07 junho 2012

Démodé

Trabalho até tarde neste velho emprego que não vai me levar a nada. Espero terminar o dia unicamente para passar no banco e sacar o que tenho, todas aquelas economias de alguns pares de meses. Jogo tudo no fundo da mala, cubro com roupas para não correr o risco - como se fosse conveniente usar esta palavra exatamente agora. Fecho a porta com cuidado e então estou na rua tão fria que o peito queima. Esta noite eu decidi ir atrás de ti.
Cruzo sinais vermelhos porque aqui fora não há ninguém - aventurar-se nas ruas depois das duas da manhã é tarefa de espírito (ou quem sabe nem eles existam nessa cidade esquecida?). Dirigindo contra o vento, organizo ideias do jeito que posso. Rabisco mentalmente alguns planos que certamente não darão certo, mas ainda desejo tentar. No porta-copos, as 200ml de café não conseguem oscilar tanto quanto eu e tu já o fizemos: dois jovens em busca do 'felizes para sempre', sem nem mesmo terem escutado o 'era uma vez...'. E eu ainda posso me lembrar de quando tua melhor amiga disse que eu não te amava de verdade. Mas que mentira! Ela não sabia era de nada. Enquanto todos julgavam a nós, tu habitava minha cama todas as noites. 
Até ontem. 
Porque, agora, eu e tu já nos tornamos démodé
Até esta noite.
Resgatar-te-ei para que saibas o quanto sinto tua falta. Estão aqui, então, todas as minhas economias reunidas para te visitar outra vez. Como vai você? O que tem feito? Sente aqui para conversar comigo. Quem sabe eu e tu não voltemos repaginados - dessa vez podemos ganhar novas cores, porém seguiremos a mesma tendência. Sei que saíremos de cena novamente, logo logo. É sempre assim. Porém, enquanto eu e tu estivermos na moda, faça com que a minha volta renda uma boa capa - o nosso amor estampado todo mundo vai querer igual.

Nenhum comentário:

Postar um comentário