25 dezembro 2010

Mal sabia eu

Em um quarto fechado, recheado de ar quente que faz perder-me em pensamentos, fechos os olhos afadigos na esperança de desprender-me de um mundo do qual não sentiria tanta falta. Então começam as fugas de pesadelo onde encontrar aquilo que mais quero são apenas realidades concretas. E os objetos de desejo, que rapidamente tornam-se materializados, ficam tão próximos ao meu toque supérfluo que chego a perder-me em satisfação absoluta.
Preencho espaços vazios, coleciono momentos que fotografo mentalmente, dou risada de meus sonhos fantasiados de alegrias ilusórias. É pesadelo brincando de ser sonho. É minha mente brincando com a minha carência. Mal sabia eu que, ao acordar, dar-me-ia conta de que nunca existisses. Odeio o fato de você ser apenas um pesadelo para mim.

14 dezembro 2010

Nicotina

Não é questão de sentir a tua falta, porque eu estou quase certo de que não dou a mínima importância para isso. É só que... Bem, foi hoje quando percebi que ao capturar qualquer olhar castanho, os mesmos não remeteram-me imediatamente à você. Foi ao passar por uma calçada qualquer e inalar o cheiro forte de cigarro provindo de um sujeito também qualquer que dei-me conta de que a nicotina voltou a ter o mesmo cheiro irritante, sem graça e horrível como sempre teve. Este, que costumava ser suportavelmente interessante para mim. Não que eu quisesse provar, ou fazer uso de alguma droga composta da tal nicotina. Teus lábios já eram poluídos com a mesma, e eu estava habituado a visitá-los.
Na verdade a minha droga era você.

30 novembro 2010

Alado

Lançado no breu infinito
Abismo putrefato de risos insólitos
Facetas desorientam e bloqueiam refletores
Como se por aqui houvesse um lugar seguro

Perdido entre gritos histéricos
Quase rendo-me quando mal consigo ver
Então surge a figura heróica
Tomando-me com toda sua força

Pensamentos brincam em ritmo frenético
Como posso enfim voar?
Tentando saber quem deu-me asas
Lembro do teu cheiro impregnando-se em mim novamente

Outra vez és tu quem apareces
E deves saber que amei a sensação
Estava eu, ali esperando,
Para que me retirasses do caos

Agora buscarei meios de recompensa
E serei grato pela eternidade
Não somente por apareceres
Mas por ter me feito voar

19 novembro 2010

Carnal

Eu não preciso de um beijo. Talvez um abraço eu também recuse no começo. O que eu quero mesmo é que você esteja ao meu lado. Apenas saber que o espaço vazio que encontra-se aqui perto neste momento estará em alguma hora preenchido por você e seu sorriso quieto. Necessito notar que dividimos do mesmo ar poluído e velho, e que mesmo em silêncio as nossas mentes têm o mesmo pensamento. Ok, admito, quero um beijo sim. E um abraço também. Assim como você. Tanto quanto você. Preciso do toque, do cheiro, do contato físico que agora é apenas um desejo irrefutável. Quero apertar, ter, possuir, arranhar e morder. Manter, acalmar, segurar, apegar-me.
Quero sentir. Com minhas próprias mãos. Porque das expectativas pulsantes em meu peito descontroladamente apaixonado... Bem, eu já estou cheio delas.

18 novembro 2010

Km 49

As nuvens negras completam o céu com um tom acinzentado, e eu sei que há milhares de esperanças corrompidas ali perdidas. Enquanto viajo no banco de passageiro, aproveito o silêncio matinal que me faz esquecer de tudo, a não ser uma única pessoa.
Meus olhos vagam por um caminho estrategicamente elaborado, para que haja um destino certo ao fim dele, porém eu agora simplesmente não sei para onde estou indo. Nem sei ao menos se quero chegar.
Tento inutilmente concentrar-me em qualquer distração irrelevante que cruze minha frente, porém torna-se a missão mais difícil quando tudo que enxergo transforma-se em você. O barulho do vento que distorce meu rosto não é suficiente para me fazer te esquecer.

