta nossa falta de uma querência que titulei como escancarada. Aliás, nossa não. Tua. Foi uma escolha que fizestes essa de não denunciar o que quer - se é que jamais quis algo. E a quietude que entrega-me quando eu nem mesmo a quero é o que me faz pensar que desperdício aprendi depois de ti em minha vida. Desperdício daquilo que tento, de sentimentos, de tempo, e de um desnecessário sofrimento. Isso cansa, isso um dia chegará ao fim. Até lá, espero que entendas, que relembres, que mudes de ideia, que saibas o quanto esperei de ti.
Quisera eu viajar, partir para bem longe. Destino? Algum lugar onde não houvesse sinal - de telefone, de conexão direta, ou melhor... De ti.

24 novembro 2011

Foto tua

Quieto em meu canto tentando te esquecer
Vens tu e me atinge como bala de revólver
Indefeso, sou folha seca que voa contra o vento
Dizer adeus percebi que já não resolve

Fecho os olhos e tento imaginar vida sem ti
E aí surge um retrato teu quando a dor já era escassa
Falta ar, há uma seca de amor dentro de mim
Porque foto tua me mata, foto tua é trapaça

Quisera eu não relembrar dos dias em que estivestes
Grudado em meu peito feito o coração que ali vigora
Tudo aquilo que já não mais existe, que continuo a fingir
Há uma existência minha que há muito já foi embora

Então minha sede de ti regressa sem nem pestanejar
E outra vez estou eu lá, a querer-te em contradição
Queria bloquear-te de mim, impedir-te de entrar
Expor que nunca deixei de lado essa nossa complicação

O carteiro já não traz notícias tuas, então tudo acabou?
Há uma insistência finita de crer que não sei jogar
Jogador, joga a dor, joga com a minha dor
Se essa for a condição para que possas voltar

Quieto em meu canto tentando te esquecer
Vens tu e me atinge como bala de revólver

21 novembro 2011

Silêncio

Quero fazer-te um pedido
Já que somos uma virgula a mais que amigos
E isso espero que já tenhas compreendido

Um favor não é o que quero
Elogios de ti não espero
Mas enquanto não te tenho por perto

Promete para mim
Diz que ainda vai ser assim
Que logo não vai ter fim

Meu amor, não disfarça
Por favor não me mata
Não nos deixa perder a graça

Procuremos não cair na mesmice
Se não tiver amor hoje, por favor não desiste
Por que ligar para confessar tu ainda resiste?

Não vou pedir-te em casamento
Mas quero mais que por só um momento
Carregar-te aqui dentro

Pode continuar amando sem nada dizer
Entendi que traduzir é meu dever
Mal sabes que escrevo fácil um dicionário de você

Então vê se não cessa
Não fecha, deixa a porta aberta
Pra eu entender essa tua paixão quieta

15 novembro 2011

Dia seguinte

Vai, diz que não me ama. Liberta-me desse amor de mentira que nós dois criamos. Acaba logo com isso, grita comigo. Faz-me sentir de novo alguma coisa, por favor. Deixa-me ir, permite-me amar um outro alguém. Entrega-me a carta de alforria, olha no fundo dos meus olhos e conte quantos pedaços de ti eu ainda guardo em mim.
Confessa que foi um jogo que eu não soube brincar, que eu falhei por lhe querer mais do que deveria. Sussurra outra vez em meu ouvido, mas desta vez me fala os motivos de eu ser apenas distração. Se não mais me quer, se nunca me quis, então abre a porta para que eu possa sair. Não a deixe aberta, pois não quero voltar. Porém antes esclarece tudo, te peço. Deixa o mistério de lado e mostra tuas cartas. Permita-me saber quanto gostastes de mim, quanto tudo isso foi apenas diversão passageira. Nunca soube nada de ti mesmo. E eu... Bem, tolice a minha em entregar-te as pistas para descobrir o meu interior tão facilmente. Não foi difícil para ti ser o melhor jogador quando na verdade sempre houve apenas um. E, apenas te peço isso por fim, esqueça-me. Não mande mais mensagens, pois eu passaria os dias tentando as decifrar. Até porque se não há mais interesse de tua parte, você apenas deveria me deixar partir. Assim como saí da tua cama, da tua casa, da tua cidade. De ti. Deixa-me entender o que tu quer de verdade, porque a confusão aqui é grande. Eu estava lá quando você disse que seria apenas uma noite, e tu acreditastes em mim quando eu concordei. Falha tua, sou um péssimo mentiroso. E tu deveria saber que eu iria querer mais de ti. Mais dos sorrisos bobos, dos ódios momentâneos e da agressividade masoquista.
Você deu o isqueiro para o incendiário, e agora quem queima vivo na incerteza de uma querência recíproca sou eu. Tentando entender porque eu fui, porque eu voltei, porque eu ainda estou aqui. Lembro a nossa maior contradição: tu dissestes 'apenas uma noite', porém eu também estava lá quando tu acordou para, com outro beijo, dar-me bom dia. No dia seguinte, você ainda não havia me deixado ir.

