11 fevereiro 2011

Cama de incertezas

O barulho irritante daquele velho ventilador de teto era o único som do quarto que jamais conhecera iluminação artificial. Passava das onze quando tive a certeza de que meus pensamentos não passavam de caos. As imagens das escolhas a serem tomadas eram pintadas de tons suaves no teto diante de mim. E eu ali, deitado naquela vasta cama de colchão de molas duras, imaginando o que deveria ser feito. O que era impossível de se concretizar, pois eu jamais chegaria a uma decisão. Morrer ou continuar vivendo, no fim os dois eram absolutamente iguais. Respirar tornara-se tão sufocante quanto perder o ar caso a minha vida também viesse a ser perdida. Literalmente, eu digo, pois em metáfora isso já era uma verdade absoluta.
Aquela cama de incertezas servia-me de caixão.

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