16 novembro 2010

Corrompido

E se me perguntarem o porque de eu rodar tantas vezes, percorrendo os memos círculos, sendo que sempre acabo em você, eu não saberia responder. Tentei anteriormente encontrar o que há de diferente em ti para que consigas me deixar assim. Seria clichê absoluto dizer que são teus olhos, pois eu nem os enxergo mesmo, estando eles cobertos por aqueles fios drásticamente negros. Não é o teu cheiro também, apesar de após cada encontro eu voltar para casa sentindo-o, e ficando de alguma maneira feliz por estar com um pouco de você impregnado em mim. O seu beijo é um dos melhores, não posso mentir, mas também não é o motivo principal.
E, ah, quem dera fosse apenas eu. Isso acontece com todos que você captura, pois eles caem no mesmo jogo com mais facilidade ainda. A verdade é que resistir à você tornou-se piada. Então eu - e os outros, infelizmente, como já disse - acabo apenas cedendo. Lanço-me após escutar as palavras que precisava para que o inferno se tornasse paraíso em uma simples fração de tempo. Então veja bem, até nisso você consegue ser melhor do que eu. Fui designado o rei das palavras, mas quem tem total poder sobre elas no fim é você.
E eu tentei anteriormente encontrar o que há de diferente em ti para que consigas me deixar assim. Apaixonado.

14 novembro 2010

Mais do mesmo

Já senti-me assim tantas vezes. Angustiado por não saber o que tu sentes, e principalmente esperançoso para que sejas o mesmo que sinto. É a mesma velha história onde duas pessoas que estão separadas por algo chamado destino precisam enfrentar qualquer empecilho para que fiquem juntas. E, bem, como isso já deve ter acontecido com você, deves saber qual é o fim. Se um dos dois não desiste, a própria distância emprega-se em separar algo a mais além dos corpos: o sentimento.
Entre você e eu, espero que seja diferente. Foi o mesmo que desejei com outras pessoas, onde realmente acreditei que daquela vez em especial daria certo (o que não acabou sendo). Mas tenho de sobra o amor necessário para que motive-me a lutar por isso. Quero concretizar o que agora é apenas um sonho, e sei que tudo ficará muito bem quando eu encontrar o seu abraço. Será difícil quando dar-me conta de que não posso permanecer nele por muito tempo, e que logo terei de voltar, mas também sei que terá valido a pena.
Por você, por mim, eu estou acreditando no amor mais uma vez.

09 novembro 2010

Cego

Você apareceu em meus dias como se primeiramente fosse apenas uma brincadeira de mau gosto. Sabe, daquele tipo que você evita por ter medo que não seja algo real. Não posso dizer que passou algum tempo para que eu acreditasse naquilo tudo (e isso inclui você), pois logo me lancei para o até então inexiste. Para você. Não tive medo de cair, pois até aquele momento eu já havia caído tantas vezes, e mais uma não faria grande diferença. Simplesmente fechei os olhos, confiei nas poucas palavras que havia me dito e encarei aquela que seria a minha nova tentativa fracassada de amor.
Posso dizer agora que o adjetivo que eu acabei de chamá-la tornou-se inteiramente falso quando enfim voltei a enxergar, e a estúpida de minha visão encontrou os teus olhos tímidos e dispersos. Uma rápida caminhada sem sucesso algum, minutos debaixo de uma árvore gigantesca, e as nossas tentativas aparentemente fracassadas de causar inveja aos outros foram os aspectos suficientes para que eu me rendesse de vez. Você estava ali, ao meu lado, sorrindo ao falar aquelas palavras de pronúncia engraçada, e banhado pelo mesmo velho e exausto sol de novembro. Eu podia acreditar que você correu atrás de mim para que me salvasse de tanta frustração de outrora, porém creio que seja cedo demais para pensar assim.
Prefiro acreditar que o que está acontecendo é o que eu sempre quis. E, exatamente agora, eu prefiro continuar cego, pois assim torno a distância invisível.

07 novembro 2010

Por um fio

Quinze centímetros de barbante comum foram necessários para o que eu desejava realizar. Cortei-o e depois o envolvi em torno de meu pulso, amarrando duas vezes para que o mesmo não se desprendesse com facilidade. Seria, a partir de então, uma espécie de amuleto. Algo de mim para mim mesmo.
Junto com isto apareceram mais. Pulseiras variadas, de diferentes cores, e cada uma representando um pessoa em particular. Amigos e amores que mantiveram-se simbólicamente. Devo admitir que foi um bom momento quando via que o meu pulso ia desaparecendo, sendo coberto cada vez mais por aquelas cordinhas baratas e coloridas. Significava que os dias de tristeza haviam de vez ido embora, e finalmente - como um tipo de recompensa tardia - eu estava rodeado por novas faces.
Acontece que tudo é mutável. Pessoas se vão tão rápido quanto as promessas que elas anunciam. Revoltam-se com sentimentos de dúvida, sufocando-se cegamente nas próprias palavras. E as pulseiras... Bem, elas foram simplesmente caindo de meu pulso. Talvez porque não eram fortes o suficiente para continuarem presas à mim.
Ao olhar para as duas que restaram, lembro-me de que a cordinha de barbante talvez seja a única que continuará, pois o único em quem posso confiar sou eu mesmo.
Por enquanto.

