25 dezembro 2010

Mal sabia eu

Em um quarto fechado, recheado de ar quente que faz perder-me em pensamentos, fechos os olhos afadigos na esperança de desprender-me de um mundo do qual não sentiria tanta falta. Então começam as fugas de pesadelo onde encontrar aquilo que mais quero são apenas realidades concretas. E os objetos de desejo, que rapidamente tornam-se materializados, ficam tão próximos ao meu toque supérfluo que chego a perder-me em satisfação absoluta.
Preencho espaços vazios, coleciono momentos que fotografo mentalmente, dou risada de meus sonhos fantasiados de alegrias ilusórias. É pesadelo brincando de ser sonho. É minha mente brincando com a minha carência. Mal sabia eu que, ao acordar, dar-me-ia conta de que nunca existisses. Odeio o fato de você ser apenas um pesadelo para mim.

14 dezembro 2010

Nicotina

Não é questão de sentir a tua falta, porque eu estou quase certo de que não dou a mínima importância para isso. É só que... Bem, foi hoje quando percebi que ao capturar qualquer olhar castanho, os mesmos não remeteram-me imediatamente à você. Foi ao passar por uma calçada qualquer e inalar o cheiro forte de cigarro provindo de um sujeito também qualquer que dei-me conta de que a nicotina voltou a ter o mesmo cheiro irritante, sem graça e horrível como sempre teve. Este, que costumava ser suportavelmente interessante para mim. Não que eu quisesse provar, ou fazer uso de alguma droga composta da tal nicotina. Teus lábios já eram poluídos com a mesma, e eu estava habituado a visitá-los.
Na verdade a minha droga era você.