14 novembro 2011

Debaixo da tua cama

Meu olhar rígido e os ossos repousados. O sol que procurava adentrar pelas bordas da janela fechada. A respiração cansada, cabelos em desordem. Tudo culpa tua. Um relógio que apontava as horas quando ainda era cedo demais. Porém queria eu que os minutos passassem? Não, definitivamente. Então sussurrei, bem baixo, apenas para o lado de dentro: Acorde, por favor. Os últimos doze mil e seiscentos segundos sem ouvir tua voz já havia tomado tanto de mim... Tanto que estava lá, em silêncio. Mudo, imóvel, estupidamente feliz, esperando. Querendo que abrisses os olhos para que eu pudesse encontrar a mesma parcela de tudo que enfim tinha encontrado. Acorde, lhe pedi, e preencha meus lábios com um bom dia traduzido por beijo - aquele mesmo que eu confessei para ti que eram muito bons na noite passada. Hoje. Antes.
Ousei em olhar rapidamente para a esquerda. Estavas bem ali, dormindo ao lado do amor. Respiração ofegante que me fez lembrar da tua boca em meu ouvido. E eu ali, na cama debaixo. O menino debaixo da tua cama. Pensando como sempre, escrevendo mentalmente como nunca. As 11h31 eu já poderia lhe contar quantas pequenas luzes piscavam em seu computador, quantas gotas de tinta preta haviam em sua parede, e quantos suspiros tu davas por minuto. Três horas e meia ao teu lado sem te ter bastaram-me para, enfim, dar-me conta de que não sonhava. O puxão nos cabelos, as pernas entrelaçadas e os meus lábios mastigados. Tudo real. Também foi o suficiente para considerar-me um tolo por não ter falado mais, não ter te perseguido do lado de fora, não ter feito jus a minha maturidade muitas vezes, e por não ter ficado mais tempo. Ah, o tempo. Inimigo meu de todos dias. No fim parti levando novas palavras a serem escritas - elas ainda significam algo para ti? -, parti deixando meu coração. Um pouco de mim para que possas, como desejo dito por ti, aproveitar.
Eu e meu desespero, que finalmente se transforma em lágrimas, agora já estamos longe, e outra vez deixamos uma centena de mundos para trás. Acho que amar é isso mesmo: sentir falta. Começar a chorar por alguém. É o sinal mais simples e claro para se descobrir que você não quer mais nada além daquela pessoa que dorme ao teu lado, na cama de cima. Nenhum mundo de distância, apenas 114 centímetros talvez. E quem imaginaria que, depois de quarenta e poucos dias, o perto seria tão longe?

11 novembro 2011

Tempestade

Será em um dia de incertezas
Que irei lhe encontrar
Tu, sol que me queimas
Fazendo-me desmoronar

Derreto os pensamentos
Poucos passos e serei teu
Mas quem sabe aqui dentro
O que diabos aconteceu

Haverá claridade até então
Profunda calmaria a me rondar
Olhando para o lado, porém
Virá a chuva para me sequestrar

Roubar-me de ti
Poupar-me destas distrações
Confundo o brilho da bola de fogo
Com treze seguidos trovões

E agora que lado eu devo
De uma vez por todas me afugentar?
O sol que permanece todos os dias
Ou a chuva que logo irá passar?

06 novembro 2011

Você não me quis

Tu fizestes uma viagem. E eu aqui, sem nenhum pedaço teu, olhando para essas máscaras vigaristas. Não sei bem quanto tempo passou, não sei bem como eu passei. Sei que doeu, fez falta, mas aprendi a viver sem você. E, veja só, os dias ainda foram dias, assim como minhas noites começaram a trazer um pouco menos de festa ao peito. Baixei guarda para o amor assim que tu se foi.
Não direi que foi tudo tão fácil assim. Por que haveria eu de mentir? Eu escutei aquela que já virou certamente a nossa música, e fiquei a martelar a imagem de uma garota ruiva em minha mente, pensando que durante tua partida o mesmo tu farias. E agora sabe-se lá como você passou por isso. Você pode me dizer como foi sem mim?
Meus amigos não perguntaram, ninguém perguntou. Se eu sentia tua falta, quero dizer. Acho que ninguém nunca se importou tanto assim com nós dois, até porque todos eles já sabiam que nunca haveria uma fusão por parte nossa. E, durante tua fuga, foi quando aprendi a conviver com impossibilidades, acreditando em sua existência. Foi necessário, posso afirmar.
Perguntei-me uma única vez se adiantaria continuar aqui, continuar aí. Onde eu não estou, nunca estive, e agora mesmo não vou poder estar. Eles não saberiam mesurar, eu mesmo não saberia. Mas esperar por amor quando tu sabe que ele não virá dói em dobro. E, de ti, que sempre costumei esperar tanto - pois sempre tinha mais por vir -, não receber o que mais quis foi o fim de você aqui dentro.
No rádio tocava a música que tentava silenciar o barulho do vento contra a janela. Dear John, I see it all now that you're gone. E repetia, repetia... Fui obrigado a desligar. E quantas vezes eu quis perguntar: Você nunca sentiu nada? Nunca, nem por um minuto, confundiu, imaginou, cogitou ou pensou que me amava de volta?
Você deveria saber que estarei aqui, distante mais do que nunca, a te observar. Cada passo que deres, a cada respiração. Sei que virão outras músicas - talvez estas agora conterão algumas palavras de despedida -, e tudo que lhe for escrito a partir de hoje ficará para mim guardado. Você não precisará saber, até porque você não irá querer-me de volta para que possas me consertar. E, acredite, eu estarei bem guiado por todas luzes que tu deixou quando fostes embora. Sinais de alerta dizendo que não iria voltar.
No fim eu procurei entender. Quis saber o porquê de você nunca ter me amado. Certamente qualquer pessoa que observasse a nós, de longe saberia responder. É tão óbvio o desamor. Porém, para mim, havia mais complexidade. Não resumia-se apenas a não querer ou até não poder. E, mesmo assim, eu não descobri. Então a única incerteza que levo é a de que lhe faltou permitir-se. Se tivesses dado uma chance para tudo isso - ou, melhor, tudo aquilo - quem sabe quão feliz você teria me feito.
Nunca cansei de nada, jamais cansei de você. Talvez a minha única redenção tenha sido quando cansei de esperar por você. Pela tua reciprocidade que não viria, tratando-se de amor. E agora sei que 114 mundos é muita coisa, e que eu e você somos pouca. Mas não há raiva de minha parte, pois mesmo não conhecendo o meu sorriso, foi você que o moldou na maioria das vezes. Há um agradecimento aqui implícito por teres preferido assim. Um obrigado sufocado por teres feito uma viagem para mais longe ainda, para fora de mim.