03 novembro 2010

Sentir... duas vezes

Ajo friamente. Esqueço os sentimentos. Esforço-me para que sorrisos doces sejam apenas um detalhe. Tudo com a intenção de não me machucar. Mas torna-se inevitável quando as pessoas criam vínculos expontâneos e rápido demais com você. Pessoas sentem, e esse é o problema. Apegam-se ao que deveria ser considerado apenas como diversão, pois no fundo elas sabem de todos os impedimentos de qualquer relacionamento que possa surgir a partir dalí.
E, como se nada além disso pudesse ser pior, acontece duas vezes. Com duas pessoas diferentes. Ao mesmo tempo. É aquela turbulência de sentimentos que te deixa louco, fazendo com que você se perca em promessas e beijos roubados. Você se ilude com noites intensas e abraços que costumavam lhe manter aquecido. São dois. Ou melhor, três. E uma relação, pelo que se conhece, vale para duas pessoas.
Então você se vê na obrigação de escolher. E, hm, você sabe que escolhas e você mesmo nunca foram a melhor das combinações. Não há iniciativa nenhuma vinda de sua parte, então tudo que está acontecendo acaba se acomodando. Torna-se padrão, e o que costumava existir desaparece.
Entre fazer uma escolha - onde alguém obviamente sairá prejudicado - e deixar de amar, você claramente escolhe desistir.

Verdadeiramente falso

Enumero meus erros ao mesmo tempo em que penso que arrepender-se deles seria inútil. Se chegou a acontecer, é porque permiti, então no momento não era exatamente um erro.
Ajo por impulso, porém quando se faz necessária a presença de uma tomada de iniciativa, apenas vejo o nada passar diante de mim, pois permaneço no mesmo lugar, esperando atitudes alheias que não acontecem.
Escondo o que sinto, mesmo que seja forte para que torne-se visível, pois não desejo que qualquer um saiba que aqui dentro ainda impera um sentimento denominado amor.
Descontrolo-me ao pensar que perderia tudo que agora tenho (e que um dia era apenas um sonho certamente inalcançável) com um simples punhado de palavras decisivas. Então prefiro mantê-las acomodadas em um lugar no fundo de meus pensamentos.
Minto para que tudo fique bem, pois eu simplesmente não suporto magoar outrém. Quero o sorriso em todos os rostos, e esse é o jeito mais fácil de consegui-lo.
Eu acho que a mentira é a maior de todas as verdades.

24 julho 2010

Menina da Consolação

Mergulho no mel de teus olhos sem saber
A vida doce e pacífica que teria longe daqui
Talvez fosse difícil olhar ao lado e não encontrar você
Sabendo que tudo é sonho, e da fantasia preciso partir

Intocável, puramente admirável
Encontrei um amontoado de sorrisos depois que viestes a mim
Questionável, simplesmente tão amável
Que até o mais duro dos corações luta para resistir

És tão pequena e já és tão mulher
Cores nos lábios e sapatos nas alturas
Com asas percorro caminhos, vou até onde estiver
De nada vale a vida se não cometemos loucuras

Te farei dançar quando a música estiver ausente
E na escuridão livrar-te-ei do mal
Caso precises, saiba que estarei sempre presente
Minha doce e eterna princesa de cristal

Desconheço teus gostos, não fui apresentado aos teus sabores
Oh frágil menina da Consolação
Procuro forças se precisar tirar-te alguns temores
Porque aqui já bate forte um apaixonado coração


21 julho 2010

Sinopse: Você Pode Guardar um Segredo?

Não havia nada de errado acontecendo no Condado de Greenpack até Christine reed começar a receber aquelas fotografias. Sempre enviadas em envelopes de cor laranja, a laboratorista passa a perceber que as imagens de um fotógrafo misterioso estão falando com ela por meio de enigmas que a jovem conhece muito bem. Tendo o seu passado trazido para os dias atuais - um acidente de três anos antes que até então estava mantido em segredo -, ela vê-se presa em um jogo que não tem previsão para acabar, apenas tendo sido iniciado por opção dela mesma. Envolta em segredos muito bem ocultos, Reed cai na armadilha criada e passa a jogar sem cartas na manga quando vê que os seus amigos mais próximos foram adicionados como peças de um tabuleiro psicologicamente esgotante. Para entender a razão pela qual o seu segredo está em jogo, ela precisará descobrir quem se encontra por trás de tudo isso antes que o seu perseguidor anônimo cruze a linha de chegada.

