25 dezembro 2011

Oi, eu ainda estou aqui

Meu bem não vá pensar que o privilégio é todo teu. Eu já passei por isso, já sofri com a mesma intensidade. E, quer saber? Encarei muito bem - ou, pelo menos, o suficiente para ter sobrevivido. Então dessa vez por favor não abra esse sorriso tão traiçoeiro que eu ainda sonho de vez em quando, pensando que você ganhou a nossa brincadeira de relação mal compreendida e quiçá inexistente. Estou escrevendo agora unicamente para que saibas que continuo bem, talvez um pouco melhor do que quando eu ainda lhe tinha. Porque agora pelo menos eu não preciso lidar com as erosões diárias que teu desamor causava em mim. É tempo de passar uma faixa apertada em tudo que foi destruído mesmo que não intencionalmente por ti e aguardar uma cura temporal. Está tudo bem, eu lhe prometo. Meus pais ainda perguntam de ti, querendo saber quando virás conhecê-los. Receio antes de falar, procurando uma resposta que não seja 'nunca'. Os nossos amigos ainda são os mesmos, e seguidamente eles querem saber o que aconteceu entre nós dois. Para eles, procuro responder a partir do ponto existente entre o 'nada' e o 'tudo', sendo que esta é uma tarefa difícil, pois eu jamais soube definir quando se tratava de nós dois. O pedaço materializado de ti, a única coisa que me restou, ainda está guardado em uma caixa que custo muito a abrir. Aquele pedaço de pouca coisa não tem o teu cheiro, então olhar por olhar apenas me trará de volta as lembranças de quarenta dias atrás, e sinto que não estou preparado para isso. Ainda não. Eu continuo a escutar as nossas músicas, e sabe que eu nem mesmo choro? Rio do jeito com que elas me atingiam há tempos atrás, sendo que agora são apenas letras que procuro nem traduzir. Você se tornou um pedaço de mim com tudo aquilo que passamos. Para muitos ainda seria pouco, mas sei que um terço de mim é composto por você. Estou tentando acomodar isso, estou tentando acomodar você aqui dentro. Não quero mais ouvir tua voz me chamando, o telefone tocando e as mensagens que chegam exatamente quando estou procurando um outro olhar misterioso para afundar a minha carência. Como lhe disse em nossa despedida, será melhor assim. Não para mim, não para você. Para todos. Cheguei a mentir para alguém que você foi o maior erro que aconteceu em meu ano, mas fiz isso por pura infantilidade. Você foi o combustível por muito tempo, e eu viciei-me porque era o que me movia. No fim eu precisei de uma nova substância que você somente não conseguiu oferecer, e aí então entramos em combustão. Eu e você explodimos em uma véspera de Natal, tendo sido lançados um para cada lado. E eu que sempre tentei lutar com essa ideia de distância que esteve presente desde o começo. Agora estamos mais afastados ainda, porém martelo na ideia de pensar em ti. O fato de ser o primeiro Natal com e sem você já foi o suficiente para que eu assimilasse que aquele velho gordo não traz tudo que pedimos. Neste ano, ele não me trouxe você. Não para perto, não do jeito certo, não como eu quis. Mas agora já é tarde, infelizmente. Estou gritando para mim mesmo de que não existimos mais, porém vai dizer isso para o meu coração. É difícil deixar alguém ir embora, ainda mais quando se trata de você. A melhor pessoa do mundo com apenas um defeito: não saber amar. E eu, meu bem, que sobrevivo de amor... Como faço eu, se não tenho o que preciso?
A resposta é tão simples, porém em contrapartida difícil: tenho que tentar sobreviver sem você.

4 comentários:

  1. aah que texto lindo! Me identifiquei demaais com ele! Parabens Pedro! *-* Voce escreve muito bem!

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  2. Pedro!
    Que lindo.
    Amei o texto. Passa uma verdade, uma emoção e um amor que são característicos teus.
    Tu consegues expressar as tuas emoções sem parecer chato ou melancólico demais ou excessivamente açucarado, eu gosto disso.
    E esse texto tá lúcido, calmo, maduro, não como as overdoses de glicose que vemos por aí quando se fala de amor. É uma racionalização do amor que me agrada muito.
    E como eu já disse no Twitter, tu usaste a metáfora de um jeito muito inteligente.

    Não te conheço pessoalmente, mas me identifico contigo e com as coisas que tu escreve, acho que criei uma relação, sabe? Gosto muito de ti.

    Um abraço!

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  3. eu não te entendo.

    e eu amo isso.

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  4. Vc é lindo, maravilhoso, mas seus textos são fracos com temas, quando aprofundados, clichês. Infelizmente digo isso, seu desenvolvimento é muito bom, entretanto, só é capaz de fazer críticas extremamente positivas à sua literatura, quem não tem capacidade de entender completamente o que quer dizer. Se é que minha opinião vale de algo, faça um texto mais simples, menos rebuscado e sem pensar muito. Sei que tem capacidade pra ir longe, desde que repense seu modo de literatura. Beijo.

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