19 dezembro 2011

Depois das cinco

Não faz assim, não agora. Não repousa teu olhar nos meus olhos de traição, pois eles ainda titubeiam na ideia de serem um local seguro para você. Cruza essa rua, vem me abraçar. Está dez graus para todo mundo, mas meu corpo sente como se estivesse negativado a uns menos trinta e cinco. Tremo de frio sem você por perto, então corre para mim?
Porém, ao mesmo tempo, sinto medo do que possa acontecer. Você sabe, dois graduandos nessa faculdade que nos ensina como amar, mas antes mesmo de completá-la já sabemos que seremos insuficientes. Não sabemos lidar com querência mútua e atingir o ponto certo, e talvez isso tudo por medo de errar ao tentar. É o mesmo temor que sinto ao caminhar até ti e sentar ao teu lado, agarrar teu braço no meu. Por que parece ser tão certo fazer a coisa errada? Bem, talvez apenas não seja.
Mas então lhe proponho um acordo: vamos nos gostar de um jeito só nosso. Permitirmo-nos aquilo que for necessário, esquecer dos dois postes sem luz nenhuma que nos vigiam entre risadas sem sentido algum. Já aviso que vou deitar a minha cabeça em teu ombro, então por favor não se assuste. E, também, procure não pensar a respeito, pois será isso o que farei a partir de agora. Não tome estas palavras como códigos a serem traduzidos, pois nem eu mesmo as entendo direito. Digo que apenas deixarei com que este sentimento ainda indecifrado me invada, alastrando-se por minhas veias que pulsam agora de calor, justamente por ter criado coragem para preencher este espaço vago ao seu lado. Onde você esteve esse tempo todo?
Então esperemos, meu amor. Olhe para o horizonte quando o sol tímido já nasce, pintando de verde o céu, e imagine onde estão as nossas asas, capazes de nos tirar deste fim de mundo. Sei que cara é essa, já te conheço por inteiro. Estás de mal comigo, não fui o que esperavas. Mas, entenda, não sei amar tão bem assim. Apesar de fazê-lo com frequência mais que necessária, aposto naquelas cartas sem valor algum. Não, cartas não, porque amor não é um jogo. Inútil seria voltar aos passados amorosos que comparavam apaixonados com peças de tabuleiro. Eu e você, porém, somos diferentes. Receamos o bastante para nos proibirmos de errar, sendo que certamente até um erro junto a ti seria válido.
Esperemos mais um pouco, corpo quente. Tenho a ti, tu tens a mim. Quem precisa de asas agora?

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