Revisite os seus medos e encontre os suspeitos antes que eles encontrem você.

Primeiro capítulo

Eu passei o dia a procurar o sol.
Porém, parecia impossível. O cenário era perfeito: A cidadezinha isolada, o frio que congelava cada movimento, a chuva torrencial, e por fim nós dois.
Estava apreensivo, e ao mesmo tempo eufórico. Seria tudo ou nada. Perfeito ou decepcionante. Era como jogar uma moeda para o alto e esperar que o lado correto caisse virado para cima. E foi o que aconteceu. Tive, sem nem precisar pensar duas vezes, o melhor de todos os dias. Intenso, memorável, escrito sem falhas. Lembro de faltar-me o ar quando você tomou ele todo de mim. Fui lá e roubei-o de volta. Quem você pensa que é para roubar o meu coração desse jeito?
Os teus olhos guardavam o que eu tanto havia procurado, e o teu sorriso me levava até lugares desconhecidos. Agora está tudo ainda aqui comigo, e manterei na memória até que possamos começar um novo capítulo. Espero que o nosso livro seja longo e repetitivo, pois disso eu não reclamarei. Não espero um final feliz, pois não quero chegar ao fim se nele você não estiver. Quero permanecer aqui, congelado no tempo, de preferência em teus braços.
E eu demorei algum tempo para dar-me conta (talvez estivesse ocupado demais, perdido no teu peito), mas facilmente percebi que o sol sempre esteve escondido no teu olhar.

19 julho 2010

Sinopse 'O Menino Debaixo da Minha Cama'

Sophie é uma adolescente de dezesseis anos comum, diferentemente de seus problemas. A garota de cidade pequena que mora em uma terrível casa que fora pintada de roxo não tem mais motivos para viver: A irmã está grávida do namorado motoqueiro, o bebê que a mãe tivera durante o segundo casamento a faz acordar todas as noites, o seu padrasto é um bêbado sem grande futuro e o irmão caçula... Bem, ele é o caçula. Brincando de viver arrastando passos, a sua vida porém ganha um novo sentido ao conhecer Jonas, um introspectivo garoto que ela encontra em um parque abandonado perto de casa. Imersa em tantos novos segredos, perguntas sem respostas e, claro, no perigoso amor, descobre que o garoto é, na verdade, um pequeno fugitivo. Encontrando nele um motivo para acreditar na vida, ela arrisca o inesperado ao escondê-lo debaixo de sua cama.

18 julho 2010

Há somente uma coisa que eu não entendo...

Dentre tudo que aconteceu entre nós, há somente uma coisa que eu não consigo compreender.
Foi lindo no começo, apreensivo e ridículo. Meus olhos presos aos teus, mesmo que isso não tenha ficado realmente claro. As mãos que tremiam, demonstrando todo o medo que vinha de dentro de mim.
E aí foi mágico. Ao seu lado, mesmo que com outros mais, mas ao seu lado. A nossa conversa tímida na primeira vez que ficamos sozinhos, e o som vindo de você que não pude escutar. Não dormi naquela noite, pois estava muito ocupado pensando em seu sorriso.
O dia seguinte foi mais calmo. Eu sabia que estava disposto a fazer aquilo. Provar um pouco de você, transformar aquilo novo em 'nós'. Podes ler esse pedaço de confissão agora e perguntar se é para ti. Não tenha dúvida. Eu precisei desse espaço para dizer o que senti, pois nunca tivemos uma conversa séria. Você nunca me explicou o que éramos, o que fomos... Se é que fomos.
Depois daquele segundo dia, dali para frente, pensei que todas as nossas promessas e desejos de anteriormente iriam se concretizar. Tu pode lembrar ainda? De tudo que sonhamos... Tudo que nunca virou realidade. Tudo que ainda espero. Tudo que você não quis enxergar. Tudo que era simplesmente um pouco de nada.
E há somente uma coisa que eu não entendo... Por que você nunca me amou?

