29 julho 2011

Soy yo

'And you might think I'm bulletproof, but I'm not.'

Ei, meu nome é Pedro. Falta um par de meses para que eu complete 2O anos daquilo que chamam vida. Esta, que eu julgo ser a mais engraçada das coisas. Sou libriano, e mesmo que tente na maioria das vezes fugir daquela parada de horóscopo diário, me identifico com a descrição de cada signo. Portanto, sou equilibrado. Ou deveria ser. Gosto de tudo ao meu redor em completa harmonia, exatamente conforme deve ser. Odeio ver brigas e, principalmente, estar no meio de alguma. Neste último caso, quando acontece, preciso ultrapassar o meu orgulho - isso é muito difícil, e na maioria das vezes toma muito tempo - para me desculpar apenas para deixar a situação como era antes. Em tranquilidade. Posso até perdoar (e aí está outra parte que leva muito para acontecer), porém jamais esqueço. Mudo de opinião muito rápido, pois indecisão é outra característica forte em mim. Não me peça nunca para escolher verde ou azul, esse ou aquele, ela ou ele. Eu não saberei responder. Talvez você apenas possa me questionar sobre doce ou salgado, pois não hesitarei em responder que é o primeiro. Vivo de açúcar, sendo que tem dias que me alimento apenas disso. Errado, eu sei. Mas são poucas coisas que eu faço completamente certo. Falando em alimentação, eu como pouco. E, quando como mais do que deveria, vou lá e gasto todas as calorias (essa palavra é minha inimiga) ou até mais. Tenho esse complexo por ter sido acima do peso durante uns dez anos, e nunca ter conseguido emagrecer. Foram muitas tentativas, e só eu - mesmo que seja clichê, só eu mesmo - sei todas as coisas que passei por causa disso. O mundo é injusto, as pessoas são injustas. Não é fácil conseguir sobreviver numa jaula a céu aberto se você não souber se defender. E fui assim durante parte de minha infância, pré e adolescência. O que julgo ser a parte mais válida de todos os confrontos-de-um-só-lutador que passei, é que ouvi muito e pouco falei. Até sabia me defender, porém preferia ficar quieto. E, não, nunca nada entrou por um ouvido e saiu pelo outro. Sempre ficou dentro de mim mesmo, acumulando dia após dia. Cada situação singular possuía uma carga diferente, e por muitas horas eu pensava em desistir de tudo, pensando não ser bom o suficiente para viver nesse mundo. Pensei em me matar, assim como todo mundo já deve ter o feito alguma vez, porém nunca tentei. Apenas ia para casa após o colégio e comia muito. Eu estava bem ali comigo mesmo. E foi assim durante toda minha adolescência. Nunca saía, era apenas colégio-casa. Porém, como tudo na vida uma hora cansa, eu senti o mesmo e desejei mudar. Perdi mais de 18kg. O que eu via no espelho me agradava muito. E, não, não apenas no fato de beleza, e sim de que a imagem refletida tornava-me suficientemente corajoso para realizar tudo que jamais tinha realizado até então. E, até hoje, é inevitável reparar como as pessoas mudaram em relação a mim. Todos, incluindo parentes meus, aproximaram-se com elogios que eu jamais imaginei ouvir de suas bocas. Foi aí que eu estava preparado para o mundo, sabendo o quão falsas as pessoas podem ser. Com essa mudança, descobri como me expressar, em todos os sentidos. Senti-me no direito de abrir a boca, dar a minha opinião, e saber que havia espaço para mim, assim como há para todos. Tornei-me muito mais confiante, destemido e cheio de vontade para as novas coisas que começavam a cruzar com meu caminho.
Porém, posso lhe assegurar que muitas coisas permaneceram iguais: Eu ainda enxergo os outros do mesmo modo. E, muitas vezes, os julgo. Não que essa seja a palavra certa, pois é apenas o meu ponto de vista sobre cada um. Gosto de olhar as pessoas de longe e reparar os seus trejeitos, manias e olhares distantes para outrém. Nessas horas fico quieto, e acho que ninguém no mundo poderia me entender. Exatamente como as vezes que olho para o céu imaginando que muito, muito longe, alguém o vê exatamente da mesma maneira. E, por falar em céu, tenho que afirmar que gosto dele de um jeito diferente. Eu amo estrelas, o calor do sol contra a pele, tempestades de raios, a chuva forte, o desenho das nuvens, e fielmente acredito que existem umas dezessete luas. Fico encantado por luzes dos mais variados jeitos. Pontos de luz perdidos na noite, letreiros luminosos, correntes elétricas, explosões, lanternas, fogos de artifício, velas, luzes de natal. Tudo me deixa eufórico. E, voltando para o fato do equilíbrio em mim, gosto tanto da água quanto do fogo. Um completa o outro. Do mesmo modo como eu acho que há alguém perdido por aí que me completa. Talvez ela ainda não saiba meu nome, ou que até mesmo um dia irá me amar o bastante para ser exclusivamente minha. Mas há alguém para mim. Acredito muito nessa coisa de destino, e que tudo está escrito para cada um. É assim que tinha de ser, e pronto. Por isso talvez eu não tenha medo da morte. Tenho medo da perda, o que é diferente. A morte é inevitável, acontecerá um dia, e você nasce sabendo isso. E, como eu penso, ainda temos a possibilidade de ir para um lugar melhor. Então não há o que reclamar. Apenas temo a separação com aqueles que queremos tanto, mas sendo uma pessoa com sentimentos meio que congelados, não é tão difícil assim para mim ter que lidar com isso.
