04 dezembro 2011

Amor da minha vida

Hoje acordei com uma certeza. Abri minha janela, quase fiquei cego com o brilho do sol. Sorri pela contradição, sorri por ter sobrevivido à noite anterior. Foi uma tormenta fugaz para mim. Estive eu nadando nas especulações de minha mente sem nem mesmo deixar a minha cama, enquanto você estava sabe-se lá onde. Bem, quando ainda estava escuro, eu queria saber onde exatamente você estava. Cogitei possibilidades de tudo dar certo e ser apenas mais uma noite, porém eu sabia que algo estava próximo de acontecer. E o fim de nós dois aconteceu.
Eu não quis imaginar como seriam meus dias sem você, porém certamente eu o fiz. No princípio chorei um pouco, praguejei contra o travesseiro, reclamei do mundo. Já te disse, foi uma noite de tormenta. Porém hoje, quando aquele mesmo sol - que conseguiu ser mais brilhante que teu sorriso - apareceu, eu enxerguei vida sem ti. Não ousaria dizer que apenas quis deixar de lado essa minha ideia de te amar, ou que cansei de nós dois. Eu diria que apenas percebi que não daríamos certo - e é o que geralmente faço em todos meus relacionamentos. Quero dizer, descobrir isso tarde demais. Apenas quando o amor já atingiu o patamar de aceitar as verdades que sempre estiveram me rodeando.
E hoje tirei o dia para não pensar em ti, porém me traí mais uma vez. A verdade é que só pensei em você. Porém, pela primeira vez, foi diferente. Comecei a rir de mim quando dei-me conta de nossas diferenças. E que não venha ninguém para dizer que são nelas que dois indivíduos se completam, pois estou certo de que isso é um erro. Eu e você, meu bem, somos dois opostos imunes ao amor mútuo. Como cheguei a pensar que daríamos certo? Que você, na real, era o certo? Isso me faz rir agora. E pensar que até ontem de noite eu chorava por você, por nós dois. Até descobrir que não havia motivo. Bem, você estava longe de mim - sempre esteve. E eu ali, em minha cama segura, pensando em ti. Já é uma diferença. Eu, o garoto dos dramas amorosos, das palavras entregues sem necessidade, dos rabiscos no braço. Você, da frieza dos sentimentos, da vontade inexistente de conhecer o amor, da maturidade que eu sempre tanto almejei. Porém agora eu vejo. Sim, agora eu sei. Eu nunca quis ser maduro como você. Para mim, essa ideia de infantilidade me soa bem. Na hora certa, é claro. Eu que fico quieto quando nervoso, você que nunca se cala. Eu que choro por nada, choro por tudo, choro por ti. Você que não está nem aí. Eu que te perseguia, te queria, tentava te fazer acreditar em um sentimento que você nunca nem se permitiu provar. Para que? Responda-me tu. Mas que burrice querer provar-te que poderia haver tu e eu, quando nem mesmo tu chegastes a cogitar essa possibilidade.
E hoje... Bem, a tormenta voltou no fim do dia. Depois de saber que fui apenas uma distração, e que novamente eu me apeguei ao que não deveria, eu soube um pouco mais. Soube de ti, da noite de outro dia. Soube dele, soube dela. Soube dos dois. Enquanto eu beijava o silêncio, você beijava a paixão de outros dias - aquela mesma que nós dois havíamos chegado ao consenso de que já tinha chegado ao fim. Então tudo voltou? Vocês voltaram? Porque seria mais um drama saber que os beijos de ontem também se trataram de apenas uma distração. Quem sabe essa paixão do passado que voltou por uma noite soubesse disso - de que seria apenas por uma noite. Diferentemente de mim, que jamais me acostumei com a ideia de transitoriedade. Eu quis ser eterno para ti. E você, amor da minha vida, fechou os olhos para nós dois. Impediu - e por vezes eu acho que fez a coisa certa; mas só as vezes.
Então estou livre enfim. Livre de ti. Com a certeza de que não irei voltar para o mesmo lugar, para a mesma casa, para a mesma cama. Com a dúvida de não saber como você se posicionará diante disso tudo agora. Porque você teve a chance. Eu te dei a chance. Mas você não agarrou, não me agarrou. Deixou-me ir, permitiu-me partir. Mentiu dizendo para eu ficar, mentiu dizendo que queria me ver. Eu caí no teu jogo, caí no teu amor inexistente, caí no fim como sempre caio. Porém não é tarde, meu amor, não é tarde. Ainda há tempo para eu seguir em frente, para eu continuar sem você.
Então eu espero que tenhas aproveitado, que tenhas me aproveitado. Por uma noite, uma única noite. Aquela noite. Não terá mais de mim para tu provar, não haverá um jogador pronto para encarar as cartas despejadas sobre o tabuleiro de forma aleatória. Não existirá mais alguém para jogar com você, e no próximo ano teu aniversário será apenas mais um dia qualquer para mim. Não irei me preocupar com nada, muito menos com você. Já o fiz muito, e de nada valeu. Tua desculpa é fajuta, ela eu não aceito. Diz que não consegue sentir, que é assim e ponto final. Alega que teu jeito é esse, e apenas quem compreender tal mentira será quem conseguirá ganhar o prêmio final. Até lá, apenas premiações de uma noite.
Continuarei escrevendo, quem sabe até quando sobre ti. Não mais linhas tortas e dúvidas sobre nossas impossibilidades, pois tudo isso ficou para trás. Escreverei sobre um fim, sobre um novo começo. Este que você não fará parte. Sinto muito em dizer isso, peço desculpas por dizer adeus. Mas não foi culpa minha, pois eu sabia sim jogar. Apenas não quis, pois amar e jogar só são sinônimos para os que não entendem a palavra felicidade. Até hoje gastei tempo contigo, ditando frases nestes mesmos cadernos velhos que estão cansados de saber sobre você. Eles riram da minha cara por muito, mas agora os fecharei por fim. Escrevi pois soube que você nunca se importou. Lestes tudo, muito soube, mas nunca retribuiu a mim, às minhas palavras, ao meu querer.
Quero que sintas falta, que se dê conta um dia. Quero que voltes para a paixão de outrora só para averiguar que, quem sabe, ela nunca te amou tanto quanto eu. Não a culpo, pois eu e ela somos vítimas de uma mesma pessoa. Quero que leias isto e que ria da minha cara, ria de mim mais uma vez, ria da minha desistência e do quanto fui idiota por amar você. Não me importo com nada disso, de verdade. Sei que ficarás com raiva por eu ter exposto tudo que aconteceu, tudo que digo agora. Mas esqueceu que és tu quem não sabe expor? Chegou a minha vez, amor, minha vez de dizer para que aproveites. Contanto que estejas feliz, peço que aproveites. E o que eu quero fazer agora? Dormir? Certamente. E sem você.
Repito: Hoje acordei com uma certeza - a de que demorei muito para perceber que você nunca me fez bem. Todo mundo avisou, mas passei tempos só escutando o que tu dizia, pois era o que importava. Não mais. Obrigado pelo teu gesto, agradeço muito. Ele fez com que eu escrevesse aqui a maneira que encontrei para poder por fim te dizer tchau. Fim de jogo, fim de nós dois. Agora posso dizer até nunca mais.

Um comentário:

  1. Posso dizer até nunca mais, no meu caso um aham claudia bem grande. Eu diria "até os meus sonhos estúpidos". Mas é claro, segui em frente, certoo, segui, aham.

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