01 novembro 2011

Desenhista

Encaro as tuas fotos com mais seriedade do que encaro a mim mesmo. Bobo desse jeito eu nem sei mais o que é razão. Pego o telefone, espero tu ligar. Mas não é um pouco tarde? Talvez eu devesse esperar. Isso nunca foi meu forte, assim, eu digo, esperar. Então eu digito uma mensagem que talvez nunca terei coragem de enviar. Rabisco uma folha, tentativa engraçada de passar o tempo, mas o seu nome ali aparece pintado de azul, o que estou fazendo? E colorir o que está em branco, sem muito saber o que colorir, veja só que estranho, são teus desenhos que me fazem sorrir. É uma festa em outro planeta, é uma festa dentro de mim. Você longe e perto, meu coração não encontro por aqui. Acho que ele viaja as vezes, do mesmo jeito que um dia viajarei. Entro em um veículo azul, quatro rodas, um destino. O pequeno distrito das luzes de natal é onde me imagino. Quando tu falas já são nove e vinte e cinco, e para os meus amigos eu apenas finjo. Finjo não ser nada, finjo não ser ninguém. Mal sabem eles que você está fazendo com que tudo fique bem. E assim, inconsciente, tudo acontece. Você aparece, o dia anoitece, peito em silêncio cresce. O faz para que tu caibas, se encaixe aqui dentro. E agora nem sei o que pensar direito. Se devo ir ou devo ficar, em um subsolo muito escuro me posicionar. Mas eu queria ficar aqui em cima, saber um pouco mais de ti. Enquanto não te tenho junto, enquanto não te tenho aqui.

27 outubro 2011

Partida

Peito pequeno, comprimido
Demasiadamente reduzido
Por não lhe ter

Hoje aqui comigo
Correndo perigo
Quem sabe no infinito se perder

Sentimento inacabado
De um coração magoado
Que me faz crer

Amar não é castigo
Somente um simples vício
Que insiste em lhe querer

E nessa noite sem luar
Meu amor foi viajar
Será que tarda a regressar?

Minha sede de ti

Estes abraços, quando recebo, já não são fortes o suficiente. Transformaram-se em passageiros, o maior atributo de quem os oferece. Este amor que podes dar para mim é muito menor do que aquele que preciso. Venho cambaleando meio fraco, com sede de paixão prolongada que está tão díficil de se encontrar. Há, vez que outra, alguns ecos tão perto e tão longe que tentam me sufocar em um prazer imaginário que se estabelece apenas como o que chamam de ilusão. Mas não há realidade no inexistente, e portanto não há eu em você.

25 outubro 2011

Jamais meu

E é a cada pôr do sol que imagino o teu sorriso logo ali, gritando por meu nome. Corro contra o vento quente de verão, mas te escondes com tanta facilidade. Passo então a observar cada sombra, procurando vestígios de teu esconderijo. Sigo pistas que só fazem parte de meu subconsciente e, quando por um minuto o sol se vai, fico ali sem saber o que fazer. Brinco com as folhas secas, pulo no ritmo de uma nostalgia nunca vivenciada. Abraço teu abraço que não vêm, mas que do mesmo modo eu sinto. Beijo a invisibilidade que sempre foi uma característica nossa. O sorriso em meu rosto demonstra tudo que tu és para mim. Assim essencial, desse mesmo jeito, sem mudar nada. Aos poucos vou lhe conhecendo a partir de troca nenhuma, sustentado apenas pela minha vontade inexplicável de querer tomar para mim tudo aquilo que diz respeito à você. Não para tirar-lhe o que te faz feliz, e sim para que venhas até mim procurar motivos para continuar sendo quem és. Isso. Tudo isso. Tudo tão... Jamais meu.

13 outubro 2011

114 Mundos

Fecho os olhos, não mais vejo
Cada rastro de amor que deixou por aqui
Apenas imagino aquele beijo
Que há dias venho esperando de ti

Querendo agora que me abraces muito
Porque tu és quem venho procurando
E agora confesso-te meu único intuito
De viver apenas de amor brincando

Venho tentando entender o real porquê
De teres, sem nenhuma intenção, levado consigo
Aquele meu coração que teu nome gravei
Sem saber nem por qual motivo

Talvez seja mais fácil que estejamos afastados
Você somente no fundo de minha mente confusa
Até porque se estivesses na rua ao lado
Coração pararia, minha fala seria muda

E outros rostos as vezes fingem ser você
Como se eu pudesse ser mais tolo que já sou
Mas quando falo podes em mim crer
Que de longe eu saberia identificar o amor

O quanto me conheces eu acho engraçado
Ninguém jamais ousou assim me capturar
Mesmo que tu não tenha tido uns planos traçados
É tarde demais para deixar de pensar

Só peço para que não tenhas medo
Pois tantos já leram estas silenciadas palavras
Fugiram antes mesmo de entenderem o segredo
E eu nem tinha dito que os amava!

Então darei algumas voltas pelos mundos
Maldita distância que me impede de entender
Que mereço o nada, porém dá-me o tudo
Cento e quatorze me separam de você

Essa coisa que já virou rotina

Eu estou me esquivando o máximo que consigo. Escapando pelas esquinas mais escuras, dando passos rápidos quando alguns postes ousam me iluminar. Nos últimos dias prefiro vir andando pelas sombras, utilizando lugares desconhecidos para evitar aquilo que já me é de natureza extremamente conhecida.
Posso lhe afirmar que estou silenciando, por mais uma vez, vários de meus sentimentos que pipocam descontrolados aqui dentro. Venho disfarçando sorriso bobos para que não notem que tudo se repete. E isso até para mim mesmo. Também estou reprimindo aquilo que já deixei me invadir tantas vezes, porém todas elas foram necessárias para que agora eu aprendesse a tomar um pouco mais de cuidado. Essa coisa que já virou rotina deveria, de fato, soar para mim como algo já desbravado, conhecido de cor. Porém é o contrário, absolutamente. A cada nova chance que custo a dar... Bem, isso aparece renovado. E eu sei explicar bem o porquê.
Acontece que venho escapando - ou, ao menos, tentando - do amor. E a cada nova possibilidade que esta coisa rotineira encontra para me preencher, eu descubro que mal a conheço. Isso porque sempre são novas pessoas que fazem questão de me fazer sentir um pouco dessa mistura que já trato como exercício de paciência.
Há muito sobre o amor que eu não sei. E agora eu não paro de pensar que estou prestes a começar uma nova jornada em busca de um pouco mais de informação sobre.