Eu gosto, na verdade, daquilo que não posso ter. E, quase sempre - odeio generalizar -, acabo tendo. E aí torna-se sem graça. A magia vai embora, apenas não quero mais. Esse é mais um defeito que tento controlar, mas acho que levará muito mais tempo do que penso. Diferente do que muita gente imagina, eu não sou rodeado de pessoas que apenas me querem bem. Há aqueles que não gostam de mim, e eu posso ver em seus olhos. Sim, infelizmente eu os conheço. É muito fácil identificar alguém que realmente gosta ou não de você. Mas é difícil identificar o porque de não gostarem. As vezes não há motivo, e as vezes a outra pessoa apenas não quer que você tenha a chance de se deixar apresentar para que ela te conheça. É a primeira opinião sobre ti que vale, ou até mesmo os comentários alheios que ela leva em conta. E, sinceramente, sobre isso eu prefiro no momento apenas deixar quieto. Cansei de tantas vezes tentar fazer com que me conheçam para que não venham a sentir uma espécie de antipatia para comigo e isso nunca deu certo, então apenas deixo pensar o que quiserem. Não digo com isso que sou um santo e que apenas me julgam errado, pois se não te veem do mesmo jeito que você quer que te vejam, é porque a mensagem que você passa para os outros não é a mesma que você tem de si, e aí já é hora de ter cuidado com as atitudes. Mas eu... Bem, eu sou alguém tão insensato para quase tudo. Infelizmente não tomo algum curto tempo para pensar no que falarei ou farei, e aí tudo já foi por água abaixo.
Ainda estou formando a minha opinião sobre segundas chances, mas se me questionassem hoje, eu responderia que ninguém merece uma. Existe um tempo, e aí então surge o erro. Esse tempo em si é para que a pessoa aprenda a não errar, e se ela mesmo assim não faz o certo, acho difícil que mudará. Levaria mais um grande tempo para que aprendesse e... Não. Prefiro desistir, assim como desisto de muitas coisas, o que não deveria fazer. Opto por buscar algo novo e não insistir no erro, pois a vida é curta para viver de novas chances.
Sou apaixonado por Taylor Swift. Ela, assim como eu, compõem suas próprias músicas, sendo que na maioria das vezes são sobre experiências que já passou. Admito que 'roubei' dela essa ideia de escrever algo para cada pessoa, pois eu gosto desse sentimento de deixar gravado - além de aqui dentro - algo sobre cada um. Atribuir a cada indivíduo algumas palavras, transformando em uma composição, um poema, um texto, um conto ou uma história que aquele alguém significa. E, sim, isso varia de como cada um interfere em minha vida. Há quem tornou-se protagonista de livros que já escrevi, há quem foi presenteado (em silêncio, é claro), com mais de meia dúzia de composições, há quem virou apenas um conto e também quem não chegou a formar uma música inteira. Talvez mais um de meus erros seja mostrar para alguns o que escrevi, sendo que deveria deixar escondido, preso aqui dentro. Já tive que lidar com situações difíceis unicamente pelas palavras que escrevi. E foi aí que percebi quanto poder cada uma delas tem. Mas eu sou assim mesmo, preciso fazer com que os outros saibam o que estou sentindo. Acho lindo quem demonstra, mostra dos mais variados jeitos o que acontece consigo. Amo compor para alguém, e saber que esse alguém me presenteará com um sorriso é o que me faz entregar as dedicatórias entrelinhas. Talvez tantas palavras juntas e a fusão de sentimentos faça com que, de novo, aquilo que eu queira dizer seja tomado de outra forma. E é nessas horas que eu penso que deveria deixar tudo em silêncio. Mas aprendi com a Swift - de novo ela - que devemos falar agora. Antes que seja tarde demais.
