19 junho 2012

Dieta forçada

Acordei hoje querendo iniciar uma dieta. Porém, diferentemente de todas as outras, esta só me priva de uma única coisa. Não, desta vez não estou evitando chocolates e o pão mais calórico com gergelim por cima. Também não estou precisando fazer exercícios físicos, aqueles mesmos que eu sempre odiei, pois agora é diferente. A minha dieta forçada me proíbe palavras.
Comecei então cortando vírgulas, pois decidi que ser direto é muito mais simples. Tá certo que precisamos de pausas às vezes, porém dietas não duram para sempre - e talvez por isso mesmo elas não sejam levadas a sério na maioria das tentativas. Em seguida, eliminei os pontos de interrogação. Isso mesmo, sem mais perguntas. Não preciso saber dos outros, e também não preciso saber de mim. Aquilo que realmente importa acaba aparecendo, de uma forma ou de outra, agora ou depois. Quanto aos 'porquês', nunca fui muito amigo deles. Apesar de eles também serem perguntas e, vez que outra, eu fazer grande uso, quis tirá-los da jogada porque quase sempre são o que estragam tudo. Se algo foi dito, não há o porquê de questionar o porquê - e isso já é confuso demais. É deste jeito que, aos poucos, tentarei rigorosamente omitir alguns travessões fora de hora, alguns parênteses que não vêm ao caso. Isso tudo na intenção de que o meu ponto final seja o melhor dos objetivos.
Então é isso, por sabe-se lá quanto tempo. Estou, a partir de agora, evidenciando o que me importa. Colocando em negrito os momentos que valem a pena. Com marca texto em mãos, estou destacando os sorrisos mais doces e as palavras que devem ser incluídas no meu dicionário. Por fim, decidi ficar com o que me faz bem: pontos de exclamção (uma surpresa é sempre bem vinda), reticências (ninguém sabe o que vem mais adiante) e corretivo (estamos sempre propensos a apagar aquilo que não agrada) foram os escolhidos. 
Quem sabe semana que vem eu já não esteja largando de mão esta dieta e procurando seguir alguma outra. Para um poeta, ter de calar-se é o mesmo que perder o instrumento de trabalho. É por isso então que estou fazendo trocas, escolhas e supressões. Sei que, aos poucos, descuidarei e voltarei a questionar, dizer o que penso. Até porque, de dieta ninguém gosta.

2 comentários:

  1. "segunda feira eu começo"

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  2. Sério, adorei esse texto. Adoro narrativas assim, meio metafóricas, mas que a gente consegue se identificar. Te vi na Bienal de São Paulo e na hora pensei: "Não é o menino do Te pego as 7?". Eu acho que nunca esqueci aquele blog, por gostar muito dele e ser diferente de todos que já vi até agora. Também gostava do Sucrilhos sem Leite. Então, interessada no seu livro, parei aqui e gostei do seu novo blog :D Vou acompanhar!

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