17 julho 2010

Fragmento

Este pedaço de pele morta
Que um dia você tocou
Seus dedos encaixaram-se perfeitamente
Em minha palidez
Este pedaço de pele morta
Que sofre com sua ausência
Sufocando-se em ilusões
De uma volta inesperada
Este pedaço de pele morta
Por onde o sangue não mais corre
E as veias fazem curvas dispersas
Para percorrer o que de vida ainda há em mim

14 julho 2010

Um

Pessoas trazem sorrisos estampados nas faces ao meu redor, e eu sou o único a não fazer o mesmo. Pares de mãos dadas vagam em volta, mas eu sou o único a andar somente com minha própria alma. Há conversas paralelas, risos desconfortáveis, e eu sou o único a permanecer em silêncio. Enquanto caminho entre a multidão, desespero-me ao perceber que estou por conta própria. Eu sou o único que desconhece as reais funções do coração.

13 julho 2010

Meu Querer

Eu queria sentir
Algo além da dor
Voltar a sorrir
Re-conhecer o amor

Eu queria sonhar
Mais uma vez
Contigo voar
E o medo vencer

Eu queria tudo
Eu queria o nada
Sei que ali no futuro
O meu desejo se cala

11 julho 2010

A escuridão chama

Por mais que doa, recuso fechar os olhos. Estes, que imploram por descanço. No momento em que cheguei, a verdade é que o meu ser é quem pede por piedade. Não sei por mais quanto tempo ficarei a auto mutilar-me, porém irei até o fim.
A escuridão chama, e esse é o meu medo. Fechar os olhos. Se o fizer, sei que será para sempre. Tenho medo de fechar os olhos e parar de sentir, pois a dor é tudo que me restou, e ela - no fim de tudo -, ainda é um sentimento.
Tenho medo de fechar os olhos e encontrar você.

10 julho 2010

Adeus

Nós sabemos que é proibido
E isso só nos faz continuar
Você diz que sim no primeiro instante
E no tardar põe-se a culpar

Eu faço o que tenho vontade
Por ímpeto, sem pensar
Cansei de importar-me com o que acontecerá
Mesmo se o meu coração no fim quebrar

Então eu vou embora
Só largue o meu braço por favor
Não olhe em meus olhos tristes
Sedentos pelo que eu chamaria de amor

Raiva do teu beijo que me impede
De tomar o caminho certo
Ódio das tuas mãos que me abraçam
Quando o teu corpo ao meu chega perto

Escuto a tua voz que me envolve
E que arranca-me lentamente o ar
Nós sabemos que é proibido
E isso só nos faz continuar


07 julho 2010

Inexistência incontestável

A fantasia que a sua mente criou sempre foi fraca para que pudesse ser vencida pela verdade a qualquer momento. Como sempre, a sua visão embaçada o proibiu de enxergar além. O dia em que a sua vida volta a ser como sempre foi é o pior, pois nela não há aquele certo motivo que faz o seu sangue pulsar. E, nessa oportunidade, você descobre que a perfeição sempre esteve mascarada com tudo o que você sempre repugnou.
Agora, por mais vazio e quebradiço que você esteja, você pode afirmar que não vale a pena insistir no que nunca existiu.

Sincronismo

Eu te amo ao mesmo tempo que consigo te odiar. Eu sigo os seus passos ao mesmo tempo que desejo deixar de assim fazê-lo. Eu beijo os seus lábios ao mesmo tempo que me beijas, com intenções diferentes. Eu olho nos seus olhos ao mesmo tempo que me olhas, mas a profundidade em meu olhar supera a sua. Nossas mãos encaixam-se perfeitamente ao mesmo tempo, porém sei que no fundo você quer logo se ver livre. Eu respiro ao mesmo tempo que você, porém com frequências diferentes. Isso porque aqui dentro eu tenho um coração que bate com rapidez, acelerado pelo sentimento mais estúpido que insisto em cultivar.
Amar você ao mesmo tempo que não sou correspondido é a nossa maior falta de sincronia.

A existência de minha inexistência

Meu olhar petrificado no nada demonstra que já deixei de observar com proeficência o que acontece em volta de meu corpo inútil. As estrelas logo ali, iluminando com dificuldade o pano negro que costumam chamar de céu, presenciam que respiro menos do que deveria. As possibilidades costumavam me cercar, porém agora elas não passam de fantasias criadas pela minha mente, simplesmente inexecutadas. A destruição que devastou toda aquela parte de mim que costumava saber o que 'sentir' significa foi tão grande que fez com que o sangue perdesse velocidade. Corpo é apenas a carcaça encarregada de ainda cuidar da minha alma. Talvez isso seja apenas o começo da morte.
O som das árvores dançando suavemente, embaladas pelo vento. Os meus punhos cerrados, tentando demonstrar o que eu ousaria chamar de força, porém isso obviamente já não me é mais permitido. Se eu ainda pudesse descrever o vazio, diria que ele é o lugar mais doloroso em que você pode estar. Não há ar, é sufocante. Angustiante, traumatizante. Meu tranquilizante.