Tenho muitas manias que provavelmente farão você parar de ler este texto, pois julgo serem estranhas. Mas, se você quiser tentar: Eu tenho uma paixão eufórica por queijo com chocolate, somo todo e qualquer número que cruze a minha frente para ver se os mesmos resultam em 13 (minha sorte), abro alguns sorrisos quando estou na cama me preparando para dormir (o que me faz pensar que o dia seguinte será bom), dedico muito tempo para passar dentro de sebos (inclusive me encanta o cheiro de lá), sou compulsivo por escrever com caneta em meus braços, não saio de casa sem descongestionante nasal e como Diamante Negro com batata palha. Tenho poucas coleções, mas são elas: bichos de pelúcia (de preferência animais, um de cada), adesivos (uma coisa da sexta-série que não existe mais), garrafas de vidro, colares (eu transformo qualquer coisa em pingente) e miniaturas de bonecos de desenho animado. Gosto de me vestir diferente, o que me faz parecer um retardado para os olhos da maioria da população de minha cidade, porém tento não me importar. Minha autora favorita foi e sempre será Agatha Christie (taí outra coleção), mas também vario entre Stephen King, Sidney Sheldon, Martha Medeiros, Mário Quintana, Cecília Meirelles, Clarice Lispector, Fernando Sabino e Meg Cabot - amo clássicos. Filmes, quando tenho paciência, opto por terror. Acho que fui um serial killer em outra vida. Estão entre os mais assistidos: Eu Sei O Que Vocês Fizeram no Verão Passado, A Casa da Colina e Pânico. Mas também há aqueles momentos de comédia romântica. Não tenho (mais) paciência para desenhos animados, tanto que todo mundo me recrimina por nunca ter assistido Procurando Nemo. Assistia séries quando não tinha nada para fazer, mas hoje em dia tenho que ser (ou parecer) gente grande, e aí não sobra muito tempo. Nem paciência, de novo - coisa que eu não tenho para quase nada.
Eu não quero me casar. Odeio tradições impostas por outras gerações, pais ou igrejas. Não tenho uma religião, apenas fé. Não costumo ser muito positivo sobre as coisas, mas isto é apenas mais algo a ser mudado. Sou noturno, gosto da quietude das noites e de saber que há um monte de gente 'inoperante' nessas horas, mas também adoro quando o dia nasce. O nascer e o por do sol. Dias cinzas e chuvosos só de vez em quando, pois aquele clima de pseudo verão (nem tão quente, nem tão frio) é o que me faz bem. Fico louco no Natal, e na Páscoa eu ganho mais ovos do que deveria, pois sou chocólatra assumido. Tenho pouquíssimos amigos que poderia contar para todas as horas, mas julgo serem suficientes. Gosto de estar próximo deles, e eles sabem que quando não o faço é porque alguma coisa aconteceu. E não, não precisam fazer nada. Apenas me deixar quieto, esperar o tempo passar. Afinal, tudo gira em torno do tempo mesmo. É a única coisa com a qual eu me sinto meio escravo. Principalmente quando se fala de futuro, pois eu ainda não descobri o que serei na vida. Meu sonho, há muito, é viver da minha escrita. Infelizmente, havendo poucas chances para isso, preciso me decidir entre outras opções, e sobre elas eu ainda não tenho muita certeza.
Sempre quis ter um irmão mais novo, mas na verdade eu odeio bebês. Tanto que, se tivesse um filho, agradeceria se ele nascesse com sete anos. Os únicos animais de estimação que já tive foram peixes e tartarugas. Os meus dois peixes morreram em menos de 24h, e as quatro tartarugas que tive (a primeira eu não lembro o nome, as duas que vieram depois chamavam Chiquititas - e sim, ambas tinham apenas um nome -, e a última Beta - ela morreu queimada por mim e o meu pai a enterrou no quintal em frente da nossa antiga casa) já se foram de um jeito ou outro. Minha mãe jamais permitiu que tivéssemos um cachorro, e eu acho que algum animal assim teria me auxiliado em alguns momentos de solidão na vida, evitando que eu criasse alguns amigos imaginários que mantenho até hoje (na verdade tenho apenas um, que chama Pedro e é mais como se eu tivesse uma dupla personalidade mesmo com quem eu falo sempre). Se eu pudesse, de verdade, eu teria um pinguim. Ou um porco. São meus animais preferidos.
Brigo muito com meu pai, porém sem ele eu não seria ninguém e também não teria metade do que tenho hoje. Minha mãe ainda mantém o meu cordão umbilical dezenove anos depois, mas quanto a isso ela tem melhorado bastante. Admito que até gosto disso, pois sempre que me perco de mim mesmo, tenho o meu porto para regressar. E é na minha mãe que encontro tudo que sempre preciso, independentemente do que seja. Talvez ela nunca saiba quão verdadeiros são os meus 'eu te amo'. Tenho amigos espalhados pelo país todo, e sou realmente muito grato por ter, no último ano, conhecido uma grande parte deles. Todas as vezes que os vejo eu desejo que morassemos perto, mas não acho que tudo teria tanta graça como tem. Como disse, é assim que tem que ser. Já odiei minha cidade, alegando não ter ninguém legal por aqui, porém também no último ano fiz amizades incríveis, e é daqui que eu sinto falta todas as vezes que estou fora. Se pudesse escolher algum lugar para visitar, seria o Canadá. Tenho fixação por países sul americanos, e gosto muito de falar espanhol. Também sei inglês e estou começando com francês.
