24 agosto 2011

Por que

Por que foges e continuas assim
Nessa eterna insistência de me evitar
Por que pensar que tudo está bem
Quando nem um pouco está

Por que não consegues fingir
Um amor que agora tanto quero
Hoje até de mentiras preencho
O coração tolo e vazio que carrego

Venha aqui para dar-me bom dia
Sussurre um boa noite que irei repetir
No fundo da mente, como doce melodia
Lembranças que não te deixarão partir

05 agosto 2011

Memórias significativas

É mais um capítulo daquela velha história sobre eu querer lhe falar o que está acontecendo e não poder. Querer avisar quem irá quebrar teu coração daqui a um par de semanas e ter de permanecer mudo. Até porque provavelmente você não me escutaria. Quem daria razão, aliás, para as palavras de um estranho?
E isso é o que dói. Ser um desconhecido para você. Machuca ter de observar de longe todas as vezes que teu sorriso - eu já sonhei com ele - se abre cada vez que você o vê chegar. Sem contar que as palavras ditas a ele eu sempre desejei roubar para mim. Sabe, trocar apenas o sujeito. Eu tenho certeza que cuidaria melhor do teu coração. E essas fotos tão recentes de vocês dois... Ah, quanta fúria me gera! Cresce aquele sentimento misto de raiva, inveja e egoísmo, ao ver que claramente o pouco não merece o muito. Que ele não merece você.
Eu quero cuidar-te. Tomar-te em meus braços nestes dias que têm sido os mais silenciosamente gelados. Estaria confortável, garanto, caso você se fizesse presente em meu porto seguro. Poderíamos dividir peculiaridades que só caberiam a nós, cantarolar baixinho a nossa música preferida e, quem sabe, juntar teus lábios aos meus. Porque eu posso confessar que não aguento mais essa distância que os separa.
Então tome o seu momento. Observe tudo que ele tem a lhe oferecer, e espero que realmente possa aproveitar esses dias em que sofrerás ilusão com promessas falsas. Saiba que o encanto acaba, e você não muito representará em breve. Infelizmente. Porque eu já vivi isto. Já olhei naqueles mesmos olhos tão puros que são apenas uma armadilha aos desprevinidos. Eles prender-te-ão pelo tempo a ser julgado suficientemente bom para que você se torne apenas passado. Isso é o que eu sou agora. E saibas que nem memórias significativas virei.
No fim desta confissão - que nada mais é que um pedido para que abras bem os olhos -, será que ainda preciso dizer que estarei aqui quando toda esta brincadeira temporária chegar ao fim? Não há amor no que se conquista tão rápido. Não há para sempre no que se constrói em poucos dias. Entenda que, você querendo ou não, ele repetirá o que todos já sabem de cor, menos você. E, principalmente, entenda que... Por e para você, eu estarei aqui.

01 agosto 2011

Meu querer

Segura!
Prende o tempo que vai embora
Prefiro ver-te aqui dentro
Do que na chuva lá de fora

Tudo passa tão rápido
Pisco os olhos e nada restou
Mas sempre imaginei que fosse duradouro
Esse tal de estranho amor

Como posso então querer-te
Aqui em meus braços desfalecidos
Quando é justamente tu
Que enxerga-me apenas como amigo

Culpa minha querer provar
O que hoje em dia tem prazo de validade
Mas há sempre uma surpresa
Escondida em um coração que bate

E nestas novas lindas rimas minhas
Deixo implícito o meu querer
Decodificar que ainda te quero por muito
Bem, isso cabe a você

Daqueles dias

Daqueles dias onde você se sente o último, e tens certeza absoluta de que fez de tudo para que fosse ao contrário. É quando ocorre aquela redução inconsciente de seu interior que já vinha há algum tempo devastado, e agora você sabe que apenas não pode mais suportar. É quando você sente a falta de alguém que talvez não saiba exatamente o nome, porém está certo de que o quer por perto, sabendo que tudo tornaria-se pacífico caso isso acontecesse.
Daqueles dias quando as ruas estão secas e falta um pouco do brilho quente do sol, refletindo ali os seus maiores sonhos para as próximas vinte e quatro horas. Não há razão suficiente para compreender como toda essa chuva e neblina que cobrem todos os lados ao redor de ti conseguem lhe proporcionar apenas dor e lembranças daqueles que você gostaria de ter deixado presos, escondidos talvez nessa mesma invisibilidade climática.
Daqueles dias em que assistir um desenho velho na televisão e rabiscar esse bocado de palavras basta para você se dar conta de que não quer deixar a sua cama. O seu quarto lhe esconde bem das pessoas que estão fora dele, e exatamente neste momento você tornou-se tão refém delas. Não saber responder o porquê e nem ver uma solução para tamanho desespero interior é o que mais machuca.
Hoje é apenas mais um daqueles dias que não acontece sempre. Porém, quando acontece, você deseja ser o último.