30 maio 2013

Eu ainda


Depois de 30/60/90, apesar de não sermos cheque pré-datado de mercado, eu tenho bem marcado desde o dia em que passei a enlouquecer. Meu bem, lá vai! Tá aqui embaixo o relato, o pífio desabafo que eu acho que nada tem a ver. Porque, meu bem (repetindo), eu tô mesmo é louco. Louco de pedra. Louco de Pedro. De quebra, tá certo, confesso: tô louco por você.

Eu ainda penso algumas vezes antes de falar, e eu bem que tento disfarçar essa minha vontade de querer saber se você não me acha meio fora do comum. Eu admito que ainda pesquiso as músicas que você gosta e eu até anoto todas as notas só pra aprender e poder depois cantar pra você, como se fosse sem querer. Eu me questiono quase sempre se eu sempre devo te dar bom dia, se fazendo isso eu não vou criar uma rotina e você vai cansar de me ver. Eu ainda tenho medo de ser sempre igual e me tornar decoração no seu balcão, num porta-retrato tão cafona que ninguém vai perceber. Nem você.
Eu sei que eu sou meio chiclete, mas, se der, me promete e não esquece que não há eu sem você. Mesmo isso sendo clichê. Assim como não há segunda sem feira, domingo sem dormindo e sábado sem sabadar. Assim como não há Urano sem Netuno, professor sem aluno, uma garoa sem se molhar e uma música cujo refrão não seja só 'lá lá lá'.
Eu ainda passo muitos minutos, chega até a ser um insulto, decidindo que roupa eu vou vestir. Eu ainda receio e rezo: 'por favor, não me ache patético por qualquer frase que eu, por erro, deixar sair'. Eu ainda decoro de cor e salteado o cheiro que teu cheiro tem só pra lembrar e chorar e chorar e chorar cada vez que você não vem. E tristeza é o que mais tem quando eu estou sem. Você.
Eu ainda espero você depois do trabalho, e, ai, que trabalho! Te procurar na saída e não te achar. Acho que todo e qualquer funcionário me acha um otário por esperar sabe-se-o-que-lá.
Eu ainda almoço onde a gente almoçava na esperança vaga de a gente voltar a almoçar. Lá. A atendente já até tá descrente e sabe que na mesa não cabe o pedido que eu pedi e que ela não vai poder preparar. No menu teu nome ainda não consta, então eu saio e pago a conta, mesmo sem almoçar.
Eu ainda sou como aquelas garotas de 12 anos. Traçando e rabiscando o teu nome no canto direito da minha agenda. Tentando, tentando e tentando te alcançar. Te ligando antes, durante e depois do jantar. Como você está? Tá tudo bem? Me diz o que aconteceu. Ei, por que você não responde se aqui aparece que a minha mensagem você leu?
Para, tá tudo bem. Não aconteceu nada. Ontem a noite eu só quase pulei da sacada. Mas isso eu não vou te contar. Imagina só que sorte se você descobre que tá amando um louco que te ama feito louco, louco feito aqueles que se deve internar? Eu ainda acho que se você achar que eu devo me tratar por te amar, tudo bem, não faz mal. Amar tanto alguém assim nunca foi considerado normal.
Meus amigos ainda vomitam álcool enquanto eu vomito palavras que até ontem desconhecia. Esse bocado de pecados de um garoto apaixonado, relatados num pedaço de papel amassado enquanto você dormia. Preenchi lacunas com loucuras concretas na esperança incerta de, antes de surgir o dia, encontrar uma resposta a uma questão incompreendida: ei, meu bem, prosa rimada é poesia estendida?

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