Odeio ser notado, sou muitas vezes tímido demais, continuo sendo quieto e odeio o meu nariz. Mexo muito no cabelo, tenho olhos pequenos e mordo meus lábios com frequência. Sou chato pra comida - principalmente salgada - e sei cozinhar muito bem. Sou cabeça dura, orgulhoso ao extremo, e ciumento demais. Eu penso mais do que deveria, e odeio desperdícios. Sou pão duro sem ter a quem puxar, e de vez em quando eu acho mesmo que posso mudar o mundo, apesar de olhar para os lados e não enxergar muita gente que sinta vontade do mesmo. A não ser a linda da minha mãe, que sai comigo todos os meses pra fazermos algo por crianças carentes. É nelas que eu vejo tudo de mais lindo que existe, exatamente dentro daqueles olhos quietos. Tenho por muitas vezes raiva e nojo da juventude atual, e por isso mesmo não sou tão frequentador de festas e coisas do gênero, porque isso simplesmente não é muito a minha cara. Já tive que fingir que gostava disso, quando na verdade gosto disso e daquilo. Já fui falso, pois todo mundo precisa ser alguma hora. Sorrio mil e uma vezes, e isso por tudo: timidez ou conveniência. Tenho medo de altura. Tenho rosto de 15 anos, e beijei menos bocas do que qualquer um da minha idade já o fez. Não por escolha, talvez. Realmente não sei. Amo refrigerante de laranja, porém o que curto fazer mesmo é misturar vários deles. Guaraná e Coca fica muito bom e ninguém gosta. Prefiro doce de leite à Nutella - e esta é a parte que eu acho que já falei demais de comida neste texto.
Liberdade é algo que me soa como boa apenas quando dosada. Frequentemente tenho vontade de sumir do mundo para ver quem sentiria minha falta e para também esquecer de tudo e todos por algum tempo. Vivo constantemente na procura de alguém que faça as tais faíscas voarem e meus olhos virarem estrelas, mesmo sabendo que enquanto procurar, não encontrarei. Exatamente agora, muitas das pessoas que me leem já tem na cabeça o conceito de que 'eu escrevo', e então tudo que as dou para ler já virou 'mais do mesmo'. Mas eu espero que um dia haja alguém que ultrapasse esse limite de pensamento. Eu já comecei aulas de violão, mas parei para poder trabalhar. Foi uma pena, mas ainda acho que não tenho coordenação suficiente. E minha voz não ajudaria mesmo. Sofro por antecipação, odeio gritaria mas amo uma música bem alta. Tenho mania de me achar feio, e não é para fazer drama. Eu me acho isso mesmo muitas vezes. Mas há também dias que acontece o contrário. E, falando em drama, eu faço muito disso. Propositalmente ou não. Existem momentos que eu queria de volta, mesmo eles não sendo os melhores. Fases que passaram rápido demais e que eu gostaria de expandir para provar novamente. Não gosto de resumos mesmo, quero sempre o livro inteiro. Também existem pessoas que já foram, mas que deveriam ainda estar aqui. Beijos e abraços que duraram pouco, e mesmo que repetir não seja uma boa ideia, eu faria muito para que acontecesse outra vez. Eu quero e não quero crescer. Tenho Síndrome de Peter Pan muitas vezes. Tenho aracnofobia. Curto triângulos, e tenho um tatuado no pulso. Amo sextas-feiras e os últimos meses do ano. Acho que não tenho oportunidades suficientes em relação a algumas coisas da vida. Já menti, já contei mentiras efêmeras. Meu planeta favorito é Vênus. Ando sempre com um caderno debaixo do braço e durmo com uma garrafa de água na cabeceira da cama, bem como uma luminária de lava. Calço 42, meço 1.75 (1+7+5 = 13, huh?) e peso... Ah, você não pensou que eu lhe contaria, não é mesmo?
Há uma caixa de memórias em meu quarto, bem como luzes e post-its com frases grudados na parede. No teto, estrelas de papel. Eu amo mesmo deitar e fingir que estou olhando para o céu. Na cozinha mantenho um armário cheio de chocolates, mas ele está alto o bastante para que eu tenha que pegar um banco para subir e alcançá-lo (e nesse meio tempo eu já pensei se posso/devo comer ou não). Na minha cama tem lençol térmico, e talvez você não saiba direito o que é isso. Bom, é um lençol. Térmico. Liga na tomada, esquenta, vira um sonho. Basicamente isso. E eu o ligo mesmo no verão, pois sou a pessoa mais gelada que você jamais irá encontrar - e isso em todos os sentidos. Porém também não vá pensar que eu tenho aquele coração de gelo. Apaixono-me com uma frequencia incrível, porém jamais amei. As pessoas vêm e vão, e estou naquele ponto de me acostumar com isso. Se você reparar bem, verá que toda essa minha descrição está repleta de 'talvez', e isso me define muito bem. Eu acho muito, não tenho certeza sobre nada. Talvez tudo pode mudar a qualquer hora. E olha aí essa palavra outra vez!