05 julho 2010

Descanse em paz

Eu quero que você morra. Quero que deixes de respirar. Desejo sinceramente que os seus olhos encontrem a escuridão. Rezo frequentemente para que não sintas mais o gosto amargo da vida.
Todos os dias venho pedindo piedosamente para que os seus movimentos cessem e fiques petrificada como estátua.
Eu quero que você morra para que consigas ficar ao meu lado, pois o seu amor - ou a falta dele - já matou-me há muito tempo.

30 junho 2010

Loucos analistas de si mesmos

Pinto com a caneta aleatoriedades nas costas das mãos e respiro fundo antes de falar, mas isso não quer dizer que eu pense de antemão tudo que digo.
Mordo os lábios para passar o tempo, mordo os dedos para ignorar a apreensão, mas isso não quer dizer que eu consiga espantar a ansiedade.
Arrumo a franja repetidas vezes, ajeito a roupa para que não amasse, mas isso não quer dizer que eu possa ser rotulado com algum estilo pré definido.
Escrevo sobre linhas retas sempre na diagonal, nunca respeitando a formatação correta, mas isso não quer dizer que eu não saiba quando estou ultrapassando limites.
Escuto músicas que não deveria, gosto das melodias que deveria deixar de lado, mas isso não quer dizer que eu não fique extremamente feliz ao provar o proibido.
Gasto horas na cama antes de dormir, preenchendo o meu travesseiro com pensamentos, mas isso não quer dizer que eu não saiba que eles são passageiros.
Danço quando ninguém está olhando, frenética e exageradamente, mas isso não quer dizer que eu não vá dançar quando todos estiverem observando.
Relato o que a mente manda e as mãos traduzem, mas isso não quer dizer que os meus devaneios sejam dignos de análise psiquiátrica.
Porque eu danço, escrevo, arrumo, respiro, escuto, gasto e penso assim como você. Diferentemente de você. E, no fundo, isso realmente quer dizer que todos somos loucos.

Montanha-Russa

Estava nervoso, esperando tempo demais naquela maldita fila. Os dedos suavam, e eu olhava para todos os lados como uma criança perdida dos pais. Então a nossa vez chegou. Escolhi o primeiro carrinho, pois decidi desfrutar ao máximo de minha súbita coragem. Se viveria a maior emoção de minha vida, então a faria valer a pena.
Ao meu lado estava você, que gentilmente pegou em minha mão fria, tranquilizando-me do que viria a seguir. Olhei em seus olhos convidativos e enfim o trajeto começou. O carro moveu-se com certa lentidão, subindo logo no começo um inclinado trecho. Tudo ocorreu muito bem, eu diria. Admito que estava ansioso para ver o que viria em seguida. Mas, naquele momento, eu estava ocupado demais, admirando a paisagem lá do alto. O mundo estava ao meu redor, porém meu olhar insistia em focar-se apenas no seu sorriso.
A subida enfim terminava, e de prontidão pude observar a descida que vinha em frente. Foi aí que o misto inexplicável de sentimentos começou. O nosso carro desceu com toda a força, e meus pensamentos moviam-se com a mesma pressa, impossibilitados de exercerem algum tipo de organização. O meu coração girava, feliz como nunca, e os meus dentes à mostra denunciavam a felicidade encontrada depois de tanta procura.
Como se não pudesse ficar melhor, logo entramos em um daqueles loopings. O giro que nos deixou de ponta cabeça manteve a minha alucinação. Mal sabia eu de que ela era passageira.
Só entendi a gravidade de tudo quando, ainda emocionado, vi que a montanha russa não tinha fim. Os trilhos inacabados em nossa frente nos levavam para a morte certa.
E eu, cego pelo passeio inusitado, estava muito ocupado para pensar no fim. Este, que na verdade não existia.
O carro veloz deixou o percurso e voou para longe dali, arremessando-nos em direções opostas. O resultado de minha tentativa de aventurar-se foi que acabei destruído. Quando à você, saiu ilesa.
Há sempre uma filha da mãe que sobrevive.

