12 maio 2012

Estraçalhar a tua boca

Percorro avenidas desta cidade interiorana acreditando cruzar a orla de Copacabana. Caminho lenta e despreocupadamente pelo concreto todo cinza que, para mim, é tão macio quanto a areia dourada cobrindo a praia que em pensamento visito. Tudo está certo, não há nenhuma alteração para fazer. Em meu rosto há um sorriso - veja bem, mas que surpresa -, e dentro do peito um vazio que apenas não contesto, pois no momento estou gostando dele assim.
E aí tu passas. 
Tu passas fazendo graça, mas que desgraça!, e o vazio é tu quem matas - e sem querer me arrematas. Frágil, creio que este seria o adjetivo correto para te definir. Cuidado, pode quebrar. Então venha, eu quero tomar conta de ti. Prometo não embalar-te em plástico bolha, porém não deixar-te-ei sem proteção alguma. A partir de hoje, se quiseres, meus abraços serão os teus novos melhores amigos. Tu, composição de um metro e sessenta e um que desfila por esta praia fictícia, mal sabe que eu já desejo levar-te até a lua. E isso tudo por conta da boca tua.
Sorristes, porém em uma ocasião inédita não me atraí por isto unicamente. Foram então aqueles lábios que acredito serem recheados de açúcar... Chocolate branco tão gorduroso que poderia me satisfazer, nutrindo o desejo despertado aqui. Vem, deixe-me provar-te. Quero laçar-te neste fim de tarde, para assim quem sabe só liberar-te no amanhecer. Refém de minha querência, eu quero mesmo é estraçalhar a tua boca, tirar a tua roupa e te fazer entender. Compreenda quando digo que voz assim só ouvi de ti, que foi com este cabelo quase loiro jogado para o lado que me rendi, e que ao olhar eu percebi.
Que boca como a tua eu não vi nenhuma, porém, em suma, quero ela para mim.

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