Hm, isso é um pouco de mim. Só achei que, nessa altura, você já deveria conhecer-me um pouco mais. Se ler isso tudo não foi tão sacrificante assim, meu muito obrigado à você. Não acho que alguém possa ter se entusiasmado com essa descrição estranha de alguém mais estranho ainda. Porém, é bom saber que há sempre alguém aí. Lendo. E, certamente, questionando-se quando os meus talvez virarão certezas. Se souber a resposta... Bem, agora você já sabe o bastante sobre mim para vir conversar comigo e contá-la para mim.


'Told you I'm not bulletproof, now you know.'

+fearless+sparkly+headstronger+

28 julho 2011

Baila bailarina

Retrato de ti. Colado na parede.
Passei dias mirando o que imaginava ser inesquecível.
Duvidei de minha própria capacidade de te arrancar do peito.
Porém o fiz.
E ainda acordo. Todos os dias. Sem ti.
Não digo que é o mesmo.
Falta uma parte, um pedaço perdido. Parede vazia.
Mas é melhor assim. Não desejar o mudo. O calado. O frio. O instável.
Não desejar você.
As sombras continuam ali. Lembrando de um passado recente.
Quando haviam dias que eu saltava. Sem ter aonde cair.
Tu pulavas do mesmo jeito, mas com quedas sabias perfeitamente lidar.
E levantava de novo.
Rindo. Girando. Dançando.
Que belo espetáculo preparastes para mim.
Passos marcados, público em êxtase. Mas cadê o bis?
Sair decepcionado assim... Hm, grande pena.
Jamais voltar para assistir tudo uma outra vez... Bem.
Eu espero que entenda.