27 junho 2010

Você

Difícil de descrever. Ser perfeito e imperfeito. Amável e detestável. Meu e do mundo.
Você, que com o mais tímido dos sorrisos pode pintar o mundo de outra cor, e até mesmo colorir o que apenas vejo em preto e branco.
És a pessoa que faz-me ir da felicidade ao desespero em segundos, e eu sem medo digo que gosto disso. Pois é como viver sem roteiro, sem falar frases usualmente decoradas.
Você, que consegue transpassar em um único abraço tudo que falta em mim, suprindo assim as minhas inexistências.
Certamente estou enganado em vários aspectos sobre quem éres, cego pela magia do amor. Seres perfeitos não existem, mas permitirei a mim mesmo acreditar no contrário durante alguns dias.
Isso tudo porque no momento em que estou não há perfume tão doce que invada meu ar tal quanto você.

26 junho 2010

Cifras inconstantes

Cheguei à conclusão de que pessoas são como músicas. Estilos variados, fáceis de uma rápida classificação. Há aquelas calmas, que fazem você flutuar. Também existem aquelas agitadas, que fazem os seus dias virarem de ponta cabeça. Há as clássicas, certamente as mais frágeis; as eletrônicas, sistematicamente robotizadas; as de curta duração, que você mal vê passar; e as de longa duração, que demoram para ir embora. Pessoas são melodias inacabadas.
Tem aquelas que você aperta o play e aproveita até o fim. Outras você decide pausar na metade, para, quem sabe, um dia voltar a dar o play. Ainda tem aquelas que você logo dá stop, e passa um tempo se questionando se foi cedo demais. Existem as inesquecíveis, que você certamente levará até o fim; as que grudam na sua cabeça por um tempo, mas que você tem certeza de que logo serão esquecidas; e as insuportáveis, descartadas logo após a primeira execução.
Pessoas e músicas são o mesmo. Existem inúmeras, todas diferentes, para gostos diferentes. Porém, você sabe que música é algo inconstante, e que são raras as que ficam para sempre. A maioria torna-se enjoativa enquanto o tempo decide passar. E, enquanto você não encontra a melodia certa - aquela que você fica tanto a procurar -, passam-se várias listas de reprodução, execução atrás de execução.
O rádio da vida nunca pára, e é impossível desligá-lo da tomada. Por isso, quando apertarem o play, mantenha os ouvidos bem abertos e... Boa sorte.

25 junho 2010

Batalha encerrada

Eu já falei para mim mesmo várias vezes que estava desistindo disso. Amar é render-se, e eu nunca fui desse tipo de pessoa. Dedicar-me por inteiro para outro alguém, gastar horas com a mente ocupada. Isso nunca foi típico de minha pessoa. Sempre agi friamente, nunca dei importância relevante para sentimentos.
Porém eu não posso negar que o amor é inúmeras vezes maior do que eu, e lutar contra ele é perda na certa. Então, por mais que doa, eu vou apenas me render. Não ao amor, mas sim à desistência.

24 junho 2010

Junho

Nossos olhares cruzados debaixo das árvores sem importância
Rodeados por conversas aleatórias e insignificantes
Talvez você só precise de uma pequena mudança
Ou até mesmo de um amor que seja consideravelmente marcante

Preciso insistir que as pedras de esmeralda em teus olhos me deixam cego
E que os meus braços degladiam-se para não te tocar, ah se eu pudesse...
Há pessoas ao meu redor que alimentam o meu ego
Porém isso não tem a mesma relevância quanto se fosse tu que o fizesse

Finjo alegria, e no fundo nem o meu coração ri
Pois o silêncio faz parte de mim agora, e você precisa perceber
Que o meu amor está aqui, guardado pra ti
E a única coisa que você deve fazer é escolher

Mas as tuas palavras confusas, tão difíceis de organizar
Os teus textos difíceis que passo horas a decodificar
Tudo que dizes parece ter o objetivo de atingir diretamente a mim
Porém tenho medo que sejam para outro alguém, e que eu seja apenas mais um
Coração solitário no fim

