19 março 2013

Elevador


Desço pelos teus braços e recepcionas meu vazio nas costas de tuas mãos. Sorrio e suspiro. Faço fuzarca logo na porta de entrada. Subo um andar e tão pronto estou farejando teus ombros que, despidos como a carência em meu olhar, acomodam meu ser para uma reunião casual. Coisa rápida, mal discutimos as ações que caíram ou cairão. 
Eis que cai uma alça, desliza o vestido no corpo esguio e frio. Quem viu? Blecaute total na sala de jogos que rodeia teu umbigo. Assim nocauteio teu íntimo, e fujo descendo sem nem saber em qual andar o inferno está instalado. Quente. Pegando fogo. Nada literal, graças a Deus. Falta-me o ar ao alcançar o subsolo do teu edifício de um metro e setenta, escorrego a língua pelo Calcanhar de Aquiles que te sustenta. Pensar em rima nessa hora? Nem tenta!
De imediato me elevas e em um segundo estou no teu terraço. Os vales entre meus dedos interpolam-se nos teus fios loiros aperfumados de lavanda. Puxo-os com força, sufoco um grito na tua boca, arranho o arranha-céu. Aproveito e entro na porta localizada bem ao centro, saída de emergência em lugar estratégico onde jamais ninguém entrou. Olá, amor. 
Inunda-se o prédio num banho de realização. Descansa em silêncio o empreendimento bem sucedido. Outra vez dispenso as escadas, tomo o elevador. Agora nem sei para onde me deslocar, que botão apertar. Eu só sei que o teu corpo me leva pra todo lugar.

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