05 dezembro 2012

Enquanto derreto

Lambi teu perfume para manter a boca salgada, e noutro instante eu já estava acordado. Como cubo de gelo, eu estava bem ali, esperando, em uma forma plástica onde existiam outros vários. Congelado, quieto, à espera do momento em que eu precisaria ser usado, ser conveniente. Meu bem, é tão fácil me compreender. Uma simples molécula, três estúpidos átomos. Você poderia me desmembrar a qualquer momento.
Cheirei o livro novo e velho para ver se agradava. Espirrei. Esperei. Comecei a ler quando a tarde minguava e a chuva ia embora, dando espaço para o sol que jamais trouxe você. Folheei com pressa, pois a história me agradou. Tive medo, fechei o livro. Quis guardar um pouco para depois. Como o amor, eu não queria ver o final daquela obra logo. Sabe, os personagens recém me foram introduzidos, e os protagonistas (no caso, eu e tu), são complexos demais para se ler em um dia só. Nós somos diferentemente igualitários. Um contraponto que nem você e as tuas teorias saberiam explicar.
Anoiteceu e eu já não soube de nada. O mundo apagou as luzes, me mandou dormir. Mas, ei, eu ainda estou aqui. Corpo quente como o chá na xícara, mente cheia como as páginas deste livro, dúvidas trafegando em caos desenfreado como a vontade de julgar teu sorriso. Olá, olá. Onde você esteve todo esse tempo até que te encontrei? Mérito meu, admite aí. Tchau, tchau. Por que não explicastes tudo antes? Erro meu em não questionar, admite aí. 
Como um hotel sem vagas, esse sou eu, a esperar na geladeira, unicamente por você. Por uma vaga aberta, por um espaço, por uma cama para dormir. Meu bem eu não me importo em dividi-la! Porém acho que, para isso acontecer, preciso largar esse meu vício. Enquanto derreto, então, eu vou largar as metáforas na primeira esquina que aparecer.

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