02 outubro 2011

Os amantes dançam quando sentem o amor

Toca alta a canção que me faz lembrar você. Em um silêncio contraditório por ser alto demais, mexo braços e pernas no ritmo das batidas, porém eu não atreveria a rotular minha desastrada euforia de dança. Na mente, no corpo, e quase invadindo o coração, aquele mesmo sentimento: O novo de novo volta a me atacar. O desconhecido que me atrai, me sustenta, me faz querer dar uma chance para aquilo que todos sabem que é amor. Por enquanto, porém, trata-se apenas dessas descobertas tuas que me fazem sorrir. Pequenos detalhes, estrofes sem rimas de tua vida que me fazem querer te repetir em mim como música. Exaustivamente. É tudo tão intenso e absurdamente bom. Os dias passam devagarzinho, assim como a velocidade que cresce tudo relacionado a você aqui dentro. Eu agradeço por ser deste jeito. E as noites, em especial, não foram mais as mesmas após lhe encontrar. Brinco com as estrelas enquanto a lua escuta pacientemente calada os meus segredos. Apenas ela, tão perto e tão longe, poderia dizer o quanto te quero mais perto.

24 setembro 2011

Onde está

Existem uns sorrisos faiscantes
Tentando em quietude me persuadir
Não sei se espero mais um pouco
Ou os tomo todos para mim

Minha mente diz já estar cheia
Coração está vazio, rotineiro e cansado
Então alguém pode me responder
Onde está quem eu quero ao meu lado?

Creio que um pouco distante se encontra
Mas isso já não me cabe afirmar
Não conheço a cara, nem mesmo o nome do amor
Mas correria o risco de até cego provar

Na verdade o que eu tenho é medo
De não mais conseguir permanecer sem alguém
Render-me no último momento a um sorriso
Tão passageiro que até me entretém

Então vou esperar dois ou três dias
Ignorando o sorriso mais lindo do mundo
Mesmo que o quisesse, talvez jamais o teria
Nem mesmo por um sigiloso segundo

13 setembro 2011

Peças dispersas

Você é aquele amor insistente, que volta quando deseja. Não pede permissão e também não entra pela porta da frente, somente em sonhos é que me beija. Silencioso, vem pelos fundos, quase imperceptível. Mas daí me agarra com aquela força que mal consigo raciocinar. Como se amor e lógica andassem juntos! Assim como tu e eu, remotamente impossível de acreditar. E você, meu amor, é sim um quebra-cabeça. Desses tão infantis que facilmente podemos montar. Mas tu, com esse seu amor engraçado, faz de mim um tolo. Incapaz, inocente, desorienta-me apenas por existir. E aí... Bem, quisera eu ter como juntar cada peça e compreender. Tão difícil! Por que? Meu quebra-cabeça é você.

11 setembro 2011

Enfim

E então você se foi. Desprendeu-se de mim com suavidade semelhante a de uma brisa leve, meramente invisível. Partiu sem dizer adeus ou volto logo. Tampouco qualquer palavra. Acho que foi até melhor assim. Desapareceu de súbito, em momento inesperado, apenas porque já era hora de ir embora. Creio que nunca saberás quanto pensei em ti, em mim, em nós dois. Estou certo de que seria engraçado caso você um dia voltasse no tempo, para quando havia você e eu, mesmo que por apenas uma noite. Não imagino que consigas - muito menos que queiras - recordar tamanho erro tão bonito. Lembrar de nós dois seria estupidez. Porém o que construímos a um par de meses atrás... Bem, ninguém conseguiria destruir tão rápido quanto fizemos. E obviamente a escolha de trazer tudo abaixo fora tua.
Talvez nunca saibas quanto foi bom ter sentido tudo com tão pouco. Talvez nunca saibas quanto doeu. Não lhe ter junto, quando ambos estávamos sós. Não lhe ver sorrir, quando ambos chorávamos. Não lhe ver me amando do mesmo jeito que lhe amei. Quem culparia tanta burrice mútua? Quem julgaria o errado tão fortemente a ponto de parecer correto? Certo, eu apenas adimitiria que, ao procurar o amor, você acabou dando adeus para o mesmo.
Eu lhe disse que um dia chegaria ao fim. Essa minha insistência de querer impossibilidades... Essa carência que só você poderia acalmar... Esse meu suicídio calado que tu causou... Bem, levastes embora consigo. E, por favor, não ouses regressar. Prometo não estar aqui, e meu olhar bobo não irás mais encontrar. E quem irá lhe dizer, enfim, que agora não lhe amo mais?


eu nunca pensei que teríamos um último beijo.

24 agosto 2011

Por que

Por que foges e continuas assim
Nessa eterna insistência de me evitar
Por que pensar que tudo está bem
Quando nem um pouco está

Por que não consegues fingir
Um amor que agora tanto quero
Hoje até de mentiras preencho
O coração tolo e vazio que carrego

Venha aqui para dar-me bom dia
Sussurre um boa noite que irei repetir
No fundo da mente, como doce melodia
Lembranças que não te deixarão partir

05 agosto 2011

Memórias significativas

É mais um capítulo daquela velha história sobre eu querer lhe falar o que está acontecendo e não poder. Querer avisar quem irá quebrar teu coração daqui a um par de semanas e ter de permanecer mudo. Até porque provavelmente você não me escutaria. Quem daria razão, aliás, para as palavras de um estranho?
E isso é o que dói. Ser um desconhecido para você. Machuca ter de observar de longe todas as vezes que teu sorriso - eu já sonhei com ele - se abre cada vez que você o vê chegar. Sem contar que as palavras ditas a ele eu sempre desejei roubar para mim. Sabe, trocar apenas o sujeito. Eu tenho certeza que cuidaria melhor do teu coração. E essas fotos tão recentes de vocês dois... Ah, quanta fúria me gera! Cresce aquele sentimento misto de raiva, inveja e egoísmo, ao ver que claramente o pouco não merece o muito. Que ele não merece você.
Eu quero cuidar-te. Tomar-te em meus braços nestes dias que têm sido os mais silenciosamente gelados. Estaria confortável, garanto, caso você se fizesse presente em meu porto seguro. Poderíamos dividir peculiaridades que só caberiam a nós, cantarolar baixinho a nossa música preferida e, quem sabe, juntar teus lábios aos meus. Porque eu posso confessar que não aguento mais essa distância que os separa.
Então tome o seu momento. Observe tudo que ele tem a lhe oferecer, e espero que realmente possa aproveitar esses dias em que sofrerás ilusão com promessas falsas. Saiba que o encanto acaba, e você não muito representará em breve. Infelizmente. Porque eu já vivi isto. Já olhei naqueles mesmos olhos tão puros que são apenas uma armadilha aos desprevinidos. Eles prender-te-ão pelo tempo a ser julgado suficientemente bom para que você se torne apenas passado. Isso é o que eu sou agora. E saibas que nem memórias significativas virei.
No fim desta confissão - que nada mais é que um pedido para que abras bem os olhos -, será que ainda preciso dizer que estarei aqui quando toda esta brincadeira temporária chegar ao fim? Não há amor no que se conquista tão rápido. Não há para sempre no que se constrói em poucos dias. Entenda que, você querendo ou não, ele repetirá o que todos já sabem de cor, menos você. E, principalmente, entenda que... Por e para você, eu estarei aqui.

