25 dezembro 2011

III

Era uma vez três adoráveis pinos, partes de um novo jogo de tabuleiro. Em muito eles se diferenciavam, vou falar-lhes do primeiro. Dose mortal de loucura detinha, olhos grandes e boca deveras carnuda. Seguia gritando que jamais amaria, porém quando o fez acabou muda. A segunda veio um pouco depois, mas todos sabiam que ela sempre esteve ali. Baixa estatura, explodiu seu segredo de ímpeto. Cabelos negros como a noite em que a conheci. O terceiro jogador foi um pouco mais além. Avançou bastante casas, porém retrocedeu algumas. Nunca guardou as suas jogadas, espalhou-as pelo tabuleiro. Mal sabia ele que o jogo sempre muda. E o dono disso tudo, como posso eu falar? Jogador maior, tinha poder para qualquer coisa alterar. Mas ele pareceu-me confuso, nunca soube o que queria. No fundo desejava que suas amantes continuassem sendo apenas duas amigas. E o terceiro jogador... Bem, quanto a ele não soube o que fazer. Ajudá-lo a cruzar a linha de chegada não poderia, pois tinha medo de crer. Que alguém enfim havia conquistado a sua batalha sem muito pensar. Estava ele, o terceiro jogador, perto de um jogo inteiro conquistar. Então o que poderia este mestre dono de tudo decidir? Por medo acabou com tudo, fechou o tabuleiro, descartou os pinos, deixando-os partir.

2 comentários:

  1. lindo texto! cheio de coisas no ar, subentendidas...

    ResponderExcluir
  2. "Por medo acabou com tudo, fechou o tabuleiro, descartou os pinos, deixando-os partir." Lindo, lindo, lindo!

    ResponderExcluir