18 janeiro 2011

Fundamental

Meu corpo trivialmente impontual afunda no colchão de textura áspera que um dia costumava ser macio e acolhedor o suficiente. Lençóis ligeiramente amarelados, revoltos em montes dispersos pelo quadrado de pouco mais de dois metros são os guardiões do teu cheiro edulcorado, jamais efêmero, que um dia habitou estes mesmos pedaços de pano por onde agora circula o meu corpo nu. O rádio de pilha ao meu lado cospe a voz incessante do mesmo cantor, minuto após minuto. O nosso som vai sempre ecoar. As cortinas pesadas, de gosto duvidoso - porém totalmente seu -, impedem que um único feixe de luz atinja meu olhar petrificado no nada. Como se qualquer luz fosse capaz de ser mais proveitosa do que a sua. Nada jamais brilhou tanto quanto você. E os pensamentos corriqueiros que fream as memórias que insistem em não partir são aqueles mesmos, todos compostos de perguntas sobre como tudo seria se você ainda extivesse aqui.
Tenho tudo. O cenário, o odor, as lembranças quase reais. Menos você.

7 comentários:

  1. Peeeeedro, eu amo teus posts.
    teu blog tá lindo, parabéns *-*

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  2. ''Tenho tudo. O cenário, o odor, as lembranças quase reais. Menos você.''

    Que historia triste, mais o post ficou otimo, vc escreve muito bem.

    Ps.: estou seguindo.
    http://apeenas.blogspot.com/

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  3. Realmente lindo e encantador, simplesmente amei.

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  4. Até fiquei triste lendo isso, acho que você pode ficar feliz.

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