01 agosto 2011

Meu querer

Segura!
Prende o tempo que vai embora
Prefiro ver-te aqui dentro
Do que na chuva lá de fora

Tudo passa tão rápido
Pisco os olhos e nada restou
Mas sempre imaginei que fosse duradouro
Esse tal de estranho amor

Como posso então querer-te
Aqui em meus braços desfalecidos
Quando é justamente tu
Que enxerga-me apenas como amigo

Culpa minha querer provar
O que hoje em dia tem prazo de validade
Mas há sempre uma surpresa
Escondida em um coração que bate

E nestas novas lindas rimas minhas
Deixo implícito o meu querer
Decodificar que ainda te quero por muito
Bem, isso cabe a você

Daqueles dias

Daqueles dias onde você se sente o último, e tens certeza absoluta de que fez de tudo para que fosse ao contrário. É quando ocorre aquela redução inconsciente de seu interior que já vinha há algum tempo devastado, e agora você sabe que apenas não pode mais suportar. É quando você sente a falta de alguém que talvez não saiba exatamente o nome, porém está certo de que o quer por perto, sabendo que tudo tornaria-se pacífico caso isso acontecesse.
Daqueles dias quando as ruas estão secas e falta um pouco do brilho quente do sol, refletindo ali os seus maiores sonhos para as próximas vinte e quatro horas. Não há razão suficiente para compreender como toda essa chuva e neblina que cobrem todos os lados ao redor de ti conseguem lhe proporcionar apenas dor e lembranças daqueles que você gostaria de ter deixado presos, escondidos talvez nessa mesma invisibilidade climática.
Daqueles dias em que assistir um desenho velho na televisão e rabiscar esse bocado de palavras basta para você se dar conta de que não quer deixar a sua cama. O seu quarto lhe esconde bem das pessoas que estão fora dele, e exatamente neste momento você tornou-se tão refém delas. Não saber responder o porquê e nem ver uma solução para tamanho desespero interior é o que mais machuca.
Hoje é apenas mais um daqueles dias que não acontece sempre. Porém, quando acontece, você deseja ser o último.

29 julho 2011

Soy yo

'And you might think I'm bulletproof, but I'm not.'

