18 março 2011

Efêmeridade

Este é mais um daqueles dias em que você se sente reduzido ao nada. E o cenário à sua volta... Tudo parece coagir na mesma sintonia. O céu encontra-se acinzentado; as gotas descoordenadas de chuva dão o tom que é exatamente o mesmo ao de sua melancolia; e o sol, por sua vez, enconde-se para não testemunhar tamanha decepção. E este dia rotineiro acaba por comparar-se com uma estação de rádio abandonada, onde não há um locutor principal para animar-te e dizer-lhe em entrelinhas o que fazer. As músicas são as de sempre, é uma lista de reprodução repetida, automática. E, inevitavelmente, todas elas te fazem lembrar da dor. E esta última, diferentemente de todas as outras vezes, não está escondida, mascarada. Está sobressaliente, escancarada no teu peito aberto e imune. Todos podem ver teu sofrimento. Nem todos podem te ajudar. As engrenagens que movem o relógio maior - que insiste em permanecer estagnado - tardam a girar. A lentidão envolve-te por completo, e logo ali tudo passa incrivelmente devagar. É sufocante, exagerado, e o frio é capaz de exercer o que você mais gostaria: consumir-te. Mas você não deseja que fosse ele a fazer isso. Você sabe por quem gostaria de ser consumido, completo, coberto de fagulhas possíveis de provocar uma grande explosão. Afinal, é sempre sobre alguém. Precisar de outra alma pura ao lado de ti. E no fim deste meu pensamento efêmero, pergunto-me: Por que necessitamos de atenção absoluta? Por que isso insiste em piorar? Por que viver constantemente dias como este?
Como suposto, eu não sei.

6 comentários:

  1. Parabéns, Pedro. Ficou realmente do caralho! :D

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  2. Muito lindo o blog, textos muito bons!
    postei no meu recomendo .

    http://sonhospracompartilhar.blogspot.com/

    Seguindo..

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  3. Às vezes acho que vivemos no mesmo lugar.

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  4. Estou nesses dias , é uma rotina em que o proprio ser humano si colocou. ameei

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