Ponteiros de plástico

O relógio está sob a minha cama, preso à parede. Os seus ponteiros movem-se com certa pressa, querendo atingir logo a linha de chegada, sendo que ela nem mesmo existe. A trilha sonora é o tic tac incessável que reina soberanamente. No meu quarto pintado de negro, luz é apenas um objetivo inalcançável, assim como você.
Apesar disso, continuo repetindo para mim mesmo que a coisa mais inútil a se fazer é sofrer pelo amor. Agarrar-se com todas as esperanças à uma pessoa é tão inútil quanto tentar agarrar uma bóia em um oceano em fúria. As pessoas vão e vem, somem e reaparecem. Assim como a bóia.
Amor não existe.
Ok, exagero.
Amor demora para aparecer.
Ok, certeza.
Paixão é o sentimento certo. O mais ridículo deles, eu diria.
É ela que faz com que você fique parecendo um retardado a cada passo que a pessoa amada dá. É ela a responsável pelas suas longas horas de pensamentos sobre alguém que não está pensando em você do mesmo jeito. E, por fim, também é ela que te ilude, fazendo-te acreditar que o amor já chegou, mas na verdade ele ainda nem apareceu. Ele só irá tornar-se presente depois que a paixão passar. A euforia, a ansiedade, a apreensão... Tudo vai embora, e aí o amor acontece. Não direi o que vem depois disso, pois eu ainda não cheguei nesta fase. Eu digo, ainda não o alcancei.
E, é, talvez seja inútil mesmo sofrer pelo amor.
Pelo menos enquanto ainda nem o conhecemos.
Mas os ponteiros... Bem, eles continuam a avançar.

20 junho 2010

Idiota!

É o que minha mente grita sem parar. Como você pode ser tão estúpida e pretensiosa? Alguma pessoa conseguiria ser menos incalculada do que você?
Os dias passam, mas as pessoas continuam as mesmas, até que desejem enfim mudar. Isso vai totalmente contra os seus princípios, porque essa tal palavra, sinônimo de transformação, parece não existir no seu dicionário. Continuarás a mesma até quando? Quanto mais irá durar isso tudo?
Não desperdices as oportunidades, pois as duradouras são raras, e você deve agarrá-las enquanto pode. Se não o fizer, sabes que adiante restará apenas você. Pois, como já disse, o tempo passa, e as pessoas mudam. Todas as coisas evoluem, e um dia você precisará fazer o mesmo. A minha certeza é a de que será tarde demais, e não haverá ninguém ao seu lado. Você terá deixado partir quem te quis, e não haverão mais amigos para curtirem a vida ao seu lado. As pessoas estarão ocupadas demais para divertirem-se por apenas uma noite.
E eu estarei aqui, ao lado de outrém, nem sequer lembrando da sua existência. Pois eu avisei que você ficaria sozinha. Idiota.


Fim

Ao chegar no fim você se dá conta de que as histórias de amor não existem tão facilmente. Entende que as pessoas são ocupadas demais para viver um grande romance cheio de fantasia - esse que você sempre sonhou em fazer parte. Acaba tendo a certeza de que você não é dono de nenhum castelo e não existem príncipes, princesas, sapos ou cavalos brancos. Contos de fada não existem. Criaturas malvadas que você pensou que seriam facilmente derrotadas persistem atormentando-lhe para mostrar que a vida não é composta de magia e felicidade durante toda a parte do tempo. No fim você entende que não há um beijo para selar um compromisso de vida inteira, e que amores vem e vão. E, por mais que você queira rapidamente manter um, é necessário muito aprendizado para que você talvez, com muita sorte, possa encontrar aquele sujeito que compartilhará os seus poucos momentos de alegria. Porque estar com alguém é assim: Palavras selam um compromisso, e a partir daí tudo se perde. A espontaneidade das coisas vai embora na mesma rapidez com que o sorriso na sua face desaparece. O seu pobre e tolo coração sente-se enjaulado e você percebe que os melhores segundos da sua vida foram aqueles impensados, acontecidos unicamente devido ao acaso. E eles não voltarão enquanto você estiver ao lado de quem você pensa ser o seu cavalheiro medieval. Porque a vida não é um conto de ninar, e as primeiras palavras que você escutou ao nascer certamente não foram 'Era uma vez...'.

11 junho 2010

Tarde demais

O meu corpo dolorido não suporta mais nada
Porém tu insistes em ser mais um grande peso para mim
Talvez eu somente deveria não dar importância
Para coisas estrategicamente transitórias
Não que eu não queira te abraçar a cada segundo
Não que o meu peito não se reduza a menos zero sem você
É só que eu não quero destruir-me mais ainda
Pois eu tenho certeza que chegaria ao fim sem teus olhos cor-de-folha
Sei que nada acontece em um único piscar de olhos
E que são necessários vários deles para concretizar
Mas a questão em minha mente é aquela mesma
Será que eu quero continuar, sabendo as consequencias de arriscar?
Meu peito martela sempre o mesmo sentimento
Enquanto meus braços tentam agarrar-te na escuridão
Mas é inútil tentar tocar as suas mãos
Se elas não estão presentes quando mais preciso
Quero que saibas que se um dia leres isto
Eu estarei te esperando
Mesmo que agora eu não pare de pensar
Que cheguei tarde demais