Ei, meu nome é Pedro. Falta um par de meses para que eu complete 2O anos daquilo que chamam vida. Esta, que eu julgo ser a mais engraçada das coisas. Sou libriano, e mesmo que tente na maioria das vezes fugir daquela parada de horóscopo diário, me identifico com a descrição de cada signo. Portanto, sou equilibrado. Ou deveria ser. Gosto de tudo ao meu redor em completa harmonia, exatamente conforme deve ser. Odeio ver brigas e, principalmente, estar no meio de alguma. Neste último caso, quando acontece, preciso ultrapassar o meu orgulho - isso é muito difícil, e na maioria das vezes toma muito tempo - para me desculpar apenas para deixar a situação como era antes. Em tranquilidade. Posso até perdoar (e aí está outra parte que leva muito para acontecer), porém jamais esqueço. Mudo de opinião muito rápido, pois indecisão é outra característica forte em mim. Não me peça nunca para escolher verde ou azul, esse ou aquele, ela ou ele. Eu não saberei responder. Talvez você apenas possa me questionar sobre doce ou salgado, pois não hesitarei em responder que é o primeiro. Vivo de açúcar, sendo que tem dias que me alimento apenas disso. Errado, eu sei. Mas são poucas coisas que eu faço completamente certo. Falando em alimentação, eu como pouco. E, quando como mais do que deveria, vou lá e gasto todas as calorias (essa palavra é minha inimiga) ou até mais. Tenho esse complexo por ter sido acima do peso durante uns dez anos, e nunca ter conseguido emagrecer. Foram muitas tentativas, e só eu - mesmo que seja clichê, só eu mesmo - sei todas as coisas que passei por causa disso. O mundo é injusto, as pessoas são injustas. Não é fácil conseguir sobreviver numa jaula a céu aberto se você não souber se defender. E fui assim durante parte de minha infância, pré e adolescência. O que julgo ser a parte mais válida de todos os confrontos-de-um-só-lutador que passei, é que ouvi muito e pouco falei. Até sabia me defender, porém preferia ficar quieto. E, não, nunca nada entrou por um ouvido e saiu pelo outro. Sempre ficou dentro de mim mesmo, acumulando dia após dia. Cada situação singular possuía uma carga diferente, e por muitas horas eu pensava em desistir de tudo, pensando não ser bom o suficiente para viver nesse mundo. Pensei em me matar, assim como todo mundo já deve ter o feito alguma vez, porém nunca tentei. Apenas ia para casa após o colégio e comia muito. Eu estava bem ali comigo mesmo. E foi assim durante toda minha adolescência. Nunca saía, era apenas colégio-casa. Porém, como tudo na vida uma hora cansa, eu senti o mesmo e desejei mudar. Perdi mais de 18kg. O que eu via no espelho me agradava muito. E, não, não apenas no fato de beleza, e sim de que a imagem refletida tornava-me suficientemente corajoso para realizar tudo que jamais tinha realizado até então. E, até hoje, é inevitável reparar como as pessoas mudaram em relação a mim. Todos, incluindo parentes meus, aproximaram-se com elogios que eu jamais imaginei ouvir de suas bocas. Foi aí que eu estava preparado para o mundo, sabendo o quão falsas as pessoas podem ser. Com essa mudança, descobri como me expressar, em todos os sentidos. Senti-me no direito de abrir a boca, dar a minha opinião, e saber que havia espaço para mim, assim como há para todos. Tornei-me muito mais confiante, destemido e cheio de vontade para as novas coisas que começavam a cruzar com meu caminho.
Porém, posso lhe assegurar que muitas coisas permaneceram iguais: Eu ainda enxergo os outros do mesmo modo. E, muitas vezes, os julgo. Não que essa seja a palavra certa, pois é apenas o meu ponto de vista sobre cada um. Gosto de olhar as pessoas de longe e reparar os seus trejeitos, manias e olhares distantes para outrém. Nessas horas fico quieto, e acho que ninguém no mundo poderia me entender. Exatamente como as vezes que olho para o céu imaginando que muito, muito longe, alguém o vê exatamente da mesma maneira. E, por falar em céu, tenho que afirmar que gosto dele de um jeito diferente. Eu amo estrelas, o calor do sol contra a pele, tempestades de raios, a chuva forte, o desenho das nuvens, e fielmente acredito que existem umas dezessete luas. Fico encantado por luzes dos mais variados jeitos. Pontos de luz perdidos na noite, letreiros luminosos, correntes elétricas, explosões, lanternas, fogos de artifício, velas, luzes de natal. Tudo me deixa eufórico. E, voltando para o fato do equilíbrio em mim, gosto tanto da água quanto do fogo. Um completa o outro. Do mesmo modo como eu acho que há alguém perdido por aí que me completa. Talvez ela ainda não saiba meu nome, ou que até mesmo um dia irá me amar o bastante para ser exclusivamente minha. Mas há alguém para mim. Acredito muito nessa coisa de destino, e que tudo está escrito para cada um. É assim que tinha de ser, e pronto. Por isso talvez eu não tenha medo da morte. Tenho medo da perda, o que é diferente. A morte é inevitável, acontecerá um dia, e você nasce sabendo isso. E, como eu penso, ainda temos a possibilidade de ir para um lugar melhor. Então não há o que reclamar. Apenas temo a separação com aqueles que queremos tanto, mas sendo uma pessoa com sentimentos meio que congelados, não é tão difícil assim para mim ter que lidar com isso.
Eu gosto, na verdade, daquilo que não posso ter. E, quase sempre - odeio generalizar -, acabo tendo. E aí torna-se sem graça. A magia vai embora, apenas não quero mais. Esse é mais um defeito que tento controlar, mas acho que levará muito mais tempo do que penso. Diferente do que muita gente imagina, eu não sou rodeado de pessoas que apenas me querem bem. Há aqueles que não gostam de mim, e eu posso ver em seus olhos. Sim, infelizmente eu os conheço. É muito fácil identificar alguém que realmente gosta ou não de você. Mas é difícil identificar o porque de não gostarem. As vezes não há motivo, e as vezes a outra pessoa apenas não quer que você tenha a chance de se deixar apresentar para que ela te conheça. É a primeira opinião sobre ti que vale, ou até mesmo os comentários alheios que ela leva em conta. E, sinceramente, sobre isso eu prefiro no momento apenas deixar quieto. Cansei de tantas vezes tentar fazer com que me conheçam para que não venham a sentir uma espécie de antipatia para comigo e isso nunca deu certo, então apenas deixo pensar o que quiserem. Não digo com isso que sou um santo e que apenas me julgam errado, pois se não te veem do mesmo jeito que você quer que te vejam, é porque a mensagem que você passa para os outros não é a mesma que você tem de si, e aí já é hora de ter cuidado com as atitudes. Mas eu... Bem, eu sou alguém tão insensato para quase tudo. Infelizmente não tomo algum curto tempo para pensar no que falarei ou farei, e aí tudo já foi por água abaixo.
Ainda estou formando a minha opinião sobre segundas chances, mas se me questionassem hoje, eu responderia que ninguém merece uma. Existe um tempo, e aí então surge o erro. Esse tempo em si é para que a pessoa aprenda a não errar, e se ela mesmo assim não faz o certo, acho difícil que mudará. Levaria mais um grande tempo para que aprendesse e... Não. Prefiro desistir, assim como desisto de muitas coisas, o que não deveria fazer. Opto por buscar algo novo e não insistir no erro, pois a vida é curta para viver de novas chances.
Sou apaixonado por Taylor Swift. Ela, assim como eu, compõem suas próprias músicas, sendo que na maioria das vezes são sobre experiências que já passou. Admito que 'roubei' dela essa ideia de escrever algo para cada pessoa, pois eu gosto desse sentimento de deixar gravado - além de aqui dentro - algo sobre cada um. Atribuir a cada indivíduo algumas palavras, transformando em uma composição, um poema, um texto, um conto ou uma história que aquele alguém significa. E, sim, isso varia de como cada um interfere em minha vida. Há quem tornou-se protagonista de livros que já escrevi, há quem foi presenteado (em silêncio, é claro), com mais de meia dúzia de composições, há quem virou apenas um conto e também quem não chegou a formar uma música inteira. Talvez mais um de meus erros seja mostrar para alguns o que escrevi, sendo que deveria deixar escondido, preso aqui dentro. Já tive que lidar com situações difíceis unicamente pelas palavras que escrevi. E foi aí que percebi quanto poder cada uma delas tem. Mas eu sou assim mesmo, preciso fazer com que os outros saibam o que estou sentindo. Acho lindo quem demonstra, mostra dos mais variados jeitos o que acontece consigo. Amo compor para alguém, e saber que esse alguém me presenteará com um sorriso é o que me faz entregar as dedicatórias entrelinhas. Talvez tantas palavras juntas e a fusão de sentimentos faça com que, de novo, aquilo que eu queira dizer seja tomado de outra forma. E é nessas horas que eu penso que deveria deixar tudo em silêncio. Mas aprendi com a Swift - de novo ela - que devemos falar agora. Antes que seja tarde demais.
