06 julho 2011

Faz de conta

Que belo mentiroso sempre fui!
Perambulando por aí com aquelas feições alegres e, quase que ininterruptamente, destribuindo sorrisos - até mesmo para quem não os merecia. Uma felicidade de estranhar os olhares em minha volta, sempre tão aguçados a ponto de descobrir o tal segredo de tamanha explosividade positivista.
Mal sabiam todos que eu era um mentiroso. Intérprete formidável de uma inexistência. Ali dentro de mim rebelava-se inaudível um coração partido, que tentava a todo custo ser notado. E eu sabia que ele estava ali, porém ignorar era uma opção aceitável para evitar futuras revisitações ao que conheci como decepção. Então era tudo fingimento. Não havia transparência, sendo tudo faz de conta.
Porém hoje não é mais assim. Bem, continuo com dentes à mostra de lá para cá, e creio que ainda há aqueles que mordiscam seus lábios na tentativa de descobrir o porquê de não haver lágrimas correndo de meus olhos. Mas essa parte toda é real. Não há mais atuação. E é aí que intrigo um pouco mais, deixando tudo em silêncio. Afinal, ninguém precisa saber que é por ti que deixei de sonhar para sonhar mais ainda. Meus sonhos de verdade.
Mantenho quieta aqui dentro a impossibilidade de querer-me como te quero, exatamente ao lado da felicidade de querer-te como ninguém mais quer.
Fazendo de conta que te tenho porque assim não preciso fazer de conta que sou feliz.

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