27 julho 2011

Dor quieta

Bem-vinda novamente, agonizante solidão
O que trouxe para mim desta vez?
Um punhado de lágrimas em ambas as mãos
São tudo que posso entregar à você

Meu grito está preso aqui dentro
Posso apagar as luzes e não mais ver?
Sussurro tão baixo, quase em silêncio
De olhos fechados eu posso entender

Nada bom é estar sozinho nesta multidão
Rodeado de olhares com puro interesse
Talvez eu devesse um sim, ao contrário do não
Despertaria já tendo passado alguns meses

Mas não é simples assim que tudo acontece
Tenho que viver para estar lá no fim
Mas todas as vezes que o problema aparece
Não pensei que doeria tanto assim

Então volte outra dia, agonizante solidão
Quem sabe eu tenha tornado-me um sujeito forte
E o sofrimento calado não tenha sido em vão
Porém para isso preciso de um pouco de sorte

24 julho 2011

Logo ali, cicatriz

Ainda era madrugada, e o frio intensificava-se monotonamente, prolongando a escuridão do lado de fora. Pela janela eu observava as gotas de chuva ali paradas, iluminadas por luzes de cor esverdeada que indicavam o caminho a seguir. Do lado de dentro, escondia-me com fracasso debaixo de um cobertor fino, tentando manter longe os meus pensamentos. Porém era só tentativa. Você habitava - como sempre - cada pedaço de mim.
E, ainda naquela madrugada, não havia nenhuma novidade em amar você. Continuava tudo como sempre foi: forte, carente e inconscientemente impossível. Eu precisava de uma vez acabar com qualquer esperança que ainda alimentasse. Porém eu precisava delas para manter-me vivo. Idealizar um romance inexistente, esboçar com o lápis o teu sorriso que jamais conseguiria transpor com exatidão para o papel... Ah, como sou um tolo. E culpado. Permitir que isso tomasse conta de mim em troca de você. Quero dizer, você apareceu e eu não podia pedir por mais nada. Quando se foi, preenchi o vazio com isso que chamo de amor. Mas não me faz bem, ao contrário do que deveria ser. Dói aqui, arde em silêncio, e não há muito a se fazer para que um cicatrização ocorra de imediato. É preciso esperar, e eu nunca fui bom nisso. Infelizmente.
O que mais angustia o meu ser, porém, é saber a perfeição que poderíamos ser caso estivéssemos juntos. Desconheceríamos o significado do errado, não haveria proibição e acabaríamos de vez com a tristeza. Mas não é unicamente de felicidade que se constrói uma relação, e não só com palavras tão bem escritas, pensadas e sentimentalistas ao extremo que se conquista alguém. Músicas compostas por mim são trilhas sonoras que rapidamente você virá a esquecer, e estes textos cansados de tanto descrever-te... Bem, de nada adiantará. Pois há querer nisso tudo, e sei exatamente que quanto à ele tu se opõem.
É uma pena que você não queira me amar como te amo. Que não queiras sentir tudo que sinto e que me motiva a ir de lá para cá. Porque eu poderia explicar-te quão bom tudo isso foi. Mas acabou. Não volta mais. Agora é apenas ferida aberta, insonsolavelmente na espera de uma poção mágica. Outra vez, inexistente. É uma pena saber que não é o amor que me mata, pois por ele eu morreria sem reclamar. É, no entanto, a falta dele que me faz desistir.

17 julho 2011

Quem sabe

Adeus!,
Gritei para você
Obviamente o fiz em silêncio
Você pode perceber?

Hoje estou partindo
Quem sabe quando volto
Mas aqui dentro na mente
Quem sabe quando te solto?

Logo ali não estarei
Talvez um pouco mais longe
Espero que lembre de mim
Um pouco mais do que hoje

A falta é a melhor das ideias
Assim lhe forço a se perguntar
'Onde está ele agora?
Será que tarda a regressar?'

Mas que indelicadeza a minha
Pensar que alguém como tu irá reparar
Que agora estou partindo
Quem sabe para não mais voltar