Tenho muitas manias que provavelmente farão você parar de ler este texto, pois julgo serem estranhas. Mas, se você quiser tentar: Eu tenho uma paixão eufórica por queijo com chocolate, somo todo e qualquer número que cruze a minha frente para ver se os mesmos resultam em 13 (minha sorte), abro alguns sorrisos quando estou na cama me preparando para dormir (o que me faz pensar que o dia seguinte será bom), dedico muito tempo para passar dentro de sebos (inclusive me encanta o cheiro de lá), sou compulsivo por escrever com caneta em meus braços, não saio de casa sem descongestionante nasal e como Diamante Negro com batata palha. Tenho poucas coleções, mas são elas: bichos de pelúcia (de preferência animais, um de cada), adesivos (uma coisa da sexta-série que não existe mais), garrafas de vidro, colares (eu transformo qualquer coisa em pingente) e miniaturas de bonecos de desenho animado. Gosto de me vestir diferente, o que me faz parecer um retardado para os olhos da maioria da população de minha cidade, porém tento não me importar. Minha autora favorita foi e sempre será Agatha Christie (taí outra coleção), mas também vario entre Stephen King, Sidney Sheldon, Martha Medeiros, Mário Quintana, Cecília Meirelles, Clarice Lispector, Fernando Sabino e Meg Cabot - amo clássicos. Filmes, quando tenho paciência, opto por terror. Acho que fui um serial killer em outra vida. Estão entre os mais assistidos: Eu Sei O Que Vocês Fizeram no Verão Passado, A Casa da Colina e Pânico. Mas também há aqueles momentos de comédia romântica. Não tenho (mais) paciência para desenhos animados, tanto que todo mundo me recrimina por nunca ter assistido Procurando Nemo. Assistia séries quando não tinha nada para fazer, mas hoje em dia tenho que ser (ou parecer) gente grande, e aí não sobra muito tempo. Nem paciência, de novo - coisa que eu não tenho para quase nada.
Eu não quero me casar. Odeio tradições impostas por outras gerações, pais ou igrejas. Não tenho uma religião, apenas fé. Não costumo ser muito positivo sobre as coisas, mas isto é apenas mais algo a ser mudado. Sou noturno, gosto da quietude das noites e de saber que há um monte de gente 'inoperante' nessas horas, mas também adoro quando o dia nasce. O nascer e o por do sol. Dias cinzas e chuvosos só de vez em quando, pois aquele clima de pseudo verão (nem tão quente, nem tão frio) é o que me faz bem. Fico louco no Natal, e na Páscoa eu ganho mais ovos do que deveria, pois sou chocólatra assumido. Tenho pouquíssimos amigos que poderia contar para todas as horas, mas julgo serem suficientes. Gosto de estar próximo deles, e eles sabem que quando não o faço é porque alguma coisa aconteceu. E não, não precisam fazer nada. Apenas me deixar quieto, esperar o tempo passar. Afinal, tudo gira em torno do tempo mesmo. É a única coisa com a qual eu me sinto meio escravo. Principalmente quando se fala de futuro, pois eu ainda não descobri o que serei na vida. Meu sonho, há muito, é viver da minha escrita. Infelizmente, havendo poucas chances para isso, preciso me decidir entre outras opções, e sobre elas eu ainda não tenho muita certeza.
Sempre quis ter um irmão mais novo, mas na verdade eu odeio bebês. Tanto que, se tivesse um filho, agradeceria se ele nascesse com sete anos. Os únicos animais de estimação que já tive foram peixes e tartarugas. Os meus dois peixes morreram em menos de 24h, e as quatro tartarugas que tive (a primeira eu não lembro o nome, as duas que vieram depois chamavam Chiquititas - e sim, ambas tinham apenas um nome -, e a última Beta - ela morreu queimada por mim e o meu pai a enterrou no quintal em frente da nossa antiga casa) já se foram de um jeito ou outro. Minha mãe jamais permitiu que tivéssemos um cachorro, e eu acho que algum animal assim teria me auxiliado em alguns momentos de solidão na vida, evitando que eu criasse alguns amigos imaginários que mantenho até hoje (na verdade tenho apenas um, que chama Pedro e é mais como se eu tivesse uma dupla personalidade mesmo com quem eu falo sempre). Se eu pudesse, de verdade, eu teria um pinguim. Ou um porco. São meus animais preferidos.
Brigo muito com meu pai, porém sem ele eu não seria ninguém e também não teria metade do que tenho hoje. Minha mãe ainda mantém o meu cordão umbilical dezenove anos depois, mas quanto a isso ela tem melhorado bastante. Admito que até gosto disso, pois sempre que me perco de mim mesmo, tenho o meu porto para regressar. E é na minha mãe que encontro tudo que sempre preciso, independentemente do que seja. Talvez ela nunca saiba quão verdadeiros são os meus 'eu te amo'. Tenho amigos espalhados pelo país todo, e sou realmente muito grato por ter, no último ano, conhecido uma grande parte deles. Todas as vezes que os vejo eu desejo que morassemos perto, mas não acho que tudo teria tanta graça como tem. Como disse, é assim que tem que ser. Já odiei minha cidade, alegando não ter ninguém legal por aqui, porém também no último ano fiz amizades incríveis, e é daqui que eu sinto falta todas as vezes que estou fora. Se pudesse escolher algum lugar para visitar, seria o Canadá. Tenho fixação por países sul americanos, e gosto muito de falar espanhol. Também sei inglês e estou começando com francês.
Odeio ser notado, sou muitas vezes tímido demais, continuo sendo quieto e odeio o meu nariz. Mexo muito no cabelo, tenho olhos pequenos e mordo meus lábios com frequência. Sou chato pra comida - principalmente salgada - e sei cozinhar muito bem. Sou cabeça dura, orgulhoso ao extremo, e ciumento demais. Eu penso mais do que deveria, e odeio desperdícios. Sou pão duro sem ter a quem puxar, e de vez em quando eu acho mesmo que posso mudar o mundo, apesar de olhar para os lados e não enxergar muita gente que sinta vontade do mesmo. A não ser a linda da minha mãe, que sai comigo todos os meses pra fazermos algo por crianças carentes. É nelas que eu vejo tudo de mais lindo que existe, exatamente dentro daqueles olhos quietos. Tenho por muitas vezes raiva e nojo da juventude atual, e por isso mesmo não sou tão frequentador de festas e coisas do gênero, porque isso simplesmente não é muito a minha cara. Já tive que fingir que gostava disso, quando na verdade gosto disso e daquilo. Já fui falso, pois todo mundo precisa ser alguma hora. Sorrio mil e uma vezes, e isso por tudo: timidez ou conveniência. Tenho medo de altura. Tenho rosto de 15 anos, e beijei menos bocas do que qualquer um da minha idade já o fez. Não por escolha, talvez. Realmente não sei. Amo refrigerante de laranja, porém o que curto fazer mesmo é misturar vários deles. Guaraná e Coca fica muito bom e ninguém gosta. Prefiro doce de leite à Nutella - e esta é a parte que eu acho que já falei demais de comida neste texto.
Liberdade é algo que me soa como boa apenas quando dosada. Frequentemente tenho vontade de sumir do mundo para ver quem sentiria minha falta e para também esquecer de tudo e todos por algum tempo. Vivo constantemente na procura de alguém que faça as tais faíscas voarem e meus olhos virarem estrelas, mesmo sabendo que enquanto procurar, não encontrarei. Exatamente agora, muitas das pessoas que me leem já tem na cabeça o conceito de que 'eu escrevo', e então tudo que as dou para ler já virou 'mais do mesmo'. Mas eu espero que um dia haja alguém que ultrapasse esse limite de pensamento. Eu já comecei aulas de violão, mas parei para poder trabalhar. Foi uma pena, mas ainda acho que não tenho coordenação suficiente. E minha voz não ajudaria mesmo. Sofro por antecipação, odeio gritaria mas amo uma música bem alta. Tenho mania de me achar feio, e não é para fazer drama. Eu me acho isso mesmo muitas vezes. Mas há também dias que acontece o contrário. E, falando em drama, eu faço muito disso. Propositalmente ou não. Existem momentos que eu queria de volta, mesmo eles não sendo os melhores. Fases que passaram rápido demais e que eu gostaria de expandir para provar novamente. Não gosto de resumos mesmo, quero sempre o livro inteiro. Também existem pessoas que já foram, mas que deveriam ainda estar aqui. Beijos e abraços que duraram pouco, e mesmo que repetir não seja uma boa ideia, eu faria muito para que acontecesse outra vez. Eu quero e não quero crescer. Tenho Síndrome de Peter Pan muitas vezes. Tenho aracnofobia. Curto triângulos, e tenho um tatuado no pulso. Amo sextas-feiras e os últimos meses do ano. Acho que não tenho oportunidades suficientes em relação a algumas coisas da vida. Já menti, já contei mentiras efêmeras. Meu planeta favorito é Vênus. Ando sempre com um caderno debaixo do braço e durmo com uma garrafa de água na cabeceira da cama, bem como uma luminária de lava. Calço 42, meço 1.75 (1+7+5 = 13, huh?) e peso... Ah, você não pensou que eu lhe contaria, não é mesmo?
Há uma caixa de memórias em meu quarto, bem como luzes e post-its com frases grudados na parede. No teto, estrelas de papel. Eu amo mesmo deitar e fingir que estou olhando para o céu. Na cozinha mantenho um armário cheio de chocolates, mas ele está alto o bastante para que eu tenha que pegar um banco para subir e alcançá-lo (e nesse meio tempo eu já pensei se posso/devo comer ou não). Na minha cama tem lençol térmico, e talvez você não saiba direito o que é isso. Bom, é um lençol. Térmico. Liga na tomada, esquenta, vira um sonho. Basicamente isso. E eu o ligo mesmo no verão, pois sou a pessoa mais gelada que você jamais irá encontrar - e isso em todos os sentidos. Porém também não vá pensar que eu tenho aquele coração de gelo. Apaixono-me com uma frequencia incrível, porém jamais amei. As pessoas vêm e vão, e estou naquele ponto de me acostumar com isso. Se você reparar bem, verá que toda essa minha descrição está repleta de 'talvez', e isso me define muito bem. Eu acho muito, não tenho certeza sobre nada. Talvez tudo pode mudar a qualquer hora. E olha aí essa palavra outra vez!

