16 janeiro 2013

Ka-boom!

É uma merda quando você ferra com tudo. 
Quer dizer, lá estão vocês dois, abraçados como se fossem gêmeos siameses, e os dois corpos se encaixam como em uma coincidência incrível. Vocês fingem assistir um filme, trocam beijos e riem, riem, riem. Até passam pela sua cabeça aqueles pensamentos cafonas de que você nunca viu um sorriso tão lindo, e que aquela presença te faz sentir completo. Brega como o amor. Brega e verdadeiro.
E, assustadoramente, tudo ocorre de modo impecável: até agora você não fez nada de errado. Certo que você não soube dizer qual era o nome de uma das músicas da sua banda preferida - isso faz com que eu perca pontos? Aliás, existem pontos? -, e você até mesmo se sentiu a pessoa mais lesada por ser romântica demais e entregar uma música que escreveu - a qual foi lida até a segunda linha e descartada.
Eis que você arranja um jeito de estragar aquela noite que andava muito bem, obrigado.
Sendo você a pessoa mais dramática desse mundinho cafajeste, é óbvio que nenhum 'eu te amo' ou 'se faltasse tempo para você, eu encontraria' consegue ser suficiente. Assim como as suas músicas, presentes, esperas, insistências, beijos e querência não foram. É claro que você, o maior idiota do mundo, vai encontrar uma palavra, um detalhe, qualquer coisa que foi dita sem muito pensar, escondida no meio de algumas frases quaisquer, e fazer disso uma tempestade.
Ka-boom!, chove onde há teto.
Por mais que a sua mente grite para que você pare e deixe de criar o que você mesmo sabe que está criando (e todas as consequências que acompanham), você está tentando parecer o que não é: corajoso, bravo, forte, irrevogável. Qual é, não tente ser isso exatamente quando a sua mente ordena para que você não faça drama. Pois você o está fazendo e, a cada passo, estragando tudo.
E aí batem-se portas, olhares se descruzam, o silêncio toma cena e a partida acontece.

Você chora (pois é você o dramático), você tenta mudar (ei, cortar o cabelo não é lá uma mudança!), você se sente sozinho no mundo (pois só restava uma pessoa mesmo, e você a afastou), você tenta fingir que consegue viver sozinho (más notícias: impossível), você não sabe se liga (não!), você não sabe se tenta se explicar (ei, você tentou isso inutilmente, lembra?), você não sabe se espera (talvez), ou se desiste (jamais!).
Não sabendo nada - aliás, você nunca soube, seu trouxa! - você apenas fecha a sua boca estúpida e promete a si mesmo nunca mais abri-la. Calma, respira. Pela primeira vez, então, como em um passe de mágica, você passa a ser, parcialmente, alguém racional. Isso! Está funcionando, continue!

Mas ainda chove onde há teto, e ainda há saudade onde existe você. No fim de tudo, você vai dormir implorando para a noite que seja lembrado quando aquele chá que vocês gostam for preparado, quando a série viciante de vocês dois for assistida, quando os presentes que você entregou forem remexidos, ou quando amor for o sentimento a triunfar no peito. Sim, você quer ser lembrado.
Porque o que você menos faz é deixar de lembrar.

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