Caverna

De olhos abertos sonhei desbravar um mundo desconhecido. Realidade paralela, tão proximamente ignorável. Não havia muita luz, porém quando fachos dispersos ousavam atingir-me, minhas pupilas reclamavam para comigo mesmo. Eu não queria estar ali.
Havia reis e rainhas, monstros e criaturas comuns. Para com os maiores não ousei trocar olhares, pois convictamente sabia que os mesmos despedaçar-me-iam sem muito trabalho. Mas isso não quer dizer que não observei de longe. E nisso eu sou tão bom!
As criaturas quase iguais - e ao mesmo tempo diferentes, entenda como quiser - eram as únicas a não me presentearem com mais doses de medo. Eram comuns, assim como eu. A maioria, certamente. Porém quem disse que o maior número sempre vence?
Por falta de sorte esbarrei em monstros, e pelo que penso são exatamente o oposto do que sua imaginação deve ter de antemão idealizado. Eram belos, extremamente belos. Mas perversos. Ah, sim, de longe os mais perigosos. Atraíam a atenção das criaturas que curvavam-se contra eles, e até mesmo fisgavam-me quando por vez ou outra me despreveni. Naquele lugar distorcido, um par de chifres era semelhante a um par de asas. Porém não existem anjos no inferno.
Não obstante, o calor preencheu meu corpo coberto, e as rajadas de uma ventania noturna eram meu tranquilizante. Vi rostos que não reconheci, assim como procurei não reconhecer aqueles que me eram tão familiares. Afinal, era tanto barulho... Tanta desordem... Tanta coisa para pouco eu.
Um dos reis da partida incessante recusou-se a dizer olá. Apenas aproximou-se munido com aquele olhar momentaneamente congelado em mim. Mas havia fogo em tamanha contradição. Corpos colados, um deles rendido. Dias depois arrependido?
Rei no alto, criaturas abaixo. Escuridão na caverna, perdido no ato.
Sonhei de olhos abertos e foi meu pior pesadelo. Sabia que devia tê-los mantido fechados.

14 julho 2011

Fresca estupidez

Quando a tormenta já havia baixado guarda e os ventos pouco a pouco direcionavam-se com tranquilidade, voltei a tumultuar o meu recente sossego. Abri as portas que havia passado a chave e deixei à mostra tudo que durante os últimos dias havia conseguido tão bem esconder. Então estava tudo escancarado, desprotegido outra vez. Meus sentimentos pulavam dentro de mim em desordem, gritando loucuras que preferi fingir não escutar. Cada pequena parte de mim queria fundir-se com aquilo que via, transformando tudo mais uma vez em amor. Este que eu tinha jurado ser apenas passageiro.
Porém estava tudo ali: Lembranças frescas, cheiros fortemente marcantes e teu rosto. Eu remexia as fotografias de um passado que já não era mais amigo meu. Inutil, inconsequente, tardiamente. Talvez apenas para provar o que eu tinha me proibido com tanto esforço. Quem sabe talvez para recordar os dias em que fui mais feliz do que nunca. Ou para talvez amar-te uma vez mais.
O único sofrimento que jamais doeu.

10 julho 2011

7º Dia

Perguntaram-me quem foi que morreu
Desta vez não respondi 'meu coração'
Porque tu sabes, agora ele é teu
Prometa-me cuidar muito bem então

Não que você o queira para sempre vigiar
Não que eu ache que isto é por muito tempo
A eternidade é onde contigo eu quero mergulhar
Porém é impenetrável todas as vezes em que tento

Mas ainda consigo com um pouco de esforço ver
Uma pequena esperança para isso prosseguir
Há uma ínfima faísca que posso acender
Em silêncio impedindo você de partir

E ontem foi um dia deveras difícil
Foi no meio da multidão que teu perfume recordei
Sentimentos explodiram feito fogos de artifício
No rosto meu sorriso bobo igual ao que te dei

Então por que você não pode perceber
Tu és tudo que agora quero para mim
Desejo toda noite, em cada amanhecer
Meus braços ecoam o vazio desde que me despedi

Peço diariamente para que ouçam minha prece
Esta que pede para que tu continues sempre sorrindo
Mesmo que este pecador, culpado por amar-te em demasia
Esteja sussurrando com um interior partido

Saibas que não posso dizer ao amor que espere
Mesmo alegando que não, um dia ele pode vir a acabar
Minha outra metade que está perto de Porto Alegre
Após isto escrever, pus-me como um tolo a chorar