Hm, isso é um pouco de mim. Só achei que, nessa altura, você já deveria conhecer-me um pouco mais. Se ler isso tudo não foi tão sacrificante assim, meu muito obrigado à você. Não acho que alguém possa ter se entusiasmado com essa descrição estranha de alguém mais estranho ainda. Porém, é bom saber que há sempre alguém aí. Lendo. E, certamente, questionando-se quando os meus talvez virarão certezas. Se souber a resposta... Bem, agora você já sabe o bastante sobre mim para vir conversar comigo e contá-la para mim.


'Told you I'm not bulletproof, now you know.'

+fearless+sparkly+headstronger+

28 julho 2011

Baila bailarina

Retrato de ti. Colado na parede.
Passei dias mirando o que imaginava ser inesquecível.
Duvidei de minha própria capacidade de te arrancar do peito.
Porém o fiz.
E ainda acordo. Todos os dias. Sem ti.
Não digo que é o mesmo.
Falta uma parte, um pedaço perdido. Parede vazia.
Mas é melhor assim. Não desejar o mudo. O calado. O frio. O instável.
Não desejar você.
As sombras continuam ali. Lembrando de um passado recente.
Quando haviam dias que eu saltava. Sem ter aonde cair.
Tu pulavas do mesmo jeito, mas com quedas sabias perfeitamente lidar.
E levantava de novo.
Rindo. Girando. Dançando.
Que belo espetáculo preparastes para mim.
Passos marcados, público em êxtase. Mas cadê o bis?
Sair decepcionado assim... Hm, grande pena.
Jamais voltar para assistir tudo uma outra vez... Bem.
Eu espero que entenda.