30 maio 2012

Chifre de Titânio

Quinze meses passaram desde que te conheci e insólitamente estou ao teu lado - talvez mais do que deveria. Circundeando meus olhares para ti, há alguém a julgar. E, bem, eles estarão sempre ali, acreditando que 'tu e eu' se trata de algo que apenas não deveria existir. Não desta maneira. Jogando minha cabeça para trás, sossegado em teus braços, enxergo o céu logo ali, o qual tu tratou de colorir. A nossa tela infinita, que andava meio branca, tomou cores e formas. Exatamente agora, enxergo tons confusos e nuvens em formato de ponto de interrogação.
Nessa estrada que tu e eu, um par de motoristas sem carteira de habilitação, decidiu aventurar-se, há curvas perigosas que tendem o incerto e atalhos que nos levam até lá - mas nos resta saber do que se trata esse destino. Olho para o retrovisor e vejo papéis de chiclete com um eu te amo rabiscado, anéis de faz de conta que simbolizam relação nenhuma, e até mesmo um par de sapatos que ficou esquecido por insistência minha - eu espero que tenha sido por isso. Tudo muito novo - uma contradição engraçada por nós dois nos tratarmos como velhos amigos -, e ao mesmo tempo tudo muito amedrontador.
Receio as vezes por infinitos motivos. Metade deles são estúpidos, fruto apenas de meus pensamentos em demasia. O que sobra, no entanto, diz respeito ao fato de que ainda existe uma barreira a nos separar. Esta que, sendo resistente o bastante para que até mesmo a minha vontade seja incapaz de quebrá-la, bloqueia a minha entrada. Teu chifre de Titânio - como tu mesmo resolvestes chamar - é para mim ainda aquele impasse que faz repensar. Tu deverias saber que não quero ter de abandonar o meu carro no meio dessa estrada, porém, deverias saber também que o que quero menos ainda é, na próxima curva, pluralizar a tua decepção.

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