06 julho 2011

Faz de conta

Que belo mentiroso sempre fui!
Perambulando por aí com aquelas feições alegres e, quase que ininterruptamente, destribuindo sorrisos - até mesmo para quem não os merecia. Uma felicidade de estranhar os olhares em minha volta, sempre tão aguçados a ponto de descobrir o tal segredo de tamanha explosividade positivista.
Mal sabiam todos que eu era um mentiroso. Intérprete formidável de uma inexistência. Ali dentro de mim rebelava-se inaudível um coração partido, que tentava a todo custo ser notado. E eu sabia que ele estava ali, porém ignorar era uma opção aceitável para evitar futuras revisitações ao que conheci como decepção. Então era tudo fingimento. Não havia transparência, sendo tudo faz de conta.
Porém hoje não é mais assim. Bem, continuo com dentes à mostra de lá para cá, e creio que ainda há aqueles que mordiscam seus lábios na tentativa de descobrir o porquê de não haver lágrimas correndo de meus olhos. Mas essa parte toda é real. Não há mais atuação. E é aí que intrigo um pouco mais, deixando tudo em silêncio. Afinal, ninguém precisa saber que é por ti que deixei de sonhar para sonhar mais ainda. Meus sonhos de verdade.
Mantenho quieta aqui dentro a impossibilidade de querer-me como te quero, exatamente ao lado da felicidade de querer-te como ninguém mais quer.
Fazendo de conta que te tenho porque assim não preciso fazer de conta que sou feliz.

05 julho 2011

Missão abortada

O dia nasce enquanto morro
Frio intenso, nada a me aquecer
Fotografias estrategica e mentalmente tiradas
Para agora recordar você

Vestes pesadas em um corpo leviano
Foi a nicotina que em mim ficou impregnada
Busco teu cheiro em um passado recente
Mas sei que de ti não restou mais nada

Pensamento viaja mais do que viajei
Longo estranho caminho que eu percorri
Mudança de planos, missão abortada
Tudo novo de novo quando te vi sorrir

Faíscas circularam ao redor de ti
Observei perplexo sem tentar disfarçar
Palavras fugiram ao ver que um coração
Rapidamente voltava a funcionar

Mas há sempre empecilhos envolvendo o amor
Nada que eu já não tenha visto antes
Peito arde em silêncio cada vez que relembra
Que a outra parte de mim encontra-se distante

Eu

Sou um garoto simples. Defino-me assim.
Escrevo versos confusos para mentes terciárias, reúno palavras em outra língua para demonstrar todos os meus sentimentos - bons ou ruins - sobre alguém, e aí coloco ritmo em minhas rimas que ficarão guardadas para todo o sempre.
Ouço talvez as mesmas bandas que você, mas certamente não do mesmo jeito. A maneira com que capturo cada estrofe nos diferencia, pois isso vai de cada um.
Danço no escuro de qualquer aposento fechado para esconder-me dos outros e ao mesmo tempo deixar livre a minha felicidade. Grito, rebelando-me entre lágrimas que insistem em não sair, ficando presas dentro de mim.
Assisto aos outros como se fizessem parte de um programa de televisão, no qual eu sou o jurado. Não que eu dê notas à eles, é apenas uma questão de eu gostar ou não do que estou vendo. Cada um tem o seu gosto particular, e o meu é tão difícil em agradar.
Sou louco o suficiente para pensar que o mundo gira em torno de mim, mas não o suficiente para amar-me o mínimo necesário para que alguém venha a fazer o mesmo.
E talvez esse seja o meu maior problema.

-Tu°C

Vento quente lá fora anuncia a noite de verão. Aqui dentro o aposento é frio, e a cama me parece um grande pedaço de gelo. As paredes escorrem o ar intenso que transpira por aqui, e de minha boca o ar sai gélido. Olhando para meus braços nús, sinto a erição dos pelos que traduzem todo o frio que me constrange.
É a falta de você que me faz sentir vergonha de eu não conseguir viver o mundo lá fora simplesmente por você não estar mais nele.

Um minuto

A cena é basicamente esta: Um pequeno ponto de luz azul-vivo que pisca incesante logo ali; o céu sem cor acima de mim - repleto de pontos luminosos anunciando um dia alegre, diferente de mim; o vento gelado que corta minha garganta em diversas partes; os prédios ao redor que parecem querer tombar, curvando-se por cima de meu corpo estático. Os sons ao meu redor são diferentes, e até mesmo os movimentos repetitivos me irritam. Tudo tornou-se cansativo, e eu danço conforme a luz azul pisca frenéticamente. Quero fugir de tudo, fugir de todos, fugir do mundo. Seria uma rápida fuga, uma escapada da realidade, uma viagem curta porém sem volta. Mesmo a noite sendo anestesia, é insuficiente. Fecho os olhos, porém ainda